segunda-feira, 1 de setembro de 2014

A caravana do coroné...

Esteve em Nazaré
Por:Manoel Severo



Manoel, Euclides, Odilon, Hidelbrando; a famosa família Flor; Davi Jurubeba, João Gomes de Lira, Manoel de Sousa Neto e tantos outros... Nomes eternizados na história por sua bravura, destemor e coragem na luta contra o cangaceirismo, notadamente dos "filhos de Zé Ferreira": Virgulino, Antônio, Levino...

A mais famosa vila da história do cangaço: Nazaré; guarda entre suas pequenas ruas, capela e casario antigo, reminiscências de uma das mais ferozes guerras do sertão, quando as famílias Ferraz, Sousa, Gomes e muitas outras do solo castigado da antiga Carqueja deram inicio a mais abnegada perseguição que se tem noticia de todo o ciclo do cangaço. Na mira dos bacamartes dos Nazarenos: Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião.
 
 
Zezinho, Netinho, Fernando, Euclides Neto,
Manoel Severo e Ulisses Ferraz


No último mês de Julho, a Caravana Cariri Cangaço, teve a oportunidade de revisitar Nazaré. Fomos anfitrionados mais uma vez pelos amigos e confrades; Euclides Neto, seu pai Ulisses Ferraz; Hildebrando Neto, Netinho; Fernando Ferraz, José Nogueira Sousa, Julinho, entre outros integrantes da família Flor, além dos companheiros Paulo George e Jonatan Pires de Belém do São Francisco.

Andar pela mística Nazaré é como se pudéssemos ser transportados no tempo até os idos de 1919, 1920... Viver novamente os primeiros desentendimento entre o velho João Flor e os irmãos Ferreira; o polêmico episódio do casamento da prima de Virgulino, Licor; os primeiros combates, o tiro e a prisão de Levino, o recrutamento dos meninos de Manoel Neto... Tudo parecia passar ali, na nossa frente, sob o sol abrasador daquela tarde de julho...
 
Cemitério de Nazaré, campo santo onde repousam
os restos mortais dos valentes Nazarenos
 

 


Manoel Severo, Fernando Ferraz e Julhinho

O almoço ciceroneado por seu Ulisses Ferraz nos permitiu enveredar ainda mais nas histórias daqueles lendários homens que dedicaram toda sua vida ao combate a Lampião. Seu pai, Euclides Flor, irmão dos não menos lendários, Odilon e Manoel Flor, estiveram ao lado de seus primos e parentes nos mais emblemáticos combates do cangaço de toda a história, como Serra Grande e Maranduba, esse último, cenário dos mais tristes para a memória dos Nazarenos.
 
 
Manoel Severo e Ulisses Ferraz
 
 
 
 Caravana Cariri Cangaço em Nazaré

A capela, as ruas, a pracinha; os monumentos aos heróis de Nazaré, todos ali; reverenciados de forma solene pelo solo que foi berço. No pequeno cemitério do lugar, repousam muitos desses que fizeram história contra Lampião. Entre uma história e outra, a visita às casas onde fizeram história esses homens, "aqui era o salão de Euclides Flor, aqui eles promoviam os bailes e só entrava de palito, até o prefeito de Floresta foi barrado por Odilon Flor" confirma Hildebrando Neto.
 
 
A Serra Vermelha
 
Fernando Ferraz, Manoel Severo e Euclides Ferraz Neto
 
Hildebrando Neto, Manoel Severo e a memória dos filhos de João Flor
 
 
 Euclides Neto, Ulisses Ferraz e Manoel Severo

Euclides Neto, ressalta o empenho que a família está desenvolvendo na criação de um museu, tendo a frente a Associação dos Combatentes das Forças Volantes de Nazaré, "ainda temos muito material e é necessário sensibilizar as família para doarem ao museu, dessa forma, a memória e a história dos nazarenos ficará preservada". Poderíamos passar ali o resto dos dias, o resto do mês, colhendo daqui e dali, fragmentos desta verdadeira saga; infelizmente precisávamos seguir com a Caravana Cariri Cangaço, mas ficou uma certeza, Nazaré permanece mais forte do que nunca e essa força, certamente ninguém jamais irá lhe tirar.

Manoel Severo
Curador do Cariri Cangaço

Publicado originalmente no Cariri Cangaço

2 comentários:

CARIRI CANGAÇO disse...

Querido Kiko faltou você !!!!
Abração,
Manoel Severo

Unknown disse...

Pergunto ao nobre Manoel Severo, eu como leitor e curioso das histórias do cangaço,quais as possibilidades que tenho indo a Nazaré de conhecer a história dos bravos nazarenos? Agradecido,Josivaldo Pereira.