quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Flagrantes do Embalo de sábado à noite

A família se reencontra em Natal

Por: Coroné Severo


Sérgio Dantas, Múcio Procópio, 
Manoel Severo e Ivanildo Silveira

Por várias vezes destacamos neste mesmo espaço a importância com que consideramos esta grande família Cariri Cangaço. Na verdade esta página do cariricangaco.com é antes de tudo um grande ponto de encontro; de idéias, de histórias, de controvérsias, de homens, de mulheres, de amigos, de almas. No último sábado vivemos mais um momento com esse forte sentimento de congraçamento e celebração.

O restaurante Mangai na cidade de Natal foi palco de mais um encontro desta família de vaqueiros da história. Com a presença de quatro conselheiros Cariri Cangaço: Manoel Severo, Honório de Medeiros, Ivanildo Silveira e Múcio Procópio; e ainda dos confrades, Mestre Sérgio Dantas, João Simplício, o inigualável jornalista e escritor Franklin Jorge e Jomar Henrique; vivemos momentos ricos e marcantes, pontuados por reflexões, impressões e constatações daqueles que dedicam boa parte de suas vidas à pesquisa da temática "Cangaço", e ainda tivemos o privilégio de contar com as presenças; via celular; de nossos companheiros, Ângelo Osmiro, Aderbal Nogueira e Carlos Eduardo; afinal festa é festa, e não é todo dia que se pode reunir essa turma da pesada.

Manoel Severo, Franklin Jorge, 
Honório de Medeiros e Jomar Henrique

Sem dúvidas o assunto da noite, além de um ensaio sobre o formato e o planejamento para o Cariri Cangaço 2012; uma vez que acabamos tendo uma informal reunião do Conselho; versou sobre as controvérsias assumidas pela temática, quando lamentamos o tamanho do prejuízo para a pesquisa séria e para as gerações futuras, apartir de obras literárias sem nenhum critério, beirando a irresponsabilidade. Diferentes olhares, diferentes versões, isso tudo é suportável dentro do dinamismo da construção da verdade histórica, entretanto o que acabamos vendo no mercado literário é uma assustadora proliferação de "obras caça níquel", sem nenhum rigor histórico, fundamento ou embassamento minimamente aceitáveis e compromisso com a verdade, e quem perde é a história.

O encontro foi marcado também por maravilhosas e providenciais "provocações", sob batuta de Honório de Medeiros. Foram provocados o pesquisador e colecionador, Ivanildo Silveira, a enfim... colocar em livro o resultado de seu espetacular acervo e trabalho, e ainda sob provocação também de Honório ao grande pesquisador e escritor Sérgio Dantas, a edição de seu vasto e criterioso trabalho sobre Cristino; o Diabo Louro do Cangaço; o Corisco, segundo na hierarquia do reinado do sertão... Bem, agora é com os dois, vamos em frente! Não perdemos por esperar.

Ivanildo Silveira e Múcio Procópio

 João Simplício e Sérgio Dantas

 Honório de Medeiros
Confraria Rio Grande do Norte e Ceará, 
com novo encontro marcado para Dezembro...

A noite sem dúvidas foi de extrema importância uma vez que criou mais uma possibilidade de estreitar relações entre essa grande família, e já temos um novo encontro Cariri Cangaço/GECC e o Grupo de Natal, para o mês de Dezembro, é só aguardar, certamente todos estão convidados.

Manoel Severo

Mais um peixão do Açude de Coroné Severo

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Augusto Santa Cruz

Um Cangaceiro doutor
Por: Pedro Nunes Filho


Pedro Nunes Filho
Um dia, Antônio Silvino, vendo sua fama declinar, queixou-se enciumado: ”De uns tempos desses para cá, só se quer saber de cangaceiro-doutor!

Referia-se ao Dr. Augusto de Santa Cruz Oliveira, graduado pela Faculdade de Direito do Recife, em 1895. Moço, esquentado e imbuído dos ideais libertários da Casa de Tobias, foi nomeado promotor público em Alagoa do Monteiro, sua terra natal. Naquele tempo, existia a politicagem togada. Juízes e promotores podiam envolver-se em política e até disputar eleições majoritárias. Numa dessas disputas calorosas, Augusto se indispõe com seu opositor, juiz José Neves, de quem descende a clã dos Neves, que até hoje matém tradição de honradez e dignidade na vida privada e no mundo jurídico do Recife.


Fonte: Tok de historia "Rostand"
Augusto (foto a esquerda) não demora também a discordar da oligarquia que dominava a Paraíba do Norte, rompendo com o presidente da província, João Lopes Machado. Sentindo-se com suas prerrogativas políticas abolidas e com o direito de defesa cerceado, recruta 120 cabras dos porões do cangaço e, no dia 6 de maio de 1911, invade a cidade de Monteiro, quebra a cadeia pública, solta um protegido seu e os demais presos que se incorporam ao grupo armado. Em seguida, encarcera o destacamento de polícia local, pego de surpresa ainda dormindo, numa madrugada-manhã invernosa e fria.

Depois, os revoltosos avançam contra a cidade, vencem a resistência armada que lhe fizeram as autoridades auxiliadas por alguns cidadãos desafetos do chefe. No final da tarde, a cidade resta dominada e presos o prefeito Pedro Bezerra, o promotor público José Inojosa Varejão, capitão Albino, major Basílio e capitão Victor Antunes, pai do ilustre professor internacionalista da Faculdade de Direito do Recife, Mário Pessoa. No tiroteio, morreram algumas pessoas e, em pavorosa, a população da cidade evade-se, deixando suas casas comerciais e residências abandonadas.Sem condições de resgatar os reféns, o governador João Machado pede ajuda ao governador de Pernambuco, Herculano Bandeira.

Corria o ano de 1911 e confrontavam-se em acirrada disputa pelo governo de Pernambuco, o prestigiado político, comendador Rosa e Silva, e o general Dantas Barreto, herói da Guerra do Paraguai. Em sua mocidade, antes de ir para a guerra, Dantas Barreto havia morado em Monteiro, onde exercia a profissão de relojoeiro e fez amizade com a família Santa Cruz. Por esta razão, o general resolve dar apoio ao bacharel revoltoso. Temendo que durante a disputa política Dantas Barreto pudesse se socorrer do braço armado das hostes guerreiras do paraibano rebelado, o governador de Pernambuco, que era rosista, autorizou um batalhão de 240 praças e 10 oficiais, sob o comando do Major Alfredo Duarte, invadir a Paraíba, munidos de 40 mil cartuchos mauser para guerrear o bacharel-cangaceiro, como o chamavam seus inimigos.


Ao contingente de Pernambuco, somaram-se 120 homens da polícia paraibana. No dia 27 de maio de 1911, um século atrás, atacam a Fazenda Areal, onde o bacharel estava aquartelado e mantinha os reféns prisioneiros. O combate dura uma manhã inteira. Não conseguindo resistir, Dr. Augusto bate em retirada e vai se refugiar no Juazeiro, levando consigo os prisioneiros. Ao longo da fatigante trajetória de muitos dias, vai libertando os reféns um por um, pois não ficaria bem chegar com prisioneiros no reduto sagrado. Na condição de perseguido político, entra no Juazeiro e é recebido pelo padre Cícero que o acolhe, desarma seus homens e arranja-lhes trabalho digno. Naquele mês de junho, o Juazeiro estava em pé de guerra com o Crato, lutando por sua independência e o padre precisava mostrar-se forte.


Homens do Cangaceiro Doutor

O patriarca tenta pacificar a Paraíba e não consegue. O conflito se estende até o ano seguinte e é chamado Guerra de 12. Frustrada em seu intento de resgatar os reféns, antes de deixar o palco da luta, a polícia destrói e queima a fazenda Areal e mais algumas propriedades de familiares do bacharel Santa Cruz.Em 1912, o Dr. Augusto retorna à Paraíba e se junta com o médico-fazendeiro Franklin Dantas, pai de João Dantas. Igualmente insatisfeitos com o desprestígio político que suas famílias estavam sofrendo, os dois doutores formam um exército de 500 homens e saem invadindo as principais cidades do sertão paraibano, com o propósito de depor o governador João Machado. Não conseguindo o intento desejado, Augusto refugia-se em Pernambuco, sob a proteção de Dantas Barreto que havia assumido o governo do Estado. Alguns anos depois, é nomeado Juiz de |Direito de Afogados da Ingazeira. Correto, exemplar e temido por sua história de vida, fez justiça e impôs respeito nas comarcas por onde passou. Morreu na comarca de Limoeiro em 1944. Esse fato histórico está minuciosamente descrito no livro Gurreiro Togado, do autor desta coluna.
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Pedro Nunes Filho é advogado tributarista e escritor, sendo o livro Guerreiro Togado a sua obra de mais destaque.
Contato: pnunesfilho@yahoo.com.br
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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Por respeito a verdade

 Protesto, meritíssimo!

Por Alcino Alves Costa


Alcino, Indignado e com razão.
Um semanário de Aracaju, SE. entrevistou um conceituado e respeitabilíssimo Juiz de Direito aposentado. Na entrevista, o considerado ex-juiz, discorre sobre o lançamento de seu livro que retrata "Lampião", e que ocorreria na Quinta-feira, dia 24, Nas páginas do jornal, o autor afirma fatos do viver de Virgulino Ferreira da Silva.

Fiquei deveras estupefato com as suas colocações. Não tenho dúvida, as mesmas não têm nenhum embasamento e descambam para uma injustiça sem limites. Lamento profundamente que um homem da lisura e do sereno proceder, como foi e é o autor, pessoa que eu tenho grande estima e respeito, tenha sido influenciado e acreditar em tamanhos disparates como se fosse um iniciante e inexperiente “vaqueiro da história”.

O autor é um estudioso do assunto. Todavia, também sofreu a influência daqueles que registram em livros e documentos grotescas e deslavadas mentiras. Inverdades que tem o poder de embaraçar a cabeça até de atilados homens da estirpe de nosso ex-juiz.

O que me deixou admirado foi perceber que um homem que trilhou a sua vida pelos caminhos da justiça e do conhecimento da mentalidade humana, tenha sido influenciado com tanta facilidade. Foi assim que com certeza aconteceu com ele. Em um instante da fragilidade mental se deixou envolver por aqueles que não têm compromisso com a verdade e quase sempre registram em livros e documentos grotescas e deslavadas mentiras.

Dizer-se que Lampião era homossexual e Maria Bonita uma adúltera, e os dois, Lampião e Maria Bonita, coabitavam com Luís Pedro, vivendo assim, em plena caatinga, um triângulo amoroso, é algo que em sã consciência ninguém tem o direito de acreditar. Eu sei muito bem que pessoas descompromissadas com a verdadeira história do cangaço e de Lampião tiveram o desplante de dizerem ou registrarem essas verdadeiras aberrações. Porém, um homem do quilate, da hombridade e da nobreza de caráter do Dr. não merecia participar desse pequenino grupo de pessoas que registraram tão medonhas distorções da história cangaceira.

Lampião jamais foi um gay. Aliás, em toda história do cangaço, desde os seus primórdios não se registra nenhum homossexual nos grupos cangaceiros. Luís Pedro tinha a sua companheira, a cangaceira Neném, morta na fazenda Mocambo, em Sergipe. A afirmativa de que o grande cangaceiro, do povoado Retiro, em Triunfo, Pernambuco, era amasiado com Maria Bonita e o próprio Lampião é uma coisa deplorável, uma mentira monstruosa que nasceu da mente doentia dos mal intencionados.

Quanto a Lampião ser um estilista, afirmação de um dos maiores pesquisadores da história cangaceira, eu contestei essa esdrúxula afirmativa, inclusive em artigo para este jornal, mostrando que o tão considerado escritor estava usando apenas o seu ponto de vista, nunca a verdade sobre o viver e a conduta de Lampião.

O que Lampião fazia, e muitos sertanejos também faziam, era pelejar com couro, fazendo selas, perneiras, gibão e outros acessórios puramente sertanejos. Ser um estilista, bordar peças e indumentárias do cangaço, isto jamais aconteceu. É acinte a história de Lampião. É querer inventar e se mostrar dono da verdade.

Quanto a ele ter sido um feroz bandido, um cangaceiro malvado, com atitudes monstruosas, tudo isto é verdade. Como também é verdade que ele foi e é um dos maiores "heróis" da história do Brasil. E a prova insofismável está nestas discussões sobre o caminhar pelas estradas da vida desse caboclo das barrancas do riacho São Domingos e das fazendas Ingazeira e Passagem das Pedras. Mesmo após 73 anos de sua morte, Lampião é o personagem mais falado e pesquisado em todo Brasil. Este homem é um herói ou não? 

Maria Bonita jamais foi chamada de Déa. A Dona Déa que na entrevista diz ser Maria era justamente a mãe de Maria Bonita, que antes de sua ida para o cangaço era conhecida como Maria de Déa. Dona Déa, chamava-se Maria Joaquina Conceição Oliveira e era mãe de muitos filhos, dentre eles Maria Gomes de Oliveira, a segunda filha do casal; inicialmente chamada de Maria de Déa e posteriormente de Maria de Lampião, ou Maria do Capitão.

Não posso e não quero, sob hipótese alguma, desmerecer o trabalho literário do Dr., a quem, repito, tenho uma admiração e um respeito muito grande. Todavia, não tenho como não me manifestar sobre essas monstruosas injustiças. Injustiças que se faz com Virgulino Ferreira da Silva e com Maria Bonita.

Fiquei triste em ter lido a entrevista de responsabilidade de um homem de extraordinária integridade, e por essa razão, os seus escritos irão confundir ainda mais as pessoas que não conhecem verdadeiramente a história do cangaço e de Lampião e o viver do homem sertanejo naqueles tempos do sertão de outrora.

Maria Bonita não era uma adúltera. Lampião jamais foi um gay!

Saudações cangaceiras!

Alcino Alves Costa
O Caipira de Poço Redondo,
Artigo Publicado no Jornal da Cidade, de Aracaju em sua edição de 23 de Novembro de 2011.

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O decano do Poço é autor de  vários livros, sendo três dedicados a  saga de Lampião. Clique aqui e saiba  mais sobre sua obra

Por respeito a uma grande família "2"

Sem método é muito difícil se construir uma história

Por: Wescley Rodrigues


Pretende de ser lançado, na capital de Sergipe, um livro de autoria de um ex juiz de direito. Em linhas gerais, a obra, segundo relato da mídia, versa sobre um possível triângulo amoroso entre Lampião, Maria Bonita e Luiz Pedro. Nas pesquisas do autor ele chegou a conclusão de que Lampião tinha sido atingido por uma bala no seu saco escrotal que fez com que este ficasse impotente.

Mas o interessante na obra não é esse ponto, mas sim o que diz respeito a afirmativa que seria Lampião homossexual, sendo que todos os casos que ele teve com mulheres ao longo de sua vida era apenas para ludibriar o meio social em que ele estava. E Maria Bonita? É apresentada como uma mulher perversa, intrigueira, que apenas era uma espécie de “cobaia” para maquiar a homossexualidade do dito “Rei do Cangaço”.

Há ainda outra peculiaridade na obra, essa diz respeito a Luiz Pedro, homem de confiança de Lampião, que na verdade não passava do amante do líder cangaceiro, sendo o ativo nessa relação, praticando atos sexuais tanto com Lampião como Maria Bonita. Frente a isso, me vêm a mente algumas questões interessantes que como historiador e estudioso do cangaço não poderia deixar passar despercebido.

Não canso de dizer que na história do cangaço e nas pesquisas desenvolvidas, muitos escritores esquecem de que qualquer trabalho histórico precisa de um método, método que possa dá caráter de cientificidade a produção e ajude a elucidar as lacunas dos fatos do passado. Sem método é muito difícil se construir uma história que prime pela verdade ou pelo menos pela verossimilhança. O método não é algo somente de acadêmicos ou daqueles que são portadores de um diploma universitário e fazem da história um ofício, mas o método é uma espécie de rota que faz com que não nos percamos no meio do arsenal de informações que vamos adquirindo ao longo das pesquisas.

Outro elemento preponderante são os documentos, eles são a alma das pesquisas históricas, sejam documentos oficiais, relatos orais, fotografias, mapas, gravuras, etc. Eles possibilitam-nos falar não de forma aleatória, mas nos dão um respaldo, nos servem de pilar para fazermos afirmativas a partir do nosso lugar social de escritores. No entanto, apesar de serem importantes para as pesquisas, não podemos nos deixar levar por eles, pois nem sempre eles são detentores de verdades. Os documentos, como nos ensina o método histórico, devem ser questionados, problematizados, debatidos. Devemos conversar com esses documentos e também entender o lugar de sua produção e construção. Assim, nem todo documento só por ser histórico contem a verdade ou uma verossimilhança.

Pois bem, depois dessa explanação reflitamos um pouco a obra referendada acima. O autor afirma que para a elaboração da mesma ficou no campo das conjecturas, não tendo como ter acesso a fontes primárias, o que já coloca o trabalho em um patamar extremamente problemático. Para a história é preciso de provas, não só fazer ligações, acreditar em hipóteses. Ou você parte da hipótese a prova documental, ou é melhor se calar, pois isso já foge completamente do que se entende hoje como história. Tal afirmativa da homossexualidade de Lampião e do seu poliamor é problemática, pois não se tem documentos palpáveis em que se possa afirmar tal ideia. Qualquer trabalho que fale do passado tem que entender a temporalidade do período estudado, e até onde me consta - não estou afirmando que não tinha -, a homossexualidade no sertão nordestino era um tabu nas décadas de 1920, 1930 e 1940. Ainda não tínhamos passado pela revolução sexual, os homossexuais eram tratados como doentes que precisavam de tratamento, e nesses usavam-se métodos de “cura” extremamente desumanos, como por exemplo eram trancados em manicômios, passavam por tratamentos de choque, eram agredidos por serem tratados como sujeitos sem moral que precisavam ter a sua conduta reabilitada a partir da agressividade.

O fato de Lampião ter voz afeminada, traços e atitudes mais “finas” para aquele meio “áspero” em que viviam – não estou afirmando um “determinismo geográfico” – não vêm a provar que ele era homossexual, pois é uma evidência muito pobre para se lapidar tal afirmativa. O problema em questão não é se ele era ou não era gay, mas a problemática está em não termos as provas documentais que prove isso, o que impossibilitaria de fazermos tal afirmação, até porque sua sexualidade não mudaria em nada o papel que ele desempenhou na história, até porque o que ele fez ou deixou de fazer no meio da caatinga com Luiz Pedro e Maria Bonita, só dizia respeito a eles.

Fora essa afirmativa que é comum na literatura sobre o cangaço de que Lampião era mais delicado nos traços e político no falar e se relacionar, não há nenhuma prova documental até o presente momento que comprove a sua impotência e homossexualidade, até porque em uma realidade social extremamente fálica, onde o culto a masculinidade se ligava ao genital, como tão bem trabalho o historiador Durval Muniz de Albuquerque Júnior, no mínimo era vergonhoso para o sujeito impotente sair espalhando a sua incapacidade de “expelir sementes” e ter ereção.

Concordo com o autor quando ele afirma ter por parte dos estudiosos do cangaço uma supervalorização da figura dos cangaceiros e do próprio Lampião que era bandido. Mas temos que entender que essa imagem também é uma construção histórica, daí teríamos como função entender porque de bandido ele passou a ser exaltado, quais os interesses que estariam nivelados em tal mutação representacional. O fato dele ser “bandido” não desqualifica a sua história, pois tanto os bandidos da caatinga, quanto os das favelas, o do congresso nacional, como os generais do exército ou os líderes religiosos católicos, protestantes, judeus ou mulçumanos, são seres históricos e precisam ser entendidos e historiados dentro de sua realidade. Não podemos marginalizar a imagem dos cangaceiros só por eles serem bandidos, mas temos que ter cuidado com essa supervalorização, que devem ser entendidas pelos estudiosos.

Mais do que nunca clamo aos "estudiosos" do cangaço que respeitem o passado e a história, respeitem os documentos, questionem as verdades, “nem tudo que parece, é”, como diz o ditado popular. Fazer história é lidar com vidas, vidas que deixam memórias que precisam ser respeitadas. É preciso ter um respeito para com o passado, como também para com os vivos do presente que merecem ter pelo menos uma aproximação do que é a verdade.

Prof. Wescley Rodrigues
Brasília – DF

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A Sociedade do Cangaço anuncia:

Novo livro na praça



Com o patrocínio do INSTITUTO BANESE, BANESE CARD, CHESF – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco e Assembléia legislativa da Bahia, além do apoio institucional do ÁGORA – Arquitetos & Associados e da UNEB – Universidade do Estado da Bahia, a OSCIP SOCIEDADE DO CANGAÇO lança livro em comemoração ao Centenário de Maria Bonita.


 APRESENTAÇÃO

Vera  e seu novo "filhão" Foto: Diário de Pernambuco.
Acreditamos que a importância desta obra sobre a Maria Bonita surge quando temos a sensibilidade de compreender que finalmente se inaugura a percepção sobre uma personagem marco-mulher que transcende a história do Cangaço. Olhar para ela significa ressaltar a mulher de um determinado contexto e período da história do Brasil; como também procurar compreender quais foram as imagens construídas acerca dela utilizadas até hoje para valorar sua representação como mulher nordestina. Bonita Maria do Capitão é uma primorosa publicação que comemora o Centenário de Maria Bonita com a excelência dos estudos e obras artísticas de mais de 40 colaboradores.


Uma iniciativa conjunta que tornou real uma rara coletânea de reflexões e imagens sobre a Maria do mítico cangaceiro Lampião.


Este livro foi afetuosamente planejado para se tornar uma coletânea de reflexões e imagens acerca de uma personagem histórica. Sem rigor científico, mas com atenção à história, dedicamo-nos ao trabalho de reunir pesquisas sobre a biografia de Maria Gomes de Oliveira juntamente com a representação imagética criada sobre Maria Bonita por intermédio das artes. Organizamos textos e obras de diferentes autores e, com plena satisfação, conseguimos compor um importante acervo sobre a bonita Maria do capitão Virgolino Ferreira, vulgo Lampião. Por intermédio da fotografia, das artes visuais, de obras literárias, da xilo, do cinema, do artesanato popular e da moda, o lendário nome Maria se singulariza e se constrói dentro de um universo simbólico que nos leva a experimentar o contexto feminino do Cangaço a partir dos anos 1930.



Coautora Germana Araújo
A OBRA justificativa

Bonita Maria do Capitão é um livro estruturado em duas partes: a primeira, biográfica, apresenta textos e imagens da sertaneja da Malhada da Caiçara, sertão da Bahia, Maria Gomes de Oliveira. Trata-se do resultado da leitura dos estudos de vários pesquisadores no assunto, mas, principalmente, da busca constante sobre a configuração genealógica dos Gomes de Oliveira pela neta Vera Ferreira. Entretanto, apesar de ser uma escritura baseada em uma possibilidade de interpretação, portanto, com novas facetas de sentido, parte da escritura biográfica desta obra não pode ser exatamente compreendida como inédita.


Já a segunda parte, que é dividida em temáticas, configura-se em uma original composição de obras de artistas que se apropriaram da imagem de Maria Bonita para suas produções, juntamente com textos de estudiosos e pesquisadores sobre a representação dela dentro de cada uma das temáticas desenvolvidas: Fotografia, cinema, xilogravura, literatura, teatro, música, artesanato, moda e artes visuais. 


Para o sucesso da segunda parte, contamos com mais de 40 colaboradores sensíveis com a causa de construir esta obra comemorativa do centenário de Maria Bonita.

PÚBLICO-ALVO


Apesar de apresentar ensaios teóricos e literários, a obra possui linguagem acessível para um público amplo. Tanto a retórica das escrituras quanto a estrutura e desenhos constituintes no projeto gráfico tornam este um livro trata a arte como prática da nossa cultura. Portanto, Bonita Maria do Capitão tem a missão de entreter e educar crianças, jovens e adultos sem predileção.
 

UMA EDIÇÃO ÚNICA 

É uma obra singular que foi desenvolvida para comemorar o Centenário de Maria. Por isso, a prospecção da tiragem desta obra é de 6000 exemplares sem possibilidade de reedição.
 

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Sob a luz do Lampião:
Bonita Maria do Capitão. Eis ai mais um trabalho que não pode faltar na sua estante. São 327 caprichadas laudas. As cento e vinte e sete primeiras nos trazem um estudo detalhado da trajetória da Rainha do Cangaço, fruto de mais de 40 anos dedicados por sua neta Vera  acrescido por mais uma overdose de paixão, intuição e perspectiva de Germana.
Enriquecido por convidados especiais, estudiosos do quilate de: Sérgio Dantas, em O cangaço e a lei Penal: A questão de Maria Bonita; Frederico Pernambucano de Mello, em Maria Bonita a vivandeira do  Brasil e Wanessa Campos, em Maria Bonita e a mídia ...entre outros. 
Já a outra metade me agrada em dobro. Será indispensável pra quem pesquisa e inclusive pra quem duvida das influencias culturais do Cangaço. Inevitável não lembrar de um titulo provisório do confrade Rubinho, pois esse conteúdo é o que podemos classificar de "Maria e O Baile das quatro artes". Uma coletânea das principais obras e respectivos artistas que tiveram em Dona Maria a inspiração. Surpreendam-se ao constatar seu vulgo e imagem em todos os seguimentos apontados no sumário acima. 
De acordo com Vera há uma agenda pré definida para lançamentos (sessão de autógrafos) e distribuição nas principais capitais do Nordeste. Em Aracaju ele está disponível nas Livrarias Escariz.


Para adquirir agora? 

VERA Ferreira
(79) 9191 4088 - malamp@hotmail.com


GERMANA Gonçalves de Ararújo
(79) 9198 1227 - germana_araujo@yahoo.com.br


Valor R$ 100 (Cem reais) Frete a consultar

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Coisas de Xangai

Eugênio Avelino ou o célebre cantador Xangai participou da edição especial com artistas nordestinos do programa Sarau, da Globo News, apresentado por Chico Pinheiro. Que também foi ao ar pela Globo Nordeste durante os festejos juninos deste ano. Xangai fala de sua origem e interpreta ou pelo menos deu uma palhinha de "INO NO CANGAÇO" (parceria com Ivanildo Vila Nova). Com "I" mesmo, pra entender o sentido, Confiram.

  
Quem deu o toque foi: Tuica

Xangai também interpreta uma cantiga de José Edison Dias que na minha opinião é uma das mais mais belas em se tratando de Cangaço, curtam ou conheçam "Rei do Sertão"

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O livro de Bassetti e Megale

Um monumento aos acontecimentos de Angico

Por Wescley Rodrigues 

Acabo de ler o livro “Lampião – Sua morte passada a limpo”, dos pesquisadores José Sabino Bassetti e Carlos César de Miranda Megale. Confesso que me surpreendi com a qualidade e a riqueza da obra. Como apaixonado pelo cangaço, que fez dessa paixão objeto dos meus estudos históricos, tenho acompanhado há alguns anos a produção bibliográfica que é publicada sobre a temática, e tenho que confessar que me surpreendo como estamos envoltos por obras extremamente pobres, repetitivas e, por vezes, que distorcem os acontecimentos criando causos e inverdades. Mas essa é a dinâmica do mercado, notoriedade, fama, e a possibilidade de alimentar o ego com o “título” de escritor.

No entanto, a referida obra, na minha opinião, se enquadra no seleiro das melhores já produzidas sobre o tema cangaço e, consequentemente, sobre o fatídico amanhecer de 28 de julho de 1938, dia em que o “Rei do Cangaço” teve a sua morte decretada, como também o cangaço recebeu seu golpe certeiro que levaria a desintegração e o seu extermínio posteriormente.

A priori pensava o que poderia apresentar de novidade naquelas páginas, haja vista tanto já ter sido falado a respeito de Angico e nenhuma conclusão palpável ter se chegado, sendo questionado até mesmo a morte de Lampião, a única certeza que poderíamos ter. Mas ao abrirmos as páginas dos livros, os nossos olhos vão passeando por uma narrativa extremamente rica, gostosa, e fácil. Sem teorias mirabolantes, sem conjecturas sem fundamentos, os autores vão trazendo versões e questionando a veracidade de tudo o que já foi dito usando para isso simplesmente a razão, despojando-se do seu amor pela temática e comprometendo-se com a verdade.

Presenteiam-nos com uma obra rara que condensa toda a discussão que ao longo desses 73 anos vem desafiando a história com os seus caminhos tortuosos, suas lacunas e perguntas sem respostas. As versões vão emergindo naturalmente, e com a maestria dos escritores eles conseguiram retirar dessas conjecturas as próprias contradições que desqualificariam a versão.

Acredito que a razão foi o ponto fulcral da obra, o olhar dos pesquisadores não se voltaram para o “achismo”, não se deixaram levar pelos depoimentos puro e simplesmente, mas questionaram as fontes, problematizaram, usaram métodos distintos para chegar a resolução dos problemas, exemplo que deve ser seguido por qualquer pesquisador do cangaço antes de lapidarem as suas obras, pois só através dos pressupostos do método historiográfico com crítica as fontes, fidelidade aos objetivos, imparcialidade, despojamento do amor pela temática, por mais difícil que isso seja, conseguiremos construir obras sólidas, que não só encantem o leitor, mas traga a tona a verdade, ou pelo melhor a verossimilhança do acontecido. Só assim vamos construindo o conhecimento e esclarecendo cada vez mais as tortuosas lacunas que ainda teimam em nos desafiar.

Prof. Ms. Wescley Rodrigues Dutra
Brasília - DF

Se você ainda não tem esta referencia em sua coleção: 

Sabino Bassetti: (11) 4029 4209 / 9795 8943
e-mail - sabinobassetti@hotmail.com

O preço é R$ 35,00 (trinta e cinco reais) já incluso o valor do frete

Personagens Terciários

Cosme de Farias


Major Cosme de Farias

Ele foi Major sem nunca ter servido as Forças Armadas e Advogado sem diploma de Bacharel. O último rábula da Bahia ficou conhecido pela astúcia ao defender os mais pobres nos tribunais. Cosme de Farias foi mais que um profissional do Direito preocupado com as causas sociais. Mesmo sem ter concluído o curso primário, foi pioneiro na luta contra o analfabetismo na Bahia. Deputado e Vereador, levou às últimas consequências seu ideal franciscano: morreu pobre, na tapera onde vivia na Quinta das Beatas, hoje bairro denominado:

Certo dia, o juiz Vicente Tourinho perguntou à platéia quem poderia defender um ladrão abandonado pelo advogado à beira do júri.

Um rapazola mulato, traços grosseiros e cara de menino ergueu-se e respondeu: "Eu". O voluntário não conhecia o processo e nunca encontrara o réu - negro e pobre, acusado de roubo de 500 réis - mas não concordava em vê-lo sem dar a sua explicação sobre os fatos

O rábula classificava como uma das suas causas mais difíceis a concessão do habeas-corpus para 36 grevistas, funcionários da Leste Brasileiro. Entre as mais famosas está a defesa de Sérgia Ribeiro da Silva, apelidada de "Dadá" e única mulher do cangaço a manipular armas.

Em 1942, Cosme impetrou recurso pela soltura da viúva do alagoano Corisco, o Diabo Louro. Dadá foi ferida na perna direita (mais tarde, amputada) e aprisionada pelas Forças Volantes, em 1940, numa ação encerrada com a morte do seu marido.

Açude: Blog Luiz Nassif

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Nota de solidariedade

Aos amigos de todo Brasil que estão nos enviando pedido de informações sobre o tão esperado lançamento do livro de Vera Ferreira e Germana Araújo informamos: 

Atendendo a seu convite estivemos na ultima Quarta-feira com Vera e fomos contemplados com um exemplar de BONITA MARIA do CAPITÃO.  Também conversamos sobre o desenvolvimento e parcerias especialíssimas que proporcionaram este virtuoso livro.

Capa

A divulgação estava prevista para iniciar de imediato, mas o momento em que nossa amiga ansiava por lança-lo oficialmente,  culmina com o agravamento do estado de saúde do seu pai o Sr. Manoel Messias Nunes Neto, 84 anos. 

Sim, o genro único do Rei do Cangaço encontra-se na UTI de um hospital na capital sergipana e a família Ferreira evidentemente está unida de corpo e alma acompanhando a dor do seu patriarca.  

Portanto evitando uma involuntária negligência em atender as encomendas pedimos em nome das autoras vossa compreensão.  
Ficamos aguardando instruções e autorização para vinculação da campanha.

Ao tempo em que rogamos à toda nação cangaceiróloga que neste momento direcionem suas orações para esta família em especial à Dona Expedita que tanto precisa de alento. 

Att. Kiko Monteiro
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Atualizado, Domingo 20 de Novembro às 11:50hs.

Por motivo de viagem estivemos fora de contato desde a Sexta-feira data do ocorrido, Sergio Dantas nos informou via email:
 
"Amigos, infelizmente o Sr. Messias faleceu na madrugada desta sexta-feira, dia 18 de novembro de 2011. Que sua alma descanse em paz e a família recebe o conforto espiritual que precisa".
 
Sérgio Dantas.'. 



Uniões que talvez estejam em extinção no nosso tempo.

Por Kiko Monteiro

Gostarimos de trazer a vocês uma boa noticia, mas enfim este é nosso caminho. A passagem, a viagem, a hora marcada... O adeus. 

Eis "o intervalo" de uma duradoura história de amor. Afinal foram mais de sessenta anos de convivência. 

Depois de 4 anos de "namoro" Dona Expedita Ferreira"casou-se" com Seu Messias com "dez anos de idade". Calma, eles se conheceram quando ela contava com apenas 6 aninhos e daí ficaram amiguinhos. 

Assim como muitos pais ou avós de nossos leitores Dona Expedita fora prometida ao marido ainda na infância. Mas só veio conhece-lo melhor e a de fato conviver com Seu Messias, oficializando o matrimônio, após a independência indo residir sozinha em Aracaju e reencontrou sua paixão. 

Com ele teve quatro filhos: Dejair "o primogênito", Vera, Gleuse e Iza. Sem esquecer das três netas: Karla, Gleusa e Luana.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Inácio Ferreira Lima

Descoberto mais um soldado de volante 
Por João de Sousa Lima



É Inácio Ferreira Lima, 98 anos, natural de Antas, Bahia residente em um povoado de Jeremoabo. Serviu nas volantes de Odilon Flor, tenente Santinho e Zé Soares. Participou inclusive do tiroteio que matou um dos Cacheados. Em breve teremos essa reportagem lançada em vídeo.

 João de Sousa, o volante Inácio Ferreira e Toinho de Juvininho.

Carteira de identidade de Seu Inácio

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Bibliografia cangaceira?

  1. Professor Pereira!
    Confiram o catálogo com novidades para o mês de Novembro/2011. 

    Livros novos ou usados. Sempre lembrando que aqui são listados somente títulos do Cangaço, se você também procura por Coronelismo; Messianismo: Canudos, Caldeirão. Por Padre Cícero; Luiz Gonzaga; Secas; Revolução de 30; História do nordeste... etc Basta solicitar uma cópia da listagem completa pelo franpelima@bol.com.br.

      

    AUTOR                              TÍTULO                   VALOR/OBS

    1. Abelardo F. Montenegro Fanáticos e Cangaceiros 2011 (Clássico) Lanç. 2ª Ed. /45,00 Novo
    2. Aglae Lima de Oliveira Lampião – Cangaço e Nordeste 2ª Ed. 1970 / 110,00 Bom estado
    3. Alcino Alves Costa Lampião Em Sergipe 2011 298 pág. / 50,00 Novo
    4. Alcino Alves Costa Lampião Além da Versão, Mentiras e Mistérios de Angicos 2011 3ª Ed. 410 pág. /40,00 Novo (Com frete incluso)
    5. Alcino Costa O Sertão de Lampião /45,00 Novo
    6. Alcino Costa Poço Redondo – A Saga de Um Povo 349 pág. /45,00 Novo
    7. Ana Cláudia Marques e outros Andarilhos e Cangaceiros 1999 233 pág. /30,00 Novo
    8. Anildomá Willans Lampião – Nem herói Nem Bandido /35,00 Novo
    9. Anildomá Willans de Souza Nas Pegadas de Lampião /30,00 Novo
    10. Antonio Amaury C. de Araújo Assim Morreu Lampião /20,00 Ótimo estado
    11. Antonio Amaury C. de Araújo Gente de Lampião – Sila e Zé Sereno 15,00 Novo
    12. Antonio Amaury C. de Araújo Lampião e as Cabeças Cortadas /50,00 Novo
    13. Antonio Amaury e Carlos Elydio Lampião, Herói ou Bandido? /22,00 Novo
    14. Antônio Amaury C. de Araújo Lampião, Segredos e Confidências do Tempo do Cangaço 3ª Ed. 2011 229 pág. / 50,00 Novo
    15. Antônio Barroso Pontes Cangaceirismo do Nordeste 1973 /35,00 Bom estado/envelhecido
    16. Antônio Barroso Pontes Sociologia do Trabuco 1981 119 pág. /22,00 Bom estado
    17. Antônio Corrêa Sobrinho O Fim de Lampião, O que Disseram os Jornais Sergipanos 2011 166 pág. /30,00 Novo
    18. Antônio Vilela de Souza O Incrível Mundo do Cangaço 2vol. /35,00 "cada".  Novo
    19. Billy Jaynes Chandler Lampião o Rei dos Cangaceiros /35,00 Bom estado
    20. Bismarck Martins de Oliveira Histórias do Cangaço-O Saque de Souza – PB 1924 /28,00 Novo
    21. Bismarck Martins de Oliveira O Cangaceirismo no Nordeste 2002 329 pág. /35,00 Novo
    22. Câmara Cascudo Flor de Romances Trágicos 185 pág /30,00 Bom estado
    23. Câmara Cascudo Notas e Documentos Para a História de Mossoró 299 pág. 40,00 Novo
    24. Cap. João Bezerra Como Dei Cabo de Lampião – "1983" 263 Pág. /150,00 Bom estado
    25. Carlos Lyra (entrevista) Nunca Matei Ninguém- Chico Jararaca /25,00 Novo
    26. Carlos Newton Júnior O Cangaço na Poesia Brasileira /30,00 Novo
    27. Cicinato Ferreira Neto A Misteriosa Vida de Lampião /30,00 Novo
    28. Claudio Aguiar Lampião e os Meninos 1994 125 pág. /20,00 Bom estado c/ carimbo
    29. Coleção Mossoroense Pequena Cantoria de Mário de Andrade e Câmara Cascudo para Lampião e Jararaca 103 pág. /30,00 Ótimo estado
    30. Daniel Lins Lampião – O Homem que Amava as Mulheres /25,00 Novo
    31. Djacir Menezes O Outro Nordeste /40,00 Bom estado/capa dura
    32. Edésio Rangel de Farias Cangaço e Polícia, Fatos e Feitos paraibanos 1995 56 pág. /20,00 Bom estado
    33. Élise Grunspan-Jasmin Lampião, Senhor do Sertão 2006 387 pág. /65,00 Ótimo estado
    34. Epitácio de Andrade Filho A Saga dos Limões, Negritude no Enfrentamento ao Cangaço de Jesuíno Brilhante 2011 92 pág. /35,00 Novo
    35. Estácio de Lima O Mundo Estranho dos Cangaceiros 1965 327 pág. /120,00 Bom estado
    36. F. Pereira Nóbrega (Pe.Pereira) Vingança Não /40,00 Novo
    37. Fred Navarro Assim Falava Lampião 1998 270 pág. /30,00 Bom estado
    38. Frederico Pernambucano de Mello Estrelas de Couro – Edição luxo. /100,00 Novo
    39. Frederico Pernambucano de Mello Quem Foi Lampião 1993 151 pág. /70,00 Ótimo estado
    40. Geraldo Ferraz Pernambuco no Tempo do Cangaço 2 vol. 1.024 pág. /130,00 Novo
    41. Geraldo Ferraz Theophanes F. Torres, Um Herói Militar 2004 250 pág. /45,00 Novo
    42. Gilbamar de Oliveira Bezerra A Derrota de Lampião (Mossoró) 2010 104 pág. /30,00 Novo
    43. Gouveia de Helias Dias Sem Compaixão 2010 178 pág. /25,00 Novo
    44. Gregg Narber Entre a Cruz e Espada: Violência e Misticismo no Brasil Rural 206 pág. /30,00 Ótimo estado
    45. Gustavo Barroso Terra de Sol /40,00 Novo
    46. Hilário Lucetti Histórias do Cangaço 115 pág. /40,00 Ótimo estado
    47. Honório de Medeiros Massilon /45,00 Novo
    48. Iaperi Araújo No Rastro dos Cangaceiros 2009 152 pág. /40,00 Novo
    49. Ilda Ribeiro de Souza Angicos- Eu Sobrevivi- Sila – SP 1997 /70,00 Ótimo estado
    50. Ilda Ribeiro de Souza e outro Sila, Uma Cangaceira de Lampião 126 pág. /45,00 Bom estado
    51. Isabel Lustosa De Olho em Lampião 2011 109 pág. /25,00 Novo
    52. Ivan Bichara Carcará- Romance Histórico - Ataque de Sabino Gomes a Cajazeiras em 1926 276 pág. /25,00 Bom estado
    53. Ivonaldo Guedes Lampião, Corpo Fechado 2007 183 pág. /30,00 Novo
    54. João Bezerra da Nóbrega Lampião e o Cangaço na Paraíba 2011 345 pág. /40,00 Novo
    55. João de Sousa Lima A Trajetória Guerreira de Maria Bonita /35,00 Novo
    56. João de Sousa Lima Moreno e Durvinha /35,00 Novo
    57. João de Sousa Lima e Juracy Marques (Org.) Maria Bonita- Diferentes Contextos Que Envolveram a Vida da Rainha do Cangaço 172 pág. /35,00 Novo
    58. Joaryvar Macedo Império do Bacamarte /50,00 Ótimo estado
    59. José Alves Sobrinho Lampião e Zé Saturnino, 16 anos de lutas /40,00 novo
    60. José Anderson Nascimento Cangaceiros, Coiteiros e Volantes /25,00 Ótimo estado
    61. José Geraldo Aguiar Lampião, O Invencível, Duas Vidas Duas Mortes (Lampião de Buritis) 2009 275 pág. /45,00 Novo
    62. José Peixoto Júnior Bom de Veras e Seus Irmãos (Os Marcelinos) /35,00 Novo
    63. José Sabino/César Megale Lampião, Sua Morte Passada a Limpo 2011 192 pág. /35,00 Novo
    64. Juarez Conrado Lampião- Assaltos e Mortes em Sergipe 2010 301 pág. /40,00 Novo
    65. Késsia Brito e outra O Mito de Lampião 47 pág. /15,00 Bom estado
    66. Leda Barreto Julião- Nordeste- Revolução /22,00 Bom estado
    67. Leonardo Ferraz Gominho Floresta, Uma Terra, Um povo 1996 382 pág. /50,00 Ótimo estado
    68. Leonardo Mota No Tempo de Lampião 2002 /40,00 Novo
    69. Leonardo Mota Sertão Alegre 2002 /30,00 Novo
    70. Leonardo Mota Violeiros do Norte 2002 /30,00 Novo
    71. Luitgarde Oliveira C. Barros A derradeira gesta: Lampião e os Nazarenos Guerreando no Sertão 2000 260 pág. /45,00 Novo
    72. Luiz Bernardo Pericás Os Cangaceiros /50,00 Novo
    73. Luiz Ruben F. Bonfim Lampião Conquista a Bahia 2011 422 pág. /45,00 Novo
    74. Luiz Ruben F. Bonfim Lampião e os Interventores 2007 236 pág. /35,00 Novo
    75. Luiz Ruben F A Bonfim Notícias Sobre a Morte de Lampião 166 pág. /35,00 Novo
    76. Luiz Ruben F. de A. Bonfim Lampião e os governadores /30,00 Novo
    77. Luiz W. Torres Lampião e o Cangaço /25,00 Ótimo estado
    78. Luiz Luna Lampião e Seus Cabras /40,00 Bom estado
    79. Manoel Benício O Rei dos Jagunços 1997 /25,00 Ótimo estado
    80. Marcos Medeiros A Caatinga Sustentou Campesino e Cangaceiros Cordel 16pg /5,00 Novo
    81. Marcos Vinícius Vilaça e outro Coronel, Coronéis 1978 225 pág. /30,00 Bom estado
    82. Maria Isaura P. de Queiroz História do Cangaço /25,00 Envelhecido/miolo bom
    83. Maria Isaura P. de Queiroz Os Cangaceiros 226 pág. /50,00 Bom estado
    84. Mariane L. Wieserbron Historiografia do Cangaço e o Estado Atual da Pesquisa Sobre Banditismo a Nível nacional e Internacional (Apostila) 28 pág. Coleção Mossoroense Série “A” /20,00 Bom estado
    85. Marilourdes Ferraz O Canto do Acauã - 2011 661 pág. /200,00 Novo
    86. Mario Souto Maior Antonio Silvino – Capitão de Trabuco /40,00 Novo
    87. Maximiano Campos Sem Lei, Nem Rei 1990 141 pág. /12,00 Ótimo estado
    88. Melchíades da Rocha Bandoleiros das Caatingas 178 pág. /40,00 Bom estado, envelhecido
    89. Melquíades Pinto Paiva Bibliografia Comentada do Cangaço vol. V 89 pág. /35,00 Novo
    90. Melquíades Pinto Paiva Ecologia do Cangaço / 35,00 Novo
    91. Miriam V. Garete Civilização e Barbárie no Sertões /25,00 Novo
    92. Napoleão Tavares Neves Cariri, Cangaço, Coiteiros e Adjacências 2009 131 pág. /30,00 Novo
    93. Nertan Macedo Lampião- Cap. Virgulino Ferreira – RJ – 5ªed. 1975 /30,00 Bom estado
    94. Nertan Macedo Sinhô Pereira- O Comandante de Lampião /45,00 Bom estado
    95. Nertan Macedo Floro Bartolomeu, o Caudilho dos Beatos e Cangaceiros 202 pág. /50,00 Ótimo estado
    96. Piragibe de Lucena Lampião, Lendas e Fatos 1995 86 pág. /40,00 Bom estado
    97. Raimundo Nonato Jesuíno Brilhante-O Cangaceiro Romântico /40,00 Novo 2007
    98. Raimundo Soares de Brito Nas Garras de Lampião 2006 161 pág. /40,00 Novo
    99. Ranulfo Prata Lampião /30,00 novo Ótimo estado: /20,00
    100. Raquel de Queiroz Lampeão, a Beata Maria do Egito- Teatro 1995 60 pág. /20,00 Ótimo estado
    101. Raul Fernandes A Marcha de Lampião, assalto a Mossoró. /40,00 Novo
    102. Raul Fernandes Ultimato de Lampião e Resposta de R. Fernandes /15,00 Novo
    103. Renato Phaelante Cangaço – Um Tema na Discografia da MPB 97 pág. /40,00 Novo
    104. Revista de Hist. Biblioteca Nac. Cangaço na Terra do Sol (nº 03 – 2005) /20,00 Ótimo estado
    105. Rodrigues de Carvalho Lampião e a Sociologia do Cangaço /80,00 Ótimo estado
    106. Rodrigues de Carvalho Serrote Preto 1961 e 1974 /70,00 Bom estado
    107. Roberto Tapioca Lampião, o Mito 2004 112 pág. /25,00 Ótimo estado
    108. Rosa Bezerra A Representação Social do Cangaço /40,00 Novo
    109. Rui Facó Cangaceiros e Fanáticos /25,00 Bom estado
    110. Sérgio Dantas Lampião - Entre a Espada e a Lei /60,00 Novo
    111. Severino Barbosa Antônio Silvino – O Rifle de ouro /80,00Reg. Bom estado /100,00
    112. Sousa Neto José Inácio do Barro e o Cangaço (Major Zé Inácio do Barro) 2011 223 pág. /30,00 Novo
    113. Souza Barros A Década de 20 em Pernambuco /40,00 Bom estado
    114. Tânia Maria de S. Cardoso Cordel, Cangaço e Contestação 2003 99 pág. /25,00 Bom estado
    115. Ulysses Lins Três Ribeiras 1971 /35,00 Bom estado
    116. Ulysses Lins Um Sertanejo e o Sertão- Moxotó Brabo- Três Ribeiras (3 em 1) /40,00 Ótimo estado
    117. Valter Roitman Cangaceiros – Crime e Aventura no Sertão 1997 48 pág. /18,00 Ótimo estado
    118. Vera Ferreira /Antonio Amaury De Virgolino a Lampião Ed. 1999 e 2010 /50,00 Ótimo estado e Novo
    119. Vera Ferreira/Antonio Amaury O Espinho do Quipá /45,00 Bom estado
    120. Vilma Maciel Lampião- Análise de suas Características Líder /20,00 Novo
    121. Zenon Gomes da Costa Lampião e Seus Comparsas, Como Tudo Aconteceu, Memórias de Um Militar 2001 52 pág. /40,00 Bom estado

    Segue a relação de alguns títulos da “Coleção Mossoroense” Série “B” – Que são Plaquetas ou Folhetos, semelhante a uma apostila. São publicações de Palestras, Artigos, Pequenas Biografias, Crônicas, pequenos registros de Fatos históricos, entre outros. 

    - Depoimento Sobre Lampião em Mossoró – Laire Rosado - 13 pág. Ótimo estado – 5,00
    - Jesuíno Brilhante - Câmara Cascudo – 23 pág. – Ótimo estado – 12,00
    - Jararaca – Câmara Cascudo – 20 pág. Ótimo estado – 12,00
    - A Versão Oficial Sobre Lampião – José Romero A. Cardoso – 12 pág. Ótimo estado – 12,00
    - Viajando o Sertão-(RN) Câmara Cascudo – 61 pág. Ótimo estado – 15,
    - Cangaço e Coiteiros – Oswaldo Lamartine – 7 pag. Ótimo estado – 5,00. OBS. Pequeno conteúdo para título tão importante.
    - Breve Histórico do Cangaço e das Secas no RN. Gutenberg Costa – 37 pág. Ótimo estado – 15,00
    - Bibliografia Sobre Cangaço Cangaceirismo no Boletim Bibliográfico e na Coleção Mossoroense – Isaura Ester F. R Rolim – 10 pág. 5,00
    - Cangaço e Organização da Cultura, Caso da 1ª Biografia de Lampião – José R A Cardoso – 30 pág. Ótimo estado – 10,00
    - O Frustado ataque de Lampião a Mossoró- Diógenes Magalhães – 8 pág. Ótimo estado – 6,00
    - O Mito de Lampião – Visão Histórica e Literária – Kécia B de Figueiredo e Terezinha H M Costa - 48 pág. Ótimo estado – 12,00
    - Três Crônicas Sobre o Treze de Junho (1927) Vingt-Un Rosado - 11 pág.– Bom estado – 5,00
    - Ataque de Lampião a Mossoró Através da Literatura de Cordel – Veríssimo de Melo – 6,00

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    Não deixe de adquirir a 3ª edição de
    "Lampião Além da Versão, Mentiras e Mistérios de Angico" do nosso estimado amigo Alcino Alves Costa.
    A presente obra foi produzida em Cajazeiras, PB
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    LITERATURA DE CORDEL- EDITORA LUZEIRO
    Folhetos NOVOS com 32 páginas. Preço R$ 4,00 cada.

    - Leandro Gomes de Barros - A Confissão de Antônio Silvino e Como Antônio Silvino Fez o Diabo Chorar.
    - Manoel D’Almeida Filho - Zé Baiano – Vida e Morte.
    - Antônio Teodoro dos Santos - Lampião, o Rei do Cangaço.
    - Antônio Teodoro dos Santos – O Encontro de Lampião com Dioguinho.
    - Antônio Teodoro dos Santos - Maria Bonita a Mulher do Cangaço.
    - Manoel D’Almeida filho - A Volta de Lampião ao Inferno.
    - Enéias Tavares Santos - O Cangaceiro Isaías
    - Rodolfo Coelho Cavalcante – A Chegada de Lampião no Céu.
    - Nogueira de Acopiara - Lampião e padre Cícero Num Debate Inteligente – Lampião Absolvido.
    - Antônio Américo de Medeiros – Lampião- A Sua História Contada Toda em Cordel.
    - Minelvino Francisco da Silva – O Cangaceirismo do Nordeste.
    - Manoel D’Almeida Filho - O Encontro de Lampião Com Adão no Paraíso – Lampião Fez Justiça.
    - Manoel de D’Almeida Filho - Vida, Vingança e morte de Corisco.
    - José Pacheco - A Chegada de Lampião no Inferno – A Grande Luta de Lampião Com a Moça Que Virou Cachorra.
    - Manoel D’Almeida Filho - Os Cabras de Lampião.
    - José Camelo de melo Resende – Uma das maiores Proezas Que Antonio Silvino Fez no Sertão de Pernambuco + A Confissão de Antônio Silvino + Como Antônio Silvino Fez o diabo chorar.
    -Jotabarros – Lampião e Maria Bonita no Paraíso – Lampião governo Geral do Inferno.  

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    Att. Professor Pereira
    Cajazeiras/PB

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Imprensa e cangaço

Noticias do Cangaço no Ceará, nas páginas da revista Fon-Fon

By Rostand Medeiros


 Fonte - http://wp.clicrbs.com.br

Quando se pensa em pesquisa sobre o tema cangaço, normalmente o campo de busca de um garimpeiro da história seria uma hemeroteca, ou a documentação governamental de algum arquivo público, ou os arquivos dos institutos históricos existentes nos estados onde ocorreu este fenômeno de banditismo rural. Sem esquecer das pesquisas de campo e o que ficou da tradição oral.

Existem vários caminhos, mas um dos mais interessantes e que eu acreditava serem menos propensos a existir algo relativo ao cangaço, seriam as páginas da revista Fon-Fon. E realmente existem interessantes referências sobre cangaceiros nesta revista de variedades.

Dando um chute bem largo na história, seria mais ou menos como se hoje fosse realizado um debate sobre a problemática dos assaltos a bancos nas grandes cidades brasileiras, utilizando para isso as páginas da revista “Caras”.

Um Marco na Imprensa Brasileira

Durante o século XIX, em praticamente todo o Mundo as revistas ricamente ilustradas tornaram-se moda. Os causos, curiosidades e outros assuntos relacionados a modernidade, como moda nos bailes, automóveis, aviação, eram matérias para estas revistas.

Seguindo a tendência é criada a revista Fon-Fon no Rio de Janeiro em 13 de abril de 1907. Em relação ao nome “Fon-Fon”, é uma simples onomatopeia do som produzido pelas buzinas dos carros da época.

http://wp.clicrbs.com.br

O foco da revista tinha um olhar irônico em relação ao dia a dia e aos fatos do Brasil considerado moderno. O enfoque dado às imagens era outra de suas principais características. Até mesmo gênios de nossa pintura, como Di Cavalcante, foi um de seus colaboradores. Em suas páginas foram celebrizados ilustradores como Nair de Tefé, J. Carlos, Raul Pederneiras e K. Lixto.

Eram mostradas as últimas novidades da moda em Paris, que na época já era o maior centro de elegância do mundo em matéria de modas femininas e infantis.

Além de moda a revista tratava de estilos e das rápidas mudanças que ocorriam na sociedade brasileira. Mas é inegável que o maior enfoque, era em relação à vida social carioca. Para a pesquisadora Fabiana Macena, a revista Fon-Fon se torna um importante documento para auxiliar o entendimento das táticas e relações comportamentais dos atores sociais da época.[1]

É neste interessante periódico que vamos encontra dois artigos sobre o cangaço.

Cangaço na Fon-Fon

No exemplar que circulou em 14 de abril de 1928, um sábado, na seção “Commentarios da Semana”, temos um texto que se inicia desta maneira;

Fon-Fon, 14 de abril de 1928

“O Ceará está na ordem do dia da imprensa carioca e quiçá da do Mundo. Infelizmente não pelo brilho da inteligência inegável de seus prosadores e poetas, nem pela excelência de sua administração e nem por outros motivos auspiciosos, mas pela miséria de sua politicalha e pela selvageria de seus crimes.”

O autor destas letras comenta que através de inúmeras notícias vindas daquele estado, este se encontrava “fora da ordem e da lei”. Um dos principais fatores apontados para a uma pretensa crise política e social era a questão do cangaço.

No texto encontramos uma forte crítica na maneira como as forças de segurança cearenses estavam levando adiante a luta contra os cangaceiros.

É comentada uma notícia publicada no jornal “O Povo”, de Fortaleza, edição de 15 de março, informando o saque realizado por policiais no povoado de Girau.

Esta povoação se desenvolveu a partir da fundação de uma estação ferroviária em 1907, localizada a alguns quilômetros da cidade de Senador Pompeu, fazendo parte da chamada Linha Sul e pertencente à Rede de Viação Cearense[2].

 Antiga estação de Girau
Fonte - http://www.estacoesferroviarias.com.br

No artigo não encontramos maiores detalhes deste episódio. Mas ele deixa claro para a população carioca, o principal público da Fon-Fon, que diante da brutalidade, do saque e dos roubos praticados por membros das forças de segurança, era natural que sertanejo cearense sentisse uma certa inclinação a favor dos bandidos e fazendo com que alguns fornecessem proteção aos cangaceiros.

Para o articulista, a forma de combater o cangaço era equivocada. Enquanto os soldados simplesmente aguardavam a chegada dos meliantes, estes eram rápidos em seus deslocamentos. Bem montados em alimárias, percorriam grandes distâncias em pouco tempo e realizavam suas ações de forma inesperada.

O autor informa que os militares envolvidos nas operações contra os cangaceiros ganhavam vencimentos tão miseravelmente baixos, que o saque oficial, a arrecadação dos chamados “tributos de campanha”, era uma consequência para se evitar a fome. Além do mais ficava difícil acreditar que estes soldados combatessem seriamente os cangaceiros recebendo apenas 3.000 réis por dia[3].

Na edição de 5 de maio de 1928 da Fon-Fon, encontramos o subtítulo “O Penhomeno do Banditismo”, igualmente publicado na seção “Commentarios da Semana”, onde o autor afirma que o cangaceiro do Nordeste seria um herói abortado. Para o articulista este cangaceiro do sertão, possuidor de enorme energia natural, sem direcionamento, se perde na pobreza e no atraso que vivia a região.

Apontava que para vencer o cangaço não seriam necessários os tiros e as baionetas dos militares. Mas teria que ser dado trabalho organizado pelo governo junto aos sertanejos, principalmente na construção de açudes, na abertura de estradas e sem esquecer-se de trazer educação para esta gente tão sofrida. Estas seriam armas muito mais poderosas para acabar com o cangaceirismo.

O autor não tinha nenhuma dúvida em apontar o grande culpado dos problemas relacionados ao cangaceirismo no interior do Ceará; o governo estadual.

A Luta Contra o Cangaço no Ceará, na Visão do Governo Estadual

Nesta época estava a frente do executivo cearense o desembargador José Moreira da Rocha, tendo realizado um dos governos mais polêmicos da história do Ceará. Ele dirigiu o estado entre 1924 a 1928, seguindo uma linha conservadora. Foi acusado entre outras coisas de ser autoritário, praticar o nepotismo e desviar verbas públicas.

Moreira da Rocha
Fonte - http://www.enciclopedianor-deste.com.br

Na área de repressão ao cangaço, a atuação das forças de segurança durante o governo Rocha tiveram seu grande ápice em 1927, durante a perseguição ao bando de Lampião, após este ter invadido o território potiguar e ter realizado o frustrado ataque contra a cidade de Mossoró.

Na sua mensagem a Assembleia Legislativa do Ceará, enviada em 19 de maio de 1928, Rocha enalteceu a dura perseguição ao bando, comentando de forma positiva os combates da Serra da Micaela, no município de Jaguaribe e na área do município de Aurora.

Serra da Micaela em foto atual
Fonte - http://www.flickr.com - Foto de Ranulfo Alexandre

Na Mensagem, os atos de bravura e os nomes dos militares mortos foram enaltecidos. O 2º sargento José Antônio do Nascimento e o 3º sargento Eurico Rocha foram promovidos a 2º tenente. Também por ato de bravura, Antônio Pereira do Nascimento foi confirmado no posto de 2º tenente. Este militar recebeu ferimentos no combate contra os cangaceiros ocorrido no lugar “Vaca Morta”.

Além das promoções a Mensagem informava que no mesmo combate na “Vaca Morta”, tombaram os cabos de esquadra Raymundo José Augusto e Manoel da Silva Britto, além dos soldados José Felix do Monte e Aprígio José da Silva.

Outro ponto muito enaltecido pela Mensagem do governador Rocha, diz respeito à fuga do grupo do cangaceiro Massilon para o Piauí e o desmantelamento do bando do cangaceiro João Marcelino.[4]

Jornal "Diário de Natal", 16 de janeiro de 1928

Este último chefe cangaceiro e parte dos seus homens, aliados de Lampião na invasão ao Rio Grande do Norte, foram na verdade friamente fuzilados pelo sargento José Antônio e seus soldados, no dia 5 de janeiro de 1928, próximo ao Sítio Alto do Leitão. Esta propriedade fica nas imediações da velha estrada que liga as cidades de Barbalha ao Crato. Consta que no local os cangaceiros foram obrigados a cavarem suas próprias sepulturas e depois fuzilados sem piedade.

Os Problemas na Ação Policial Contra os Cangaceiros

Apesar de todo o sacrifício dos militares e do clima ufanista transmitido pela Mensagem do governador Rocha, muito distante das críticas publicadas na Fon-Fon, outra fonte já apontava os problemas das forças de segurança cearenses nestes episódios.

E era o relato transmitido por um oficial da polícia potiguar.

"Diário de Natal" 24 de agosto de 1927

Nos dias 24 e 25 de agosto de 1927, foi reproduzida no jornal “Diário de Natal” uma entrevista concedida pelo tenente Joaquim Teixeira de Moura ao jornal mossoroense “Correio do Povo”. Este militar, junto com os tenentes Laurentino de Moraes e Sólon de Andrade, a frente de 100 homens da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, estiveram perseguindo Lampião e seus cangaceiros em território cearense.

Esta tropa ficou sob o comando do major Moysés Leite de Figueiredo, da polícia cearense. Além das forças potiguares e cearenses, estava sob o comando do major uma volante paraibana comandada pelo tenente Costa e pelo sargento Clementino Quelé. Moura afirmou que mais de 300 policiais estavam atuando contra os cangaceiros.

Na entrevista o oficial potiguar comenta o desenrolar das ações, narra a morte dos policiais cearenses e o ferimento do 2º tenente Pereira. A partir de certo ponto da entrevista, Moura não poupou o major Moysés de fortes críticas.

Ele inicia afirmando que Moysés não andava fardado, que depois de um determinado combate não deixou que os policiais potiguares realizassem buscas na região onde estavam os cangaceiros. Moura colocou o major Moysés no rol dos covardes, afirmando que o mesmo ficava a certa distância da linha de tiro e que em determinada hora transferiu o comando a um tenente chamado Firmo.

 Joaquim Teixeira de Moura 
Fonte - http://coronelangelodan-tas.blogspot.com/

Um fato grave entre as declarações de Moura foi que o major Moysés era cunhado do chefe político Isaias Arruda, da fazenda Ipueira, município de Aurora. Este é considerado um dos maiores, ou o maior, coiteiro de Lampião no Ceará.

Mas a pior acusação do tenente Moura contra o major Moysés foi que o oficial cearense teria articulado junto ao governador Rocha para encerrar a perseguição, justamente no momento que as forças policiais preparavam-se para atacar Lampião em uma propriedade de Arruda.

Esta situação causou uma tremenda revolta em grande parte dos oficiais militares presentes, segundo as declarações de Moura.

 Oficiais da PM potiguar 
Fonte - http://coronelangelodantas.blogspot.com/

Não sabemos se nas linhas do autor do artigo da Fon-Fon, quando comenta sobre a “miséria de sua politicalha” existente no Ceará, tinha alguma relação com as declarações de Moura.[5]

Mudanças

No dia 24 de outubro de 1927, enfermo, o governador Rocha pediu licença à Assembleia Legislativa para se afastar do executivo cearense. Esta permissão lhe foi concedida em 19 de maio de 1928. Rocha então seguiu para Recife, deixando que Eduardo Henrique Girão, então presidente da Assembleia Legislativa, assumisse o governo cearense[6].


Não sei se estas reportagens da Fon-Fon tiveram repercussões na Capital Federal, ou se tiveram maior eco no Ceará, ou se serviram de combustível para a Assembleia Legislativa do Ceará em conceder o afastamento de Rocha do seu cargo.

Mas o certo é que o novo governador do Ceará, José Carlos de Matos Peixoto, empossado em 12 de julho de 1928, já no seu primeiro ano na nova função, realizou uma grande mudança no aparato de segurança cearense. Criou a Secretaria de Polícia e Segurança Pública, desencadeou reformas na Polícia Militar e foram realizadas novas incursões contra o cangaceirismo no estado. Para o comando da Polícia Militar foram empossados os capitães do Exército Edgard Facó e Rodolpho Augusto Jourdan[7].

Um Grande Conhecedor do Cangaço

Lendo os inúmeros exemplares da revista Fon-Fon (colocados a disposição do público pela Biblioteca Nacional, já digitalizados, através do link http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_periodicos/fonfon/fonfon_anos.htm), vemos que fatos ligados a região Nordeste são pouco vistos em suas páginas. Enfim era uma área do Brasil distante da então Capital Federal, pobre e cheia de problemas. Então é de se estranhar que o tema cangaço seja inserido em páginas tão pouco destinadas a tratar deste assunto.

 Gustavo Barroso 
Fonte - http://construindohistoriahoje.blogspot.com

Apesar dos artigos aqui analisados não trazerem o nome do autor, não temos dúvida em apontar que estas referências ao cangaço foram publicadas na revista através da ação do advogado e jornalista cearense Gustavo Dodt Barroso.[8]

Este nasceu na capital alencarina em dezembro de 1888. Foi advogado, professor, político, contista, folclorista, cronista, ensaísta e romancista. Depois se mudou para o Rio de janeiro. Na literatura, usando o pseudônimo de João do Norte, lançou com apenas vinte e três anos o livro “Terra de sol”, um ensaio sobre a natureza e os costumes do sertão cearense.

Em 1916 ele entra para os quadros da revista Fon-Fon em 1928 vamos encontrá-lo na função de Redator-Chefe.

Nesta época Barroso já havia escrito o livro “Heróis e bandidos-Os cangaceiros do Nordeste” (Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1917). Em 1930 publicaria “Almas de lama e aço – Lampião e outros cangaceiros” (São Paulo: Ed. Melhoramentos, 1930), mostrando que ele conhecia e analisava o assunto com profundidade.

Para o folclorista pernambucano Mário Souto Maior, Gustavo Barroso soube estudar as causas do cangaço, a sua ambiência, a sua época, com uma penetração sociológica pouco comum àquele tempo.

Para Souto este escritor nordestino soube analisar o homem e o meio para, a seu modo, embora um tanto ou quanto controverso, apontar as principais causas que originaram e alimentaram, por mais de cinco décadas, o flagelo do cangaço no chamado polígono das secas[9].

Estes dois artigos na revista Fon-Fon não são os únicos que tratam do tema cangaço neste periódico. Existem outras referências, que acredito terem sido igualmente realizadas por Gustavo Barroso. Isso mostra de certa maneira, o quanto este assunto já possuía penetração na imprensa da Capital Federal, que só cresceu ao longo dos anos posteriores.

Aponta também sobre a existência de novas fontes documentais de informações sobre o cangaço e como a pesquisa do assunto pode ser mais ampla.

Para finalizar; Joaquim Teixeira de Moura foi extremamente duro em suas críticas ao major Moysés, mas se o assunto é covardia, pior foi o caso da morte do cangaceiro Chico Pereira, em Currais Novos, em outubro de 1928. Neste dia Chico Pereira foi friamente trucidado pelo tenente Moura e a escolta que deveria transportá-lo a Acari. Foi uma grande mácula em uma carreira onde não faltaram atos de extrema valentia e mostras de capacidade.
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[1] MACENA, Fabiana. “Madames, mademoiselles, melindrosas: representações femininas na revista Fon-Fon (1920-1930)”. Viçosa, UFV. Revista de História Contemporânea, nº2, mai. a out. 2008.
[2] Girau é o atual município de Piquet Carneiro, localizado a 332 quilômetros de distância de Fortaleza.
[3] Para efeito comparativo, 2.000 réis era o preço de uma entrada para uma poltrona no Cine-Theatro Carlos Gomes em Natal. Ver jornal “A Republica”, 4 de novembro de 1928, pág. 4.
[4] Ver “Mensagem enviada a Assembleia Legislativa do Ceará, pelo Desembargados José Moreira da Rocha, Presidente do Estado, 1928”, páginas 48 a 52.
[5] Para quem desejar conhecer esta reportagem na íntegra, a mesma se encontra na hemeroteca do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do norte, situado a Rua da Conceição, 662, Centro, Natal.
[6] Logo após Rocha renunciou ao seu mandato.
[7] Ver “Mensagem apresentada pelo Presidente do Estado do Ceará a Assembleia Legislativa e lida na abertura da 1ª seção ordinária da decima legislatura”, 1929, Ed. Tipografia Gadelha, Ceará, págs. 12 a 15.
[8] A obra e a verdadeira prestação de serviços de Barroso a cultura brasileira são enormes. Barroso escreveu em vários jornais e revistas de Fortaleza e do Rio de Janeiro inúmeros artigos, crônicas e contos, além de desenhos e caricaturas. Publicou mais de cento e vinte e oito livros, com trabalhos que abrangem desde história, folclore, ficção, biografias, memórias, política, arqueologia, museologia, economia, crítica e ensaio, além de dicionário e poesia. Além de João do Norte, utilizou os pseudônimos Nautilus, Jotanne e Cláudio França. Foi deputado federal pelo seu estado natal e exerceu inúmeros cargos públicos, tendo atuado como diretor do Museu Histórico Nacional. Torna-se membro da Academia Brasileira de Letras com apenas 35 anos de idade. Nesta instituição exerceu vários cargos, culminando com o de presidente, com mandatos em 1932, 1933, 1949 e 1950. Em 1941 foi designado, juntamente com Afrânio Peixoto e Manuel Bandeira, para coordenar os estudos e pesquisas relativos ao folclore brasileiro. Além da A.B.L. foi membro de várias outras academias e sociedades científicas. Entre estas a Academia Portuguesa da História; a das Ciências de Lisboa; a Royal Society of Literature de Londres; a Academia de Belas Artes de Portugal; a Sociedade dos Arqueólogos de Lisboa; o Instituto de Coimbra; a Sociedade Numismática da Bélgica, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e de vários estados brasileiros; e das Sociedades de Geografia de Lisboa, do Rio de Janeiro e de Lima. Gustavo Barroso faleceu no Rio de Janeiro em 3 de dezembro de 1959. (Ver – http://www.alfredo-braga.pro.br/discussoes/gustavobarroso.html).
[9] Ver http://bvmsm.fgf.org.br/obra/livros/020501-00042-introducao.pdf