terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Cangaço...

E Transculturalismo na Paraíba

Por Epitácio de Andrade

Antes do grande encontro dos cangaceirólogos paraibanos, ocorrido no último dia 25 de janeiro, no Shopping Sul, em João Pessoa, capital do estado, tive um contato interpessoal com o médico oftalmologista Vanderlan de Souza Carvalho, quando abordamos a interação dos saberes popular e científico, a partir do fato histórico marcado pela perda do olho direito do Rei do Cangaço Virgulino Ferreira, o Lampião.

Epitácio Andrade autografa para Vanderlan Carvalho 
Foto: Tiara Andrade

O médico psiquiatra Epitácio Andrade procurou seu colega contemporâneo de faculdade para autografar seu livro “A Saga dos Limões – Negritude no Enfrentamento ao Cangaço de Jesuíno Brilhante”, e estabelecer um diálogo sobre a visão subnormal de Lampião, analisando um possível acidente com a perfuração do globo ocular com um espinho na caatinga e/ou a evolução de uma doença degenerativa ocular, como o glaucoma.
Alguns biógrafos de Lampião aventam a possibilidade da perda do olho direito ter ocorrido nos anos 20, durante enfrentamento com volantes, quando houve o acidente com um espinho, que foi retirado por um médico na cidade de Triunfo, no interior pernambucano. Na ocasião, ao ser informado da possível cegueira decorrente da lesão ocular, Lampião teria dito que só precisava de um olho para atirar.

Na época da provável perfuração do olho direito de Lampião, era tradição pelo conhecimento popular a extração do “olho vazado” para não se passar a cegueira para o outro olho. Para o especialista Vanderlan Carvalho, esta explicação do saber popular encontra respaldo no saber científico, tendo em vista uma possível reação antígeno-antícorpo, onde o sistema imunológico passa a identificar o olho são como corpo estranho.

O especialista em oftalmologia Vanderlan Carvalho afirmou também que a tendência atual da cirurgia ocular diante de lesões perfurantes do olho humano é cada vez mais a preservação dos tecidos remanescentes, uma vez que a proteção para uma possível reação antígeno-anticorpo é possibilitada pela utilização das modernas drogas imunossupressoras, inexistentes na época do cangaço lampiônico.

 
Cangaceirólogos reunidos em João Pessoa/PB
Foto: Tiara Andrade

Já no encontro com os cangaceirólogos paraibanos, o médico psiquiatra Epitácio Andrade passou a desenvolver conversas informais com seus pares, acerca de uma possível doença degenerativa dos olhos que poderia portar Lampião, que teria sido agravada pela vivência estressogênica da vida cangaceira e pelas situações angustiantes das mortes do pai e dos irmãos, apresentando desta forma uma hipótese psicossomática para a evolução da subnormalidade visual do rei do cangaço.

 
Professora Lúcia Holanda, a presença feminina 
Foto: Tiara Andrade 

A professora Lúcia Holanda, natural de Serra Talhada, no interior de Pernambuco, que defendeu a dissertação de mestrado: “Lugares de Memória – Jesuíno Brilhante e os Testemunhos do Cangaço no Oeste do Rio Grande do Norte e Fronteira Paraibana”, no final de 2010, na pós-graduação de geografia da Universidade Federal da Paraíba, lembrou que a peça de autenticidade comprovada, marcadora do déficit visual de Lampião, o par de óculos de ouro 16, foi recuperado, recentemente, pela polícia civil pernambucana após ter sido furtado do museu de sua terra natal.

O poeta e cordelista Gil Hollanda ressaltou a capacidade de intervenção estética de Lampião, lembrando que este formato de óculos ficaria, posteriormente, imortalizado na face do músico pacifista britânico John Lennon, morto em 08 de dezembro de 1980.

 
Lennon e The Beatles... do Cangaço (1940-80) 

O trânsito pelos diversos sistemas culturais foi percebido, perfeitamente, por Narciso Dias que coordenou e facilitou os entendimentos transculturais abordados pelos presentes, ora em discussões formais, ora em conversas interpessoais.

Narciso Dias coordenou encontro 
Foto: Epitácio Andrade

O menestrel cangaceirólogo João Bezerra da Nóbrega contribuiu com o transculturalismo do encontro, reportando-se a morte do cangaceiro Liberato Cavalcanti de Carvalho Nóbrega em 1879, numa prisão da capital paraibana durante a epidemia de varíola, que se espalhou pelo nordeste, a partir da “seca dos dois sete”.


Coronel João Bezerra da Nóbrega 
Foto: Epitácio Andrade 

Reportando-se aos laços genealógicos que unem os escritores João Bezerra da Nóbrega, seu primo Gil Hollanda e a si próprio, o pesquisador social Epitácio Andrade afirmou que no livro “A Família Nóbrega”, de Trajano da Nóbrega, esta relação está bem estabelecida, como também o parentesco com Liberato Nóbrega, que é citado em “Flor dos Romances Trágicos”, de Luiz da Câmara Cascudo, e foi alcunhado por Gil Hollanda em folheto de cordel como “O delegado que virou cangaceiro”, editado em março de 2008, com apoio da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC).


Capa “O delegado que virou cangaceiro” 
Reprodução: Epitácio Andrade

Natural de Custódia, no interior pernambucano, o confrade Jorge Remígio enriqueceu o debate apresentando importantes referenciais teórico-conceituais, que oferecem assento científico aos estudos do cangaço.


 Jorge Remígio com Narciso Dias 
Foto: Epitácio Andrade 

Ao lado de Narciso Dias e do escritor João Bezerra da Nóbrega, autor de “Lampião e o Cangaço na Paraíba”, Jorge Remígio forma a base de sustentação do grupo de estudos do cangaço paraibano, que é reforçado por companheiros, igualmente, importantes.

Jair Tavares, Manoel Costa e Joaquim Furtado são apologistas da cultura nordestina e reforçam o grupo de cangaceirólogos paraibanos, que desencadearão um conjunto de ações culturais para fomentar o estudo do cangaço nas gerações futuras.


Jair Tavares, Manoel Costa e Joaquim Furtado 
Foto: Epitácio Andrade

O parentesco do coronel João Bezerra da Nóbrega, com o poeta Gil Hollanda e com o capitão médico Epitácio Andrade é reforçador do desenvolvimento de trabalhos sobre o resgate de cangaceiros da família Nóbrega, como “Jurema”, Inácio de Loiola de Medeiros Nóbrega, que se encontra relatado em “Lampião e o Cangaço na Paraíba”, do escritor João Bezerra, e Liberato Cavalcanti de Carvalho Nóbrega, personagem do cordel “O delegado que virou cangaceiro”, de Gil Hollanda, baseado em pesquisa etnográfica de Epitácio Andrade.


Epitácio Andrade, Cel. Nóbrega e Gil Hollanda 
Foto: Tiara Andrade

O casal de professores Gil e Lúcia Hollanda tem uma preocupação com a discussão sobre estudos do cangaço com as gerações futuras. O poeta Gil Hollanda publicou o cordel “O grande encontro do cangaceiro Jesuíno Brilhante com o cabo Preto Limão”.

Professora Lúcia e poeta Gil Hollanda 
Foto: Epitácio Andrade 

Numa parceria com a esposa Lúcia, o professor Gil Hollanda está preparando o livro paradidático “Nas Trilhas do Cangaço de Jesuíno Brilhante”, com previsão para ser editado no primeiro trimestre deste ano.


Capa de cordel cangaço Brilhantes X Limões 
Reprodução: Epitácio Andrade

“Guerra dos Comboios” é um áudio-visual, que está sendo produzido pelo pesquisador social Epitácio Andrade e deverá compor o conjunto da produção transcultural do grupo de cangaceirólogos paraibanos, com conclusão prevista para o segundo semestre.


Making of de “Guerra dos Comboios” 
Foto: Josa Kung-fu 

"A produção transcultural é o caminho de superação do reducionismo e aponta para novos olhares sobre os processos sociais".

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Aristéia Soares:

O último adeus a ex-cangaceira

Por João de Sousa



Nesse domingo, dia 29 de janeiro de 2012, saindo do Jardim Cordeiro, o cortejo fúnebre  com o corpo de Aristéia seguiu até o povoado Capiá da Igrejinha, em Canapí, Alagoas, onde ela foi enterrada. Toda a população do lugar se reuniu para as últimas homenagens e orações para aquela mulher que foi tão querida por seu povo.

O corpo foi velado na casinha onde ela nasceu, foi criada e criou seus filhos, da casinha seguiu até a casa da sobrinha Maria de Antenor e de lá finalmente chegou ao cemitério local e foi sepultada.

Um clima de tristeza se abateu durante todo o percurso, resta-nos as lembranças dessa amiga que tantas saudades deixou.


 Amigos e familiares prestaram suas homenagens


 O sol abrasador não impediu o povo de ir ao sepultamento.
Uma grande multidão seguiu até o cemitério local.

Que ficou lotado...

... para o último adeus

domingo, 29 de janeiro de 2012

Mais uma fonte que seca

Adeus Aristéia! 


Morreu ontem, dia 28 de janeiro de 2012, as 13:00hs, no hospital Nair Alves de Sousa em Paulo Afonso, a ex cangaceira Aristéia Soares de Lima, 98 anos. 

 Ela estava internada desde a segunda feira, 23. Aristéia foi sepultada na sua terra natal povoado Capiá da Igrejinha, município de Canapi, Alagoas, nesse domingo, 29.

Clique aqui , aqui  e reveja outras matérias, conheça a história de Aristéia. 

 Nossos votos de pesar e solidariedade à família especialmente ao seu filho, nosso amigo Pedro Soares.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Lampião na Bahia

Batalha das Fazendas Peri-Peri e Favela

A 24 de março de 1930 estourou um combate na Fazenda Peri-Peri, próxima a Juazeiro, estendendo-se até a Fazenda Favela. Neste, três militares saíram gravemente feridos.


O sargento Aderbal Borges teve entrada de projétil um pouco acima da mandíbula, no lado direito da face, com saída pelo lábio inferior, no seu lado esquerdo.

Depoimento de Ângelo Roque, o cangaceiro Labareda, que participou do confronto, a Estácio de Lima (1965):

"Labareda" fotolito de Paulo Gil Soares
"Nós íamos viajando, um dia, na rodagem e topamos com os macacos do sargento Aderbal... Nós não tivemos certeza se eles vinham da Favela, ou do Juazeiro sustentamos um fogo corrido, e mergulhamos na caatinga. Os macacos perderam a pista. E nós tínhamos ali por perto um pouso que não era bom, mas, porém servia. Compadre Lampião reuniu o pessoal e mandou Zé Baiano emboscar a estrada da Favela e nós ficamos de emboscada na estrada de Juazeiro. Pegamos, aí, um portador, e toquemos-lhe o pau, e tomamos um dinheiro que ficou com Lampião. 

Dinheiro era preciso, mas não faltava vindo dos coronéis, dos amigos, de quem for. O capitão deu ordem e despachou um camarada pra buscar mais uma importância em Juazeiro. Nós fomos denunciados por esse cabrinha falador e tivemos duas brigadas, melhor dizendo uma por cima da outra. Zé Baiano com a volante que vinha da Favela e Lampião com nós, de novo brigando com o sargento Aderbal e os macacos dele. A ordem não era pra nós combatermos pra valer até o fim. Novamente recuamos, sumindo, pra voltar na ocasião correta. E sempre gritando, assoviando, descompondo. Numa dessas ocasiões, o fogo cerrou feio, e o sargento Aderbal, com disposição de homem, avançou pra nós, querendo acabar com a gente, e então se descobriu. 

Levou um tiro danado que feriu a cabeça, bem no queixo; nós soubemos que foi coisa feia, mas, porém o sargento aguentou como homem e o resto dos macacos também não correram. Aderbal ainda vive, sendo coronel da polícia. Nós inventamos de continuar nas brigadas desse dia, mas não parecia haver vantagem pra nós. Compadre Lampião deu sinal e nós abrimos caatinga adentro. Zé Baiano já tinha chegado, mas Volta Seca estava sumido. Ninguém acreditou que ele tivesse sido morto! Dormiu no mato, e no outro dia quando nós estávamos distanciados e começamos a cantar Mulher Rendeira, Volta Seca chegou, contando que esteve perdido, e nos achou guiado pelo canto da Mulher Rendeira."

Também feridos no mesmo tiroteio soldados Calixto Eleutério dos Santos e José Domingos dos Santos


O soldado Calixto Eleutério dos Santos teve três ou duas costelas do lado esquerdo fraturadas por tiro de fuzil. O soldado José Domingos dos Santos teve a coxa esquerda varada por uma bala e o dedo polegar esquerdo despedaçado por outra.

Pesquei no Açude do cumpadi Rubens

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Flagrantes

Paraibanos e vizinhos lançam novo grupo de estudos do cangaço

Por: Narciso Dias



Foi realizada nesta quarta-feira, 25/01/2012 às 19:00H no shopping Sul, a primeira reunião para criação de um Grupo de Estudo do Cangaço em João Pessoa-PB, uma idealização de Narciso Dias, juntamente com Jorge Remígio e João Bezerra da Nóbrega.






Estiveram presentes várias pessoas ligadas ao estudo da temática: Dr. Epitácio Andrade (Escritor e Médico-RN), Gil Holanda (Prof.e cordelista), juntamente com sua esposa Lúcia Holanda, (profª com tese de mestrado sobre Jesuíno Brilhante), Manoel Costa (funcionário Público federal) ; Joaquim Furtado (Policial Federal e cordelista) ; Jair Tavares; Demétrius Sousa (bisneto do Major Zé Inácio do Barro-CE.

A reunião foi muito proveitosa, esperamos ampliar as adesões no próximo encontro. A data será informada previamente através dos Blogs Cariri Cangaço, Lampião Aceso, e das redes sociais: Facebook e Comunidade (Orkut) Lampião-Grande Rei do Cangaço, entre outros.

Att. Narciso Dias 
Grupo de João Pessoa
Conselheiro Cariri Cangaço

Cinema e Cangaço

Cangaceira com muito brio

cena do curta 'Querença'

No contexto do cangaço, Lídia é uma mulher que persiste na sua própria existência, mais do que em apenas sobreviver. Casada com o violento cangaceiro Zé Baiano, ela se apaixona por Bem-te-vi. Inspirada em história real, a traição misturada ao desamparo e à solidão da protagonista instigou a atriz e diretora cearense Iziane Mascarenhas a realizar o curta Querença. O filme estreou na última terça-feira 24, na mostra competitiva Foco, da 15ª Mostra de Cinema de Tiradentes, que começou no dia 20.

“Interessa do feminino a necessidade de se expressar e de se revelar, de ter orgulho e coragem de ser. Sem falar que dentro do cangaço, é um tema que não foi muito explorado. A mulher sempre aparece acompanheirando algum homem”, comenta Mascarenhas. Desde O Céu de Iracema (2002) – também selecionado anteriormente pelo mesmo festival –, o feminino estava presente na obra de Iziane, que divide as atenções entre Ceará e o Rio de Janeiro. “A luta no cangaço é marcadamente masculina. Quando Maria Bonita s apaixona por Lampião, as mulheres já não estavam para servir, mas para construir parcerias”, argumenta a diretora.

Após Dona Carmela (2004), Iziane dedicou-se a projetos como atriz, como sua participação em A Pedra do Reino (2007), minissérie da TV Globo. Também escreveu dois roteiros para longa-metragem: O Brinquedo do Pai e A Coleção Invisível. Prestes a ser finalizado com direção de Bernard Attal, o segundo roteiro foi co-escrito em parceria com o baiano Sérgio Machado. Pensado em 2008, o projeto de Querença desembocou em um curta, mas desdobrou-se em roteiro de longa, temporariamente intitulado Lídia. “Estou procurando formas de viabilizar”, esclarece Iziane.

Querença foi completamente filmado em Quixeramobim, com apoio da prefeitura do município e com recursos do Edital Ceará de Cinema e Vídeo da Secretaria de Cultura do Estado (Secult). Costureiras, bordadeiras e outros artesãos de Quixeramobim participaram da confecção de roupas e objetos cênicos e 17 moradores da cidade foram convidados como personagens secundários.


O ator Lúcio Leonn interpreta o cangaceiro Coqueiro

Da trágica descoberta da traição, o filme procura desenvolver como a situação é administrada pela protagonista. “É o enfrentamento com o ser humano diante de seus limites. Lídia poderia ceder com a chantagem. Ela corre risco de vida. Gosto deste momento em que a vida desta mulher se depara com a possibilidade de dar o jeito que ela prefere”. A própria Mascarenhas interpreta Lídia, contracenando com os atores Tavinho Teixeira e Lázaro Machado. “Não me identifico com a personagem, mas admiro o exercício de uma ideologia, de ter o brio, palavra que minha avó usava”.

SERVIÇO
O que: 15ª Mostra de Cinema de Tiradentes, MG
Quando: até 28 de janeiro (Querença, de Iziane Mascarenhas será exibido amanhã, às 22h30
Onde: Cine-Praça, Cine-Tenda e Centro Cultural Yves Alves, em Tiradentes
Info.: www.mostratiradentes.com.br

Reportagem de Camila Vieira para o jornal "O POVO"
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Matéria indicada pelo coroné Ângelo Osmiro
Pesquei em: Imagem em movimento
e em Notasdator

sábado, 21 de janeiro de 2012

"A Tarde” 16 de maio de 1931

Horácio de Mattos... A morte...

Transcrito em graphia de época por Rubens Antonio

Numa explosão de odio, um guarda civil mata tiros o cel. Horacio de Mattos, tradicional chefe sertanejo
Declarações attribuidas ao criminoso que não se arrepende do que fez

No Largo 2 de Julho fora um homem assassinado! E correu gente para o local. Phisionomias assustadas indagavam o nome da victima.

A reportagem policial d’A TARDE movimentou-se chegando ao local do crime minutos após. O facto se dera precisamente ás 7 horas e 30 minutos da noite. Uma onda enorme de curiosos fechava em circulo o cadaver do coronel Horacio de Mattos, tradicional chefe politico sertanejo. estava deitado de bruços sobre o leito da linha de bondes, que vae da rua Democrata, antiga do Hospicio, no local entre o Armazem Novo elegante e a rua do Areial de Baixo, tinha o pescoço retorcido, vendo-se com segurança um filete de sangue que escorria de sua bocca semi-aberta, onde brilhava uma fila de dentes de ouro.

Caído ao lado estava o seu chapéo de feltro, preto. A fio comprido, junto a sua mão direita, encontrava-se a sua inseparavel bengala de castão de ouro. Vestia um terno preto, tendo preso entre os botões do collete o seu relogio que marcava 7 hjoras e 40 minutos. Desfigurado embora, na crispação da morte, reconhecemos a figura do cel. Horacio de Mattos.

 Cadáver do coronel Horácio de Mattos

- E o criminoso?
Era a pergunta que faziam todos os presentes. As hypotheses formuladas sobre a figura do autor da morte eram as mais desconcertadas. De arma em punho, conseguira evadir-se ladeira do Areial a baixo, perseguido pelo clamor publico.

CHEGAM OS LEGISTAS

Com a chegada dos legistas Arthur Ramos, que se encontrava de plantão, e Estácio de Lima, aquelle perito de lapis e papel em punho procurou fazer ali mesmo um schema do local do crime e outros apontamentos para a descripção da perinecroscopia.

A camisa de listra do cel. Horacio de Mattos estava manchada de sangue no lado esquerdo, na altura do peito. Aberta a mesma constataram se dois ferimentos por bala um na ponta do mamillo, com a sua destruição e outra a 5 ou 10 centimetros mais a cima.

Neste momento, o delegado Tancredo Teixeira, que não se fizera esperar tomava todas as providencias necessarias, não só para a identificação do criminoso, como tambem a sua captura.
Varias pessoas apontavam como testemunhas do facto os emprgados do armazem Novo Elegante.
Um rapazinho de nome Gonçalo Braga levado á presença da autoridade, explicou
- Vi o assassino.
Era um homem alto , cheio de corpo, todo de escuro e chapéo de palha. Atirou contra o cel. Horacio de Mattos, de frente, fugindo em seguida, ladeira abaixo, de arma em punho. Como esta declaração do rapazinho, mil conjecturas foram feitas pelos presentes.

O prof. Estacio de Lima, neste momento, providenciava a remoção do corpo para o Instituto Nina Rodrigues.

Do cadaver fora tirado um revolver “schimidt” com 6 balas intactas e a importancia total de 5:020$200.

COMO SE DEU O CRIME

A reportagem de A TARDE” avida por colher notas para o noticiario de hoje, interrogava os presentes.
Ninguem sabia ao certo como se dera o crime, mas affirmavam que o criminoso atirara de frente, com segurança, quando o cel. Horacio de Mattos passava em frente ao Areial de Baixo.
Ao longe, ficaram vendo-o tres moças e uma menor.

As moças eram as suas cunhadas Amerina, Ayda e Maria e, a menor, a sua filha Horacina. Ao verem os disparos, aquellas moças entraram com a menor, apenas indo até junto ao corpo a de nome Amerina, a quem o guarda civil ali presente pediu que se retirasse.

O cel. Horacio de Mattos morava actualmente com a sua familia na residencia do seu compadre e amigo o ex-deputado dr. Arlindo Senna, á rua Accioly, 17. Depois de ter jantado saíra para ver a sua cunhada de nome Arlinda que se encontrava doente. Mal sabia que ali perto, na esquina da rua do Areial, a morte o esperava traiçoeiramente.

A PRISÃO DO ASSASSINO
- Foi preso o assassino! O assassino entregou-se á prisão!
Foram estas as primeiras palavras que se ouviu, quando o corpo do cel. Horacio era posto no caixão.
O delegado Tancredo Teixeira juntamente com algumas testemunhas do facto, dirigiu-se para a Secretaria de Policia.

O criminoso ia ser identificado. Quem seria? Porque matara? era inimigo da sua victima ou agira sob alguma influencia extranha? Pairavam duvidas. Emquanto isto o legista Arthur Ramos, de vela em punho, examinava o local do crime, procurando as capsulas das balas.

Chegada a caravana na Secreataria de Policia e conhecido o autor do crime, foi geral a estupefação. Era elle o guarda civil 97, Vicente Dias dos Santos, que servira ha dias na Delegacia da 2ª Circumscripção. Era tratavel com todos e tinha com comportamento.


 Vicente Dias dos Santos 
O assassino
.
como explicar o caso? Elle, entretanto, mostrava-se de uma calma apparente. De quanto em quando esboçando um leve sorriso, sorriso amarello, dizia: - Foi um bandido que desappareceu...

O delegado Tancredo Teixeira a esta sua primeira phrase, deitou-o incommunicavel. - Era preciso - disse a autoridade - ia ouvil-o sob sigillo.

A CAUSA DO CRIME

Aquella determinação do delegado Tacredo Teixeira foi o bastante para aumentar a curiosidade de todos.
- Porque teria o guarda morto o cel. Horacio de Mattos?
No entanto, a reportagem da A TARDE assim que teve conhecimento do nome do accusado, desvendou todo o mysterio. O guarda civil 97, pelo que parecia tinha um odio de morte do cel Horacio. A ninguem elle negava a sua magua.

Conta o criminoso que a sua familia, que era de Morro do Chapéo, de onde é filho, foi bastante perseguida pelo cel. Horacio. Que o que elle fizera fora apenas “tirar uma fera do sertão”.
O cel Horacio de Mattos, proseguiu, de uma feita mandara espancar o seu irmão de nome Pedro Dias dos Santos, garimpeiro do cel. Aurelio Goudim. Que o povo de Horacio depredou fazendas do seu pae, denominadas “Alagoinhas” e “Duas Barras”, que fica no Morro do Chapeu. Que elle proprio fôra jurado pela gente da sua victima, não podendo ir áquelle municipio.

O crime não premeditara. Encontrava-se no local, accidentalmente, quando viu o seu inimigo passar.
Teve logo uma repulsa medonha, comettendo o crime e fugindo, indo esbarrar numa casa á rua da Gameleira, onde se entregou a Cicero Mullulo e o seu collega de n.27. A sua arma comprara por 40$ em mão d eum soldado revolucionario.

QUERIA GARANTIAS DE VIDA

É do conhecido publico o modo porque foi preso o accusado. O sr. Olival Salles Pontes, empregado do Archivo criminal, conta que ao ver passar o acusado deu o alarma com um apito.
elle, porem, não se intimidou, e apezar de grande numero de pessoas que corriam ao seu encontro foi esbarrar na casa 17, á Gamelleira casa do sr. Eusebio dos Santos, onde procurou occultar-se.

Foi ali - disse a testemunha Cicero Mullulo que fui buscalo-o. Elle entregou-se a mim e ao guarda 27 sem a menor relutancia. Queria apenas que garantissemos a sua vida. Chamado um auto de praça foi elle transportado para a Secretaria de Policia. Alem do revolver, Vicente estava armado com um punhal que foi tambem entregue ao delegado Tancredo Teixeira.

A NECROSCOPIA

Pela manhã de hoje, foi procedido o exame de necroscopia pelos legistas Egas Muniz e Arthur Ramos.
Notaram logo elles tres orificios de entrada e dois de saída.
O primeiro orificio de entrada no 7° espaço intercostal esquerdo, a 4 centimetros á esquerda da columna dorsal; trajecto: transfixiando a massa pulmonar esquerda, lesando ligeiramente o ventriculo esquerdo, saindo ao nivel da região precordial (4° espaço intercostal esquerdo).

Segundo orificio de entrada na região axillar direita, atravessando o pulmão direito, lesando a aorta ascendente, e saindo na 3ª costella, fracturando-a ao nivel da articulação chondro-esternal, á esquerda. Hemorrhagia fulminante, 3 litros de sangue liquido e coagulos na cavidade pleural.
3° orificio de entrada ao nivel do acromio esquerdo, encontrando-se um projectio de chumbo (de revolver) encravado no omoplata esquerdo.

Em suma: foram 3 disparos de traz para diante e da esquerda para a direita. Morte por hemorrhagia fulminante, por lesão larga da aorta ascendente

QUEM ERA O MORTO

O cel Horacio de Queiroz Mattos era de côr branca, casado com d. Augusta Medrado de Mattos, negociante fazendeiro, era residente em Lençóes e encontrava-se nesta cidade preso sob palavra. Deixou cinco filhinhos menores Horacina, Tacio, Judith, Horacio e Ruth. O seu corpo, ás 12 horas d ehoje, foi removido para a residencia do sr. Arlindo senna, á rua do Accioly de onde sairá o enterro para o cemiterio do Campo Santo.

Féretro de Horácio de Mattos
“A Tarde” de 18 de maio de 1931...


Saída do féretro do coronel Horácio de Mattos, da residência onde se deu o velório.
No instante representado na fotografia, à saída do local, Horacina de Mattos, filha do coronel Horacio de Mattos, presta homenagem diante do seu caixão. Aos seis anos de idade, andava de mãos dadas com o pai, quando este foi assassinado.
Após breves palavras, em honra do pai, depositou sobre seu esquife a flor que tinha em mãos.

Horacina de Mattos

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Um clássico em nova edição

Cangaceiros do Nordeste. Uma jóia literária para os amantes do tema "Cangaço"

O paraibano Pedro Baptista escreveu e publicou Cangaceiros do Nordeste, em 1929. É a história do cangaço, de 1724 ao começo do século XX, na Paraíba, Pernambuco, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte, quando os cangaceiros famosos eram Padre Veras, José Antônio, Cabeleira, José Félix Mari, Jesuíno Brilhante, Liberato e toda a grande Família Terrível. Grande parte dos combates acontecem na Serra do Teixeira, Borborema e Pajeú.

O Rio Grande do Norte é citado em diversas páginas do livro de Pedro Baptista, assim como Martins, Portalegre, Pau dos Ferros, Caicó, São João do Sabugi, Jardim do Seridó, Serra Negra e Patu. Em certo momento, quando a justiça pernambucana procurava Liberato, um coronel sugere que ele vá residir e conviver com Jesuíno Brilhante, em Patu, em 1870.

O livro de Pedro Baptista, uma das maiores raridades da bibliografia do cangaço, termina com o significado da palavra cangaceiro: “o vocábulo cangaceiro, de cangaço, homem de cangaço, recebeu do autor d’Os Sertões, página 223, e de Gustavo Barroso, em nota 16 à página 31 de Heróis e Bandidos, o seguinte batismo: Armamento; de canga, porque o bandoleiro antigo sobrecarregava-se de armas, trazendo o bacamarte passado sobre os ombros como uma canga. Andava debaixo do cangaço”.

Pedro Baptista nasceu em 1876 e faleceu em 1937, sem perceber a importância de sua obra. Setenta e dois anos depois, o Sebo Vermelho reedita Cangaceiros do Nordeste, em edição fac-similar, com um agradecimento todo especial ao pesquisador Francisco Pereira, de Cajazeiras, que foi o autor da descoberta desta raridade. Obrigado, Professor Pereira!
 
Abimael Silva
Sebista e editor

Serviço

"Cangaceiros do Nordeste", 2ª Edição
Autor: Pedro Baptista 
Ed. Sebo Vermelho Edições
279 páginas

R$ 40,00 (Com frete incluso)

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Por e-mail franpelima@bol.com.br 
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Pesquei no Sebo Vermelho

domingo, 15 de janeiro de 2012

Imprensa e Cangaço

Mossoró, Cidade da Resistência


Série de reportagens produzidas pela Intertv Cabugi de Mossoró que conta como a cidade expulsou o bando de Lampião em 13 de junho de 1927. A reportagem foi exibida em 2007.

Participações do Seu Dionísio, testemunha ocular do evento e dos pesquisadores Geraldo Maia e Kydelmir Dantas.


 Parte 2



 Parte 3



 Parte 4



 Parte final



Cortesia do pesquisador e escritor Sergio Augusto de Souza Dantas 

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Diário de um massacre

Relatório do ten. Geminiano sobre o ataque de Lampião a Queimadas

Documento transcrito em grafia da época por Rubens Antonio ( * ) .


 Tenente Geminiano 
Foto: Antonio Amaury e Luiz Ruben, in "Lampião e as Cabeças Cortadas, pg 87 . 

Relatório do Capitão José Galdino de Souza, de Senhor do Bonfim sobre Relatório do tenente Geminiano José dos Santos, relativo ao Massacre de Queimadas, com transcrição daquele, encaminhando-o à Secretaria de Policia e Segurança Pública da Bahia. Peça importante para o entendimento deste evento referencial no Cangaço, relata, a partir do ponto-de-vista do tenente Geminiano, o massacre de Queimadas. Documento relevante, especialmente por o tenente Geminiano ter sido morto, mais tarde, em confronto com o bando do cangaceiro Lampeão. Conseguido por mim, em levantamento em arquivo de documentos da Polícia Militar da Bahia.



 Capitão José Galdino de Souza

Ao Exm° Sr. dr. Bernardino Madureira de Pinho
M.D. Secretario de Estado, Policia e Segurança Publica da Bahia

Divulgado o horrendo morticinio de 7 (sete) praças do destacamento da Villa de Queimadas, praticado pelo bando “Lampeão” em a tarde de 22 do expirante, ás 3,35 minutos da manhã de 23, em trem especial, fiz seguir áquella Villa, o 2° Tenente Geminiano José dos Santos para garantia e em uma incumbencia, tambem, de prestar informes sobre a chacina, cujo relatorio feito com o auxilio perspicas e intelligente do Sr. CPm. Médico Dr. Arthur Xavier da Costa, moço este, durante a minha acção nesta cidade muito vem concorrendo para a bôa ordem publica e incitamento de coragem aos camaradas cntra o banditismo que infelizmente vem demorar a sua extinção.

Na integra transcrevo a Vossa Excellencia o Relatorio que acima referi .
“relatorio apresentado ao capitão José Galdino de Souza, a rrepto da entrada de Lampeão em Queimadas, pelo tenente geminiano José dos Santos.
Illmo Sr. Capitão José Galdino de Souza, em conformidade com as vossas ordens afim de apurar as ocorrências da incursão de Lampeão em Queimadas no dia 22 de dezembro corrente tenho a dizer–vos que me transportei áquella Villa, trem especial ás 3,35 da manhã de 23, e lá chegando, procurei logo o Sr. Dr. Arlindo Simões que me historiou do facto e com o mesmo vos dei conhecimento pelo telegrapho do occorrido. Procurando em seguida o Dr. Manoel Hilario Nascimento, Juiz Preparador do Termo que me forneceu as informações seguintes: Em cerca de 3 horas e 40 minutos da tarde de domingo 22 treis individuos em trages de cangaceiro se dizendo mesmo caibras de Lampeão e que depois elle soube serem Marianno, Antonio de Engracia e Gavião invadiram a sua residencia exigindo pagamento em dinheiro; que á sua recusa elles responderam que nesse caso se considerasse preso e elle, reacção nenhuma podendo fazer, ficou á discrecção dos mesmos. Tempos depois entrou o proprio Lampeão com parte do seu grupo trazendo o sargento Commandante do Destacamento, que não foi logo por elle reconhecido pelo facto de se achar a paisana, o que elle fazia questão de accentuar pois era a primeira vez que via o sargento em trajes não militares.


Manoel Hilario Nascimento, Juiz.

A elle foi confiado, occasião, a guarda de todo o armamento do destacamento que ficou depositado em sua casa até a hora da saida, pela madrugada. Em seguinda o proprio Lampeão exigiu do Juiz preparador, mesmo de pyjama como se achava, a sahida á Rua afim de apresental–o as pessoas que podessem lhe fornecer dinheiro; que o Juiz reccusando sahir de pyjama por ser um autoridade e não lhe ficar isso bem o proprio Lampeão concordou em que fossem chamadas as pessoas em sua casa para ahi, determinar as quantias com que casa um devesse contribuir para o saque; que pelo proprio official de Justiça elle mandou chamar alguns negociantes cujos nomes eram tomados pelo proprio Lampeão sendo elle mesmo Lampeão quem prefixava a quantia. A proporção que cada negociante se apresentava, dava o nome e por sua vez o mesmo negociante ia indicando outros que podiam tambem entrar com dinheiro.

Obtidas essas informações do Juiz Preparador ouvi pessoas outras na localidade que me informaram, mais ou menos, o seguinte: Em as 15 horas de domingo 22 de dezembro foi visto um grupo atravessando o rio em canôa, grupo esse que pareceu a muita gente ser força Pernambucana; que dois ou treis delles se dirigiram logo a estação da estrada de ferro que foi fechada sendo preso o telegraphista; que Lampeão e mais cinco do seu grupo se dirigiram para o quartel onde surprehenderam o sargento e mais 5 praças sendo as duas restantes presas na rua e conduzidas ao quartel; ...

Sargento Evaristo Costa 
Comandante do Destacamento de Queimadas, já em idade avançada.
Foto: Acervo de Rubens Antonio


...que o sargento Evaristo Carlos da Costa, commandante do destacamento lhe informou que só deu pela presença do grupo de Lampeão quando já habia galgado a escada que dá acesso para o Quartel estando os fuzis e a munição de reserva, em outro compartimento, não lhes foi possivel uma reacção dado o imprevisto da chegada. Informou mais, o sargento, com testemunho de outras pessoas da localidade que, Lampeão, recolhidos os soldados no mesmo xadrez, em que estavam os criminosos, os foram postos em liberdade, exigiu do sargento a entrega de armamento e da munição; que elle, mesmo sem poder fazer redução respondeu que não podia dar armamento e munição pois que estava sob guarda e delles era responsavel; que Lampeão respondeu que a responsabilidade delle tinha cessado, pois que naquelle dia, alli em Queimadas, elle Lampeão, era tudo – Chefe de Policia, Governadôr, tudo enfim; que em seguida perguntou–lhe se sabia onde era a casa do Juiz obrigando–o a ir com elle até lá, onde depoisitou o armamento já tendo sido a munição repartida entre os caibras, munição essa que era calculada em cerca de seiscentos cartuchos; que em casa do Juiz permaneceu longo tempo sempre guardado indo depois ao bar do Cirsio onde os caibras quizeram que elle bebesse; que á sua recusa lhe foi offerecida gazoza, que elle tomou por lhe ser impossivel reccusar; que nessa ocasião foi avisado de que a noite haveria um baile e que elle estava convidado para dansar; que, com a bebida, tambem recusou dizendo que nunca havia dansado ao que não insistiu; que em seguida levaram–no para a casa do sr. Amphiloquio Teixeira onde permaneceu longo tempo; que teve varias oportunidades dentre ellas se lembra da occasião em que estava na casa do Juiz, de fugir, mas não o fez por ser um ato de covardia embora estivesse certo de ir morrer sendo que uma das vezes pediu a um popular, seu conhecido, uma arma para suicidar–se idéa logo affastada pelo facto da difficil aquisição da arma; que viu varias pessoas confabulando em casa do dr. Amphilophio Teixeira com o bandido Marianno, seu principal guarda, sendo que uma daz vezes aquelle respondeu: – não, não sei. vou falar com o capitão mas acho difficil; que só depois veio a saber que esta confabulação tinha por fim a obtenção de sua liberdade, nem um pedido porem, tendo feito elle até então; que chegou Lampeão, cerca de 5 horas da tarde depois de conversar com pessoas da casa do dr. Amphilophio e com o proprio Marianno perguntou–lhe se elle sargento Evaristo não sabia que tudo que elle Lampeão prometia cumpria; que respondeu que já tinha ouvido fallar nisso; disse–lhe isto que tinha perdido um homem em Aboboras, a quem era tão grato que se matasse toda a Força Publica não lhe pagava o companheiro perdido e a quem lhe devia a vida.

Em seguida Lampeão communicou–lhe que aberta para elle uma excepção coisa rara aliás, resolvendo não mais matal–o e que elle podia ficar á vontade que nada mais lhe aconteceria; que tendo Lampeão lhe communicado que ia fazer uma besteira no quartel e comprehendendo elle que isso significava a morte dos seus companheiros que estavam presos elle então disse a Lampeão: – vou lhe fazer o primeiro pedido, depois que eu estou preso; não desejo assistir a morte dos meus companheiros; ao que Lampeão lhe respondeu ser indifferente, que podia deixar de ir sendo–lhe exigida ainda a entrega de dois fardamentos kakis, que elle mesmo foi buscar em sua casa sendo esta mais uma das vezes em que não quiz fugir; que tão atordoado estava com os factos desta tarde que nem ouviu os estampidos dos varios tiros com que foram trucidados seus companheiros, só mais tarde, por occasião da saida do grupo foi que veio a saber da chacina havida. Pude apurar por informações da população e principalmente do Juiz Preparador que o sargento já havia dado provas de energia principalmente na occasiao da passagem de Curisco nas visinhanças de Queimadas quando queimou a Estação do Rio do Peixe e que com os proprios soldados era sempre energico mas não passava desapercebido á população o abandomno principalmente por parte das praças e que todos se admiram da facilidade do sargento nesse dia em que foi surprehendido por Lampeão.

Outras informações foram por mim colhidas e que embora não tenham grande ligação com a minha funcção não é de mais que as traga ao vosso conhecimento, antes porem digo devo informar–vos que os nossos companheiros ás cinco e treis quartos, mais ou menos, foram barbaramente trucidados por Lampeão e seu grupo tendo Lampeão da casa do Juiz, se feito acompanhar pelo carcereiro até ao Quartel; que lá chegou Lampeão e mais dois outros entraram acompanhados pelo carcereiro que recebeu ordens de abrir o xadrez; que o quartel, no tempo do occorrido entre a prisão e a chacina ficou sob a guarda de seis criminosos que foram soltos por Lampeão sendo dois delles praças comdemnadas, digo a espera do julgamento; que as praças no dia seguinte voltaram ao quartel mandando o Juiz já que ellas não quizeram fugir ficassem em liberdade e que os quatro criminosos evadiram–se; verdade dessas informações áquellas passadas no proprio officio do quarte, algumas dellas eu obtive dos proprios que foram testemunha de vista da chacina; que aberta a porta do xadrez pelo carcereiro Lampeão ordenou ao primeiro soldado que desceu a escada ... dois tiros na cabeça dados pelo bandido Antonio conhecido por Volta Secca em seguida sangrando o soldado quasi cadaver;...


"Volta Seca ", logo após a sua prisão.....Ainda, um menino


...que ao ouvir dois estampidos o carcereiro confessou não mais ter animo para abrir a porta do xadrez, sendo o proprio Lampeão quem, com um ferro levantou a lingueta da porta do xadrez deixando passar o segundo soldado que teve o mesmo castigo e assim todos os outros; que o proprio carcereiro foi empurrado por Marianno para ter a sorte que Lampeão não fez dizendo; que elle não era macaco e que tinha familia grande, que dahi se dirigiram á Pensão todos os dezoito do grupo, só o Ezequiel Ferreira, Ponto Fino, irmão de Lampeão não comeu se queixando de que tinha apanhado um resfriado havendo quem pense que elle esteja tuberculoso, pois confessou que estava muito doente e que precisava descançar; após o jantar que não pagaram e onde foram servidos por representantes de casas commerciaes da Bahia dirigiram–se para o Cinema onde forçaram o proprietario a dar uma secção cinematographica seguindo–se depois as dessas para o que convidaram varias familias da ocallidade; assim dançaram em a casa do Sr. Antonio Felix Baptista, na casa do Sr. Antonio Ferreira de Araujo, representante do Banco do Brasil e proprietario do Cinema e na Sociedade Recreio queimadense onde permaneceram até a hora de se movem cerca de duas e meia hora da manhã; que tanto durante a scção cinematographica e como durante as dansas, apenas tomaram parte 10 inclusive Lampeão, ficando os outros oito fiscalizando as immediações e até mesmo a Estação. em um quadro feito a lapis da Sociedade Recreio Queimadense, o proprio Lampeão traçou as seguintes palavras que transcrevo:
 “22 dezembro de 29,
Peço desculpe a o Governador Em eu Capm. Lampeão dar Este Paceio aqui em Queimada e asesti Em Um Senema lhe didio devera não Endoide Seu Governador Vitá Suór apois com Sua perseguição Estou engordando até penço que vou é mi cazar. 
Seu superior, Cap. Virgulino Ferreira Lampeão.”
– Convem accentuar, como homenagem á sua memoria para que sirva de estimulo que seus companheiros que o soldado Aristides Gabriel de Souza ao ser convidado por um dos bandidos para levantar o rosto porque ira morrer, Respondeu: – Vocês matem um homem, covardes, porque pegaram de surpreza seus descarados.–
deste ato de coragem que lhe valeu maior trucidamento do que seus companheiros, peço e indo communicar–vos que, por investigação pessoal do dr. Xavier Costa, que alli se achava no serviço de exhumação dos referidos cadaveres por ordem do Exm° Sr. dr. Secretario da Policia, fui informado que a p. da Pensão, Lampeão, em um momento do intima expansão disse ter assassinado Curisco porque estava se tornando muito altivo e ousado, o que parece ser uma verdade porque os seus companheiros de ataque á estação do Rio do Peixe estão todos com Lampeão não se fallando mais em Curisco.
Assim, cumprindo as vossas ordens declaro, ainda, como um preito de justiça, que para perfeito desempenho da minha missão contei com o auxilio valioso, em todas as investigações, como boa vontade do Sr. Capm. dr. Arthur Xavier da Costa, segundo vosso pedido a elle feito. Saudações
Cidade do Bonfim, 24 De Dezembro De 1929
(A) Tenente Geminiano José dos Santos.”
 Respeitosas Saudações
Cidade do Bomfim, 25 de Dezembro de 1929
Capm. José Galdino de Souza
(*) Rubens Antonio - Mestre em Geologia, Artes Plásticas e História, entende-se como um Historiador Natural, com aspectos também de Filósofo Natural. Contato: historiageologica@gmail.com

Tem muito mais no Blog do Confrade Rubens
*A matéria foi enriquecida com fotos do acervo de Ivanildo Silveira 

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Urgente!

REEDIÇÃO DE LIVROS DO CANGAÇO

por professor Pereira*

A bibliografia do cangaço e temas afins é extensa e diversificada. São centenas de livros à disposição dos estudiosos, pesquisadores, colecionadores e admiradores da história e cultura nordestina. Mas, infelizmente, dezenas destas obras não são mais encontradas nas livrarias e sebos especializados.

São consideradas esgotadas e, em alguns casos, raras. Quando são colocadas à venda, estão com preços exorbitantes, totalmente fora da realidade financeira da maioria das pessoas que desejam adquiri-las.

Faço, por meio deste artigo, uma indagação pertinente e natural: por que esses livros não são reeditados? Não é o meu propósito procurar identificar e analisar os fatores que dificultam ou impedem essas reedições, mas contribuir, positivamente, com este processo, para que o resultado seja promissor.



Aproveito a oportunidade para conclamar, solicitar aos autores, herdeiros de autores já falecidos ou quem esteja na posse do direito destes trabalhos, que procurem reeditá-los, pois são obras extraordinárias, que demandaram milhares de horas de leituras, pesquisas, viagens e entrevistas, com muito sacrifício, principalmente, em épocas mais remotas, quando os autores não dispunham de meios de transporte, comunicação, e a internet, que podemos utilizar atualmente.



Então, não se justifica a ausência destas relíquias, na bibliografia disponível do cangaço. Faço este apelo, em nome de milhares de pessoas que necessitam dessas obras para a efetivação das suas pesquisas, descobertas e fundamentações teóricas de monografias, dissertações e teses, no Brasil e mundo afora.



Os sites, blogs e comunidades virtuais ligados ao fenômeno do Cangaço, como: SBEC- Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, O Cariri Cangaço, O Lampião Aceso, Cangaço em Foco, Tok de história, Comunidade Lampião, Grande Rei do Cangaço entre outros, que estão sempre focados e à disposição da expansão do estudo da história e cultura nordestina, divulgando os lançamentos de edições e reedições de livros, revista e artigos referentes ao assunto, o que facilita o acesso deste material pelos pesquisadores, colecionadores e interessados no tema. Como consequência natural da utilização destas ferramentas, observo um crescimento considerável de pessoas interessadas no estudo do Cangaço. Além do uso da Internet na distribuição eficiente desses livros, o que contribui e incentiva os autores a editarem e reeditarem suas obras.



Tomo a liberdade e a iniciativa de citar algumas obras, por ordem cronológica, que gostaria de vê-las reeditadas e espero que os leitores acrescentem, por meio de seus comentários, outros trabalhos esgotados e raros aqui não relacionados:   
* Solos de Avena 1905, Alício Barreto;  
Os Cangaceiros, Romances de Costumes Sertanejos 1914, Carlos Dias Fernandes;  
Heróes e Bandidos 1917, Gustavo Barroso;  
Beatos e Cangaceiros 1920, Xavier de Oliveira;  
Ao Som da Viola 1921, Gustavo Barroso;  
A Sedição de Joazeiro 1922, Rodolpho Theophilo;  
Lampião, sua História 1926, Érico de Almeida;  
* Prestes e Lampião 1926, Ten. Adaucto Castelo Branco;  
Lampeão no Ceará, A Verdade em Torno dos Fatos 1927, Moysés Figueiredo;  
Padre Cícero e a População do Nordeste 1927, Simões da Silva;  
Os Dramas Dolorosos do Nordeste 1930, Pedro Vergne de Abreu;  
Almas de Lama e de Aço 1930, Gustavo Barroso;  
O Flagello de Lampião 1931, Pedro Vergne de Abreu;  
O Exército e o Sertão 1932, Xavier de Oliveira;  
Sertanejos e Cangaceiros 1934, Abelardo Parreira;  
Como dei Cabo de Lampeão 1940, Ten. João Bezerra;  
Lampeão, Memórias de um Oficial Ex-comandante de Forças Volantes 1952, Optato Gueiros;
Caminhos do Pajeú 1953, Luís Cristóvão dos Santos;  
Cangaceiros 1959, Gustavo Augusto Lima;  
Rosário, Rifle e Punhal 1960, Nertan Macedo;  
Serrote Preto 1961, Rodrigues de Carvalho;  
** O Mundo Estranho dos Cangaceiros 1965, Estácio de Lima;  
Lampião e Suas Façanhas 1966, Bezerra e Silva;  
Lampião, O Último Cangaceiro 1966, Joaquim Góis;  
Sertão Perverso 1967, José Gregório;  
Lampião, Cangaço e Nordeste 1970, Aglae Lima de Oliveira;  
Cinco Histórias Sangrentas de Lampião, Mais Cinco Histórias Sangrentas de Lampião (dois livros) 1970, Nertan Macedo;  
Vila Bela, Os Pereira e Outras Histórias 1973, Luís Wilson;  
Terra de Homens 1974, Ademar Vidal;  
*Bicho do Cão, Canga, Cangaço, Cangaceiro 1975, José Cavalcanti;  
Cangaço: Manifestação de Uma Sociedade em Crise 1975, Célia M. L. Costa;  
Figuras Legendárias 1976, José Romão de Castro;  
A Derrocada do Cangaço 1976, Felipe de Castro;  
* Lampião e a Sociologia do Cangaço 1977, Rodrigues de Carvalho;  
Antônio Silvino, O Rifle de Ouro 1977, Severino Barbosa;  
Capitão Januário, a Beata e os Cabras de Lampião 1979, José André Rodrigues (Zecandré);  
Gota de Sangue Num Mar de Lama, Visão Histórica e Sociológica do Cangaço 1982, Gutemberg Costa;  
Volta Seca, O Menino cangaceiro 1982, Nertan Macedo;  
Sangue, Terra e Pó 1983, José de Abrantes Gadelha;  
Lampião, as Mulheres e o Cangaço 1984, Antônio Amaury C. de Araújo;  
Lampião e Padre Cícero 1985, Fátima Menezes;  
Guerreiros do Sol: Violência e Banditismo no Nordeste do Brasil 1985, Frederico Pernambucano de Mello (Será lançado a 5º edição desse livro, agora em janeiro/2012); 
A Vida do Coronel Arruda, Cangaceirismo e Coluna Prestes 1989, Severino Coelho Viana;  
Lampião, Memórias de Um Soldado de Volante 1990, Ten. João Gomes de Lira;  
Nas Entrelinhas do Cangaço 1994, Fátima Menezes;  
Lampião e o Estado Maior do Cangaço 1995, Hilário Lucetti e Magérbio de Lucena;  
Cangaço: Um Certo Modo de Ver 1997, Vera Figueiredo Rocha;  
Amantes e Guerreiras: A Presença da Mulher no Cangaço 2001, Geraldo Maia;  
Histórias do Cangaço 2001, Hilário Lucetti;  
Lampião e o Rio Grande do Norte, a História da Grande Jornada 2005, Sérgio Augusto de Souza Dantas.
*    Datas pesquisadas e inseridas por Lampião Aceso. 
* * Obs. Algumas dessas obras já foram reeditadas, mas, mesmo assim, estão esgotadas. Está lançado o debate. Vamos à discussão construtiva, formando um elo de entendimento, consultoria, convergência na direção do resultado positivo, e espero que possamos colher os frutos num futuro próximo, com novos livros no mercado.

Votos de Saúde e paz a todos! 
Francisco Pereira Lima
Cajazeiras - PB

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*Cumpadi Pereira é Advogado, Professor, Membro da UNEHS, SBEC e Conselheiro do Cariri Cangaço. Contato: franpelima@bol.com.br

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Jornal "A Tarde" 13 de abril de 1928

O “truc” de um governador
Como o sr. Costa Rego desarmou o sertão de Alagoas

RIO, 12 (A TARDE) – Numa roda de amigos em que se achava conhecida figura, provinda de Maceió, ouvi a seguinte interessante narrativa:


Pedro Costa Rego
Empenhado em acabar com o banditismo no Estado de Alagoas, o governador Costa Rego architetou e poz em pratica uma medida original.
Allegando receios de reacção contra o seu governo, o sr. Costa Rego teria dirigido aos chefes politicos do interior, dos quaes alguns eram protectores conhecidos de cangaceiros, uma circular alludindo a essas suspeitas e pedindo o apoio a cada umd elles, apoio que consistiria em reunir o maior numero possivel de homens destemidos, embarcando–os para a capital, para onde deveriam vir logo armados e municiados, trazendo a maior quantidade de armas e munições que fosse possivel arrecadar.
Á vista dessa circular, e querendo dar arrhas de maior dedicalão ao governo, cada umd esses chefes entrou a empregar os maiores esforços, na demonstração da sua força.
Dahi resultou que legiões e legiões de cangaceiros vieram para a capital, promptos para combate. A cidade, pode dizer–se, ficou invadida por esses maus elementos.
Á proporção que iam chegando, o sr. Costa Rego ia arranchando esses cangaceiros nos quarteis e em casas que para esse fim destinou. E lá um bello dia, depois de pagar pelo governo as despezas da sua estada, deu passagens de volta a todos elles, fazendo–os portadores de cartas para os alludidos chefes politicos, nas quaes lhes agradecia o concurso prestado, que já não era, porém, preciso por haver passado a temerosa crise.
Quando, porém, esses chefes reclamaram as armas que tinham vindo, o sr. Costa Rego, então, lhes declarou, em nome do governo, que não havia necessidade de gente armada no interior do Estado.
Pesquei no Açude de Cumpadi Rubens 
Mas a foto foi em: Cassimiro Farias.zip.net

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Pereira manda avisar:

Para melhor noção de conteúdo relacionamos a índice das Revistas “Itaytera” e “A Província”  

ITAYTERA



Nº 22 - 191 pág. 
  - Nertan Macedo - “Goiás não me descobriu. Goiás me conquistou”
  - F. Monteiro de Lima - O Crato antigo, eu e a minha noiva
  - J. Calíope - Apontamentos Históricos - Icó e a Confederação do Equador
  - Ana Lígia Aires de Alencar - Jardim - Dados Históricos
 
Nº 29- 276 pág.
  - Maria Elvira de M. Soares - "Achegas à obra de Câmara Cascudo"
  - J. C. Alencar Araripe - "A Província da Ibiapaba e do Cariri Novo"
  - Antônio de Alencar Araripe - "O Problema das secas e outros ensaios" 
  - Dimas Macedo - "Cel. Raimundo Augusto Lima"
  - Aecio Feitosa - "Estratégias do discurso dos Jesuitas junto aos indígenas brasileiros"
  - J. Lindemberg de Aquino - "Joaquim Pinto Madeira"

Nº 39- 228 pág. 
  - José de Figueiredo Filho - 1911- Padre Cícero e Antônio Luis
  - Xavier de Oliveira (autor do livro “Beatos e Cangaceiros” e “O Exército e o
  Sertão”) - "Memória"
  - Dr. Napoleão Tavares Neves - Estudos regionais “Bebidas” de Gado do Cariri
  - Dr. Napoleão Tavares Neves - A Chapada do Araripe e o Cariri - (Trabalho Extraordinário)
  - Mariza Abath - "O Retirante"

Nº 41- 218 pág. 
  - Família Cartaxo
  - José Claudio de Oliveira - "A Prisão de Dona Bárbara de Alencar"
 
N º 43 - 177 pág. 
- Raimundo de Oliveira Borges - "Coronel Belém do Crato"

 
A Província  
('entupetada' de cangaço)



Nº 04 - 204 pág.
- Império do Bacamarte - Joaryvar Macedo
- Lampião e o Estado Maior do Cangaço - Hilário Lucetti e Magérbio de Lucena
- De Secretário de Pe. Cícero a fotógrafo de Lampião (Benjamim Abrahão) Napoleão T. Neves
- O Milagre de Juazeiro - Francisco Vasconcelos
- Caldeirão dos Jesuitas - José Peixoto Júnior

N º 05 - 188 pág.
- A Literatura de Cordel no Cariri Cearense - A Xilogravura de Walderedo Gonçalves - Jurandy Temoteo
- Padre Ibiapina “O Apóstolo do Nordeste” - Napoleão Tavares Neves
- A Patente de Lampião - Hilário Lucetti
- As Orelhas de cinquenta contos de réis (Antônio da Piçarra) - Hilário Lucetti
- Patativa do Assaré: Cenário, escolaridade e processo criativo - Plácido Cidade Nuvens

Nº 07 - 162 pág.
- Irineu Pinheiro e as “Efemérides do Cariri” - F. S. Nascimento
- Capitão Virgulino Ferreira - Lampião - Hilário Lucetti
- A Carismática personalidade do Pe. Cícero - Amarílio Carvalho

N 09 - 169 pág.
- O Combate do Coité - Hilário Lucetti
- Pe. Ibiapina: Peregrino da Caridade - Francisco Holanda Montenegro
- Fonte da Pendência, outrora, paraiso ocasional de Lampião - Napoleão Tavares Neves
- Coronel Belém do Crato - Raimundo de Oliveira Borges
- Padre Cícero: Mito e Realidade - ( Livro de Otacílio Anselmo)- Nelson Werneck Sodré
- Cabeças Chatas (Livro de Leonardo Mota) - Moacir Mota
- Livro Desmistifica Lendas do Cangaço - Hilário Lucetti

Nº 10 - 199 pág.
- Um Filho do Crato na Luta Contra Lampião - (Raso da Catarina)- Hilário Lucetti
- Conversando com Patativa - Jurandy Temóteo

N º 12 - 160 pág.
- Fogo do Coité -I - José Sampaio de Lacerda
- Corisco, O mais cruel bandido - Hilário Lucetti
- Fuzilados do Leitão - Napoleão Tavares Neves

Nº 13 - 165 pág. 
- Colonização e povoamento do Ceará - Pedro Rocha Jucá
- O Assassinato do Pioneiro: Delmiro Gouveia - Hilário Lucetti
- Lampião era Feitosa? - Neri Feitosa
- O Fogo do Coité -II - José Sampaio de Lacerda

Nº 14 - 133 pág.
- A Colonização e o povoamento do Ceará II - Pedro Rocha Jucá
- O Fogo do Coité - III - José Sampaio de Lacerda
- Coiteiros brigam, Quem morre é Lampião- Antônio Amaury C. de Araújo
- Yoyô Maroto , Sua História - Hilário Lucetti

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Preço: R$ 20,00 (Vinte Reais) o exemplar. OBS. Apenas uma unidade de cada número.O pedido pode ser feito por E-mail franpelima@bol.com.br 
ou pelos tels. (83) 99911 8286 (TIM) - (83) 98706 2819 (OI)

Att. Professor Pereira
Cajazeiras/PB