quinta-feira, 28 de julho de 2011

Foi há 73 anos, exatamente numa Quinta-feira...

O fim da história
Gilberto Gil

Não creio que o tempo venha comprovar
Nem negar que a História possa se acabar
Basta ver que um povo derruba um czar
Derruba de novo quem pôs no lugar.

É como se o livro dos tempos pudesse
Ser lido trás pra frente, frente pra trás
Vem a História, escreve um capítulo
Cujo título pode ser "Nunca Mais".

Vem o tempo e elege outra história, que escreve
Outra parte, que se chama "Nunca É Demais"
"Nunca Mais", "Nunca É Demais", "Nunca Mais"
"Nunca É Demais", e assim por diante, tanto faz.
 
Indiferente se o livro é lido
De trás pra frente ou lido de frente pra trás
Quantos muros ergam como o de Berlim
Por mais que perdurem sempre terão fim.

E assim por diante nunca vai parar
Seja neste mundo, ou em qualquer lugar.

Por isso é que um cangaceiro
Será sempre anjo e capeta, bandido e herói
Deu-se notícia do fim do cangaço
E a notícia foi o estardalhaço que foi.
 
Passaram-se os anos, eis que um plebiscito
Ressuscita o mito que não se destrói
Oi, Lampião sim, Lampião não, Lampião talvez
Lampião faz bem, Lampião dói
Sempre o pirão de farinha da História
E a farinha e o moinho do tempo que mói.

Tantos cangaceiros como Lampião
Por mais que se matem, sempre voltarão
E assim por diante, nunca vai parar
Inferno de Dante, Céu de Jeová.

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