sábado, 30 de janeiro de 2010

Zé de Julião

O cangaceiro e o homem 
(*) Por Rangel Alves da Costa


Se é verdade que o homem nasceu não somente para passar pela história, mas sim para construí-la, a partir do significado de suas realizações, podemos conceber a vida desse sertanejo como personagem incomum, dentro de suas duas vidas nas brenhas áridas desse sertão de meu Deus: o cangaceiro e o homem. Eis Zé de Julião e todas as vidas de um sertanejo.

Não é nenhum assombro tudo de grandioso que se queira falar dele, pois na história dos grandes e destemidos homens nordestinos, certamente uma de suas páginas épicas retratará com orgulho a vida e os feitos corajosos de José Francisco do Nascimento, o Zé de Julião para os seus conterrâneos, ou ainda Cajazeira, nome de batismo no bando de Lampião.

Zé de Julião, nascido num Poço Redondo caracterizado pela pobreza e longas estiagens, teve melhor sorte que a grande maioria das crianças do lugar. Seus pais, Julião do Nascimento e Constância do Nascimento, eram fazendeiros, possuidores de muitas terras e rebanhos. Contudo, crescer em meio ao sertão rodeado de explorados e exploradores, soldados desumanos e jagunços atrevidos, certamente faria brotar no jovem um destino muito além do que ser simplesmente herdeiro das riquezas de seus pais.

Naqueles idos de 1928, ter qualquer coisa que se afeiçoasse a riqueza era também ter a certeza de involuntariamente submeter-se à exploração da volante e dos bandos cangaceiros. Ora, era sempre mais confiável garantir a vida doando dinheiro ou outros bens. Contudo, foram as contínuas explorações que fizeram com que o pai de Zé de Julião se mudasse para outra localidade. Mesmo casado com a sua Enedina, o rapaz segue o pai.

Entretanto, numa das vezes que jogava baralho com amigos é reconhecido por soldados da volante que, acostumados a tomar dinheiro fácil de seu pai, querem fazer o mesmo com ele. Isto o revolta profundamente; passou a ter profundo ódio por aquele tipo de gente. Porém, o fato mais marcante foi a decisão que tomou diante daquilo que tinha por absurdo: criou impulso e encorajamento para entrar no bando de Lampião, que vivia por aquelas redondezas. Com a decisão tomada, sua esposa Enedina resolve acompanhá-lo na perigosa aventura.
Ao ser aceito como integrante do bando do mais famoso e destemido dos cangaceiros, Zé de Julião é prontamente apelidado de "Cajazeira"; sua esposa continua com o mesmo nome, "Enedina". Assim, integrado ao bando, logo começou a demonstrar ser um dos mais valentes e corajosos. A cada empreitada sertaneja que tomava curso o seu prestígio ia crescendo em meio aos demais.

Ao lado da esposa e fiel companheira na aridez das caatingas, fazia planos para conquistas maiores, vez que imbatíveis naquela guerra sertaneja. E talvez por isso isso mesmo jamais lhe passou pela cabeça o que viria a acontecer naquela sonolenta e triste manhã de 28 de julho de 1938, na Grota do Angico, às margens do Velho Chico. Quando a volante comandada pelo Cabo João Bezerra atacou e matou Lampião e Maria Bonita e mais nove cangaceiros, sua querida Enedina prostrou-se como uma das vítimas. Desesperado, conseguiu romper o cerco e fugir.

O que restou do bando de Lampião ficou totalmente esfacelado, com alguns cangaceiros se entregando à polícia e a maior parte passando a viver em contínua fuga, buscando se esconder daquela realidade. Não havia a menor possibilidade de reagrupamento. O seu líder estava morto; o cangaço de verdade havia morrido também. E nesse contexto de tristeza e luta com o outro lado da realidade, o que faz Zé de Julião/Cajazeira é fugir, passando a viver na duvidosa proteção de alguns conhecidos da região.

Verdade é que vagueou por algum tempo pelo estado da Bahia até se abrandarem os ânimos das perseguições, retornando após para Poço Redondo. Era filho de lá, tinha família e amigos ali, assim não haveria destino melhor, pensou. Assim, tendo retornado ao seu berço sertanejo, casa-se com uma irmã de sua falecida esposa. Contudo, a paz tão ardorosamente esperada não chega, pois as perseguições policiais continuam. Como para cumprir seu destino de andante, abandonar o lugar seria a única solução para fugir das garras dos famigerados perseguidores.

Seu destino, ao lado da esposa, agora é Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro. Por lá tinha também parentes e conhecidos, e por isso mesmo fixa residência sem maiores problemas. Porém, como sempre acontece com quem tem os pés enraizados na terra sertaneja, depois de alguns anos a saudade começou a rebentar-lhe o coração. Ficar seria por demais dolorido; retornar seria preciso. Ademais, tomou conhecimento que seu pai havia falecido, o que o deixa ainda mais transtornado e com pressa de voltar para casa. E foi isto que fez.

Já nas terras sergipanas, passa a residir numa fazenda herdada do pai. A situação parece bem diferente, mais calma e tranquila, e assim vai tecendo sua vida de amizade com todo mundo. Por consequência, vê sua influência política crescer fortemente na região. Registre-se que nessa época Poço Redondo ainda não tinha sido elevado à categoria de município, continuando a ser distrito de Porto da Folha.

Com o desmembramento de Poço Redondo em 1953 e as primeiras eleições municipais sendo marcadas para o dia 3 de outubro de 1954, o ex-cangaceiro lança-se como candidato a prefeito pelo PSD. Sua influência política havia crescido a tal ponto que ele mesmo imaginava que não haveria opositores. Se as forças políticas do novo município estavam unidas em torno de seu nome, logicamente que aquela eleição seria apenas um ato confirmatório.

Contudo, como sempre ocorre em política, ledo engano. Eis que surge um político de Porto da Folha, Artur Moreira de Sá, como candidato pelo PR, apoiado por alguns setores da comunidade poço-redondense e outros políticos da esfera estadual. Havia ainda um candidato pela UDN, mas a disputa polarizou-se mesmo foi entre Zé de Julião e Artur Moreira de Sá.

Chegado o dia da eleição, os dois candidatos dão como certa a vitória. Verdade é que o pleito mostrou a força paralela que os dois principais candidatos tinham, com uma disputa acirrada e sem se cogitar mais em apontar um favorito. E isso foi demonstrado quando as urnas foram abertas, pois o resultado final deu empate: 134 a 134. Todavia, sendo Artur Moreira de Sá mais velho do que Zé de Julião, o candidato pelo PR foi aclamado como vitorioso e nessa condição toma posse como primeiro prefeito de Poço Redondo.

Para Zé de Julião, a derrota foi totalmente inesperada, principalmente diante do cenário que há alguns meses havia previsto. Derrotado pelo fator idade, porém contaminado ainda pela febre da política. Assim, ao invés de ficar no seu canto esperando sua vez, procurou entrar logo em campo como se a próxima campanha estivesse se avizinhando. Como fruto dessa insistência, seu nome ficou cada vez mais fortalecido e parecia imbatível no pleito vindouro.

Tendo alcançado mais experiência, lançou-se novamente candidato a prefeito. Sabia que novos e desagradáveis fatos poderiam surgir a qualquer instante, como ocorreram na outra eleição, mas o que mais lhe preocupava era a possibilidade de que a eleição fosse fraudada para eleger, a qualquer custo, o candidato da UDN, Eliezer Santana.

E não deu outra. Quem era seu eleitor assumido não poderia votar, pois não fizeram a entrega dos títulos, sob a alegação de que o alistamento tinha apresentado problemas; diversas outras dificuldades começaram a pontuar a situação. Até mesmo o judiciário buscava deliberadamente dificultar a vida do ex-cangaceiro. As manobras que foram sendo verificadas, todas elas eram no sentido de favorecer o candidato opositor. Tal situação indignou a maior parte da população e principalmente o candidato Zé de Julião. E foi nesse contexto que o tino cangaceiro tomou o lugar do político.

O que fazer então, se as ações fraudulentas estavam escancaradas e nenhuma autoridade séria havia para dar um basta naquela vergonha toda? Não tinha jeito; como o palco estava montado era derrota certa. Atinou e atinou e decidiu que se os seus eleitores, na sua grande maioria, estavam impedidos de participar do pleito, os correligionários do outro candidato também seriam impedidos. Mas como fazer isto? Só mesmo invadindo as seções eleitorais e roubando as urnas, concluiu.

Pensado, tramado e feito. No dia das elições, juntamente com alguns afamados vaqueiros do lugar, amigos de todas as horas, armados até os dentes, cavalgaram em tropel pelas seções eleitorais, roubando as urnas na sede do município e no povoado Bonsucesso. Aquilo não era mais obra de um candidato indignado, ferido na sua honra, mas sim do cangaceiro justiceiro Cajazeira.

Tamanha ousadia soa como uma bomba no meio político e na justiça eleitoral sergipana. Que atrevimento desse cangaceiro! Agora como vítima, o candidato opositor, Eliezer de Santana, tinha tudo nas mãos para ser declarado eleito. E assim foi proclamado como o segundo prefeito eleito de Poço Redondo. Era a segunda derrota consecutiva de Zé de Julião, porém muito mais para as artimanhas políticas do que para as urnas.

As ações perpetradas por Zé de Julião naquele dia de revolta sertaneja, lhe trouxeram duras consequências. Ora, se antes do acontecido as forças do Estado já depunham contra sua pessoa, principalmente pelo seu passado de cangaceiro, agora não teria saída. O cerco policial torna-se implacável. E assim foi preso e colocado em liberdade alguns meses depois. Mas sabia que, ao menos por algum tempo, não poderia continuar vivendo ali. Jogado pelas circunstâncias, é forçado a sair pelo mundo afora novamente, cumprindo mais uma vez sua sina de errante.

Nova Iguaçu é novamente seu rumo. Ao menos seria, se ao chegar em Salvador não resolvesse retornar. Não se sabe, de modo conclusivo, quais as circunstâncias, as intenções ou os motivos desse retorno. Suposições são as mais variadas, e se confirmadas estas, os motivos não seriam outros senão a vingança. Tinha motivações de sobre para tal. Sabe-se apenas que essa foi sua última aventura, pois na manhã de 19 de fevereiro de 1961 foi encontrado morto, assassinado, nas terras do seu Poço Redondo. A tragédia da Grota do Angico, para ele, havia sido apenas adiada.

Quem sabia do seu retorno? Quem teria interesse na sua eliminação? Tudo pode ser entendido através da resposta a tais indagações. Quem sabe jamais disse a verdade; quem não tem certeza disse a verdade mas não foi acreditado. São as forças, as forças políticas, mas essa é uma outra e longa história, com muitas versões e contrastes, como é o próprio sertão.


*Advogado e poeta
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com

blograngel-sertao.blogspot.com

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Crônicas de um visionário

Lampião

Por Graciliano Ramos

As duas crônicas que se seguem foram escritas por Graciliano Ramos nos anos de 1937 e 1938. A Segunda parte é precisamente do dia 27 de janeiro de 1938, logo, as duas são anteriores à morte de Lampião. As crônicas foram posteriormente publicadas, em 1953, no jornal Diário de Notícias, em especial que contava ainda com outras três crônicas do autor: Dois Cangaços, Cabeças e O Fator Econômico no Cangaço. 

"I

Há dias surgiu por ai um telegrama a anunciar que o meu vizinho Virgulino Ferreira Lampião tinha encerrado a sua carreira, gasto pela tuberculose, deitado numa cama no interior de Sergipe. Mas a notícia não se confirmou - e a polícia do Nordeste continuará a perseguir o bandido, provavelmente o agarrará de surpresa e mostrará nos jornais a cabeça dele separada do corpo. Seria de fato bem triste que a punição dum indivíduo tão nocivo fosse realizada por uma doença. Ficam, pois, sem efeito os ligeiros comentários inoportunos e apressados que ilustraram o canard.

Não é a primeira vez que Lampião tem morrido. E sempre que isto se dá as notas com que se estira o acontecimento deturpam a figura do bruto e manifestam a ingênua certeza de que tudo vai melhorar no sertão. O zarolho se romantiza, enfeita-se com algumas qualidades que se atribuíam aos cangaceiros antigos, torna-se generoso, desmancha injustiças, castiga ou recompensa, enfim aparece inteiramente modificado.

Esperamos e desejamos longos anos essa morte - e ao termos conhecimento dela soltamos um suspiro de alívio a que se junta uma espécie de gratidão. Teria sido melhor, sem dúvida, que o malfeitor houvesse acabado nas unhas da polícia. Não acabou assim, desgraçadamente, mas de qualquer forma o Nordeste se livrou dum pesadelo.

Repousamos algum tempo nesse engano, até que lampião ressurge e prossegue nas suas façanhas. Inútil agredi-lo ou emprestar-lhe virtude que ele não entende, adulá-lo, fazê-lo combater os grandes, proteger os pequenos, casar donzelas comprometidas. Lampião não se corrigirá por isso: permanecerá mau de todo, insensível às balas, ao clamor público e aos elogios, uma das raras coisas completas que existem neste país.

Tudo aqui é meio termo, pouco mais ou menos, somos uma gente de transigências avanços e recuos. Hoje aqui, amanhã ali - depois de amanhã nem sabemos onde haveremos de ficar, como haveremos de estar. Abastardamo-nos tanto que já nem compreendemos esse patife de caráter e inadvertidamente lhe penduramos na alma sentimentos cavalheirescos que foram utilizados como atributos de outros malfeitores.

Deixemos isso, apresentemos o bandoleiro nordestino como é realmente, uma besta fera. Há pouco mais de um ano, em condições bem desagradáveis, travei conhecimento com um discípulo dele, um sujeito imensamente forte, alourado, vermelhaço, de olho mau. Esse personagem me declarou que todas as vezes que praticava um homicídio abria a carótida da vítima e bebia um pouco de sangue. Anda por ai espalhada a longa série de barbaridades cometidas pelo terrível salteador, mas essa confissão voluntária dum companheiro dele surpreendeu-me. Isso prejudica bastante o velho culto do herói, do homem que lisonjeamos para que ele não nos faça mal. Lampião se conservará ruim. E não morrerá tão cedo. A vida no Nordeste se tornou demasiado áspera, em vão esperaremos o desaparecimento das monstruosidades resumidas nele.

Finaram-se os patriarcas sertanejos que vestiam algodão e couro cru, moravam em casas negras sem reboco, tinham necessidades reduzidas e soletravam mal. No pátio da fazenda uns cangaceiros bonachões preguiçavam. E nos arredores grupos esquivos rondavam, escondendo-se dos volantes. De longe em longe um emissário chegava à prosperidade e recebia do senhor uma contribuição módica.

Tudo agora mudou. O sertão povoou-se e continua pobre, o trabalho precário e rudimentar, as secas fazem estragos imensos. Os bandos de criminosos, que no princípio do século se compunham de oito ou dez pessoas, cresceram e multiplicaram-se, já alguns chegaram a ter duzentos homens, A luta se agravou, as relações entre fazendeiros e bandidos não poderiam ser hoje dóceis e amáveis como eram.

Jesuíno Brilhante é uma figura lendária e remota, o próprio Antônio Silvino envelheceu muito. Resta-nos Lampião, que viverá longos anos e provavelmente vai ficar pior. De quando em quando noticia-se a morte dele com espalhafato. Como se se noticiasse a morte da seca e da miséria. Ingenuidade.


II

Lampião nasceu há muito anos, em todos os Estados do Norte. Não falo, está claro, no indivíduo Lampião, que não poderia nascer em muitos lugares e é pouco interessante. Pela descrição publicada vemos perfeitamente que o salteador cafuzo é um herói de arribação bastante chinfrim. Zarôlho, corcunda, chamboqueiro, dá impressão má.

Refiro-me ao lampionismo, e nas linhas que se seguem, é conveniente que o leitor não veja alusões a um homem só. Lampião nasceu, pois, há muito anos, mas está moço e de boa saúde. Não é verdade que seja doente dos olhos: tem, pelo contrário, excelente vista. É analfabeto. Não foi, porém, a ignorância que o levou a abraçar a profissão que exerce.

No começo da vida sofreu numerosas injustiças e suportou muito empurrão. Arrastou a enxada, de sol a sol, ganhando dez tostões por dia, e o inspetor de quarteirão, quando se aborrecia dele, amarrava-o e entregava-o a uma tropa de cachimbos, que o conduzia para a cadeia da vila. Ai ele aguentava uma surra de vergalho de boi e dormia com o pé no tronco. As injustiças e os maus tratos foram grandes, mas não desencaminharam Lampião. Ele é resignado, sabe que a vontade do coronel tem força de lei e pensa que apanhar do governo não é desfeita.

O que transformou Lampião em besta-fera foi a necessidade de viver. Enquanto possuia um bocado de farinha e rapadura, trabalhou. Mas quando viu o alastrado morrer e em redor dos bebedouros secos o gado mastigando ossos, quando já não havia no mato raiz de imbu ou caroço de mucunã, pôs o chapéu de couro, o patuá com orações da cabra preta, tomou o rifle e ganhou a capoeira. La está como bicho montado.

Conhecidos dele, velhos, subiram para o Acre; outros, mais moços, desceram para São Paulo. Ele não: foi ao Juazeiro, confessou-se com padre Cícero, pediu a benção a Nossa Senhora e entrou a matar e roubar. É natural que procure o soldado que lhe pisava o pé na feira, o delegado que lhe dava pancada, o promotor que o denunciou, o proprietário que lhe deixava a família em jejum. As vezes utiliza outras vítimas. Isto se dá porque precisa conservar sempre vivo o sentimento de terror que inspira e que é a mais eficaz das suas armas.

Queima as fazendas. E ama, apressado, um bando de mulheres. Horrível. Mas certas violências, que indignam criaturas civilizadas, não impressionam quem vive perto da natureza. Algumas amantes de Lampião se envergonharam, realmente, e finam-se de cabeça baixa; outras, porém, ficam até satisfeitas com a preferência e com os anéis de miçanga que recebem.

Lampião é cruel. Naturalmente. Se ele não se poupa, como pouparia os inimigos que lhe caem entre as garras? Marchas infinitas, sem destino, fome, sede, sono curto nas brenhas, longe dos companheiros, porque a traição vigia… E de vez em quando a necessidade de sapecar um amigo que deita o pé adiante da mão…

Não podemos razoavelmente esperar que ele proceda como os que tem ordenado, os que depositam dinheiro no banco, os que escrevem em jornais e os que fazem discurso. Quando a polícia o apanhar, ele estaria metido numa toca, ferido, comendo uma cascavel ainda viva.

Como somos diferentes dele! Perdemos a coragem e perdemos a confiança que tínhamos em nós. Trememos diante dos professores, diante dos chefes e diante dos jornais: e se professores, chefes e jornais adoecem do fígado, não dormimos. Marcamos passo depois ficamos em posição de sentido. Sabemos regularmente: temos o francês para os romances, umas palavra inglesas para o cinema, outras coisas emprestadas. Apesar de tudo, muitas vezes sentimos vergonha da nossa decadência. Efetivamente valemos pouco.

O que nos consola é a idéia de que no interior existem bandidos como Lampião. Quando descobrirmos o Brasil, eles serão aproveitados. E já agora nos trazem, em momentos de otimismo, a esperança de que não nos conservaremos sempre inúteis.

Afinal, somos da mesma raça. Ou das mesmas raças. É possível, pois, que haja em nós, escondidos, alguns vestígios da energia de Lampião. Talvez a energia esteja apenas adormecida, abafada, pela verminose e pelos adjetivos idiotas que nos ensinaram na escola."

Pescado em: 3tesas

Recado do Coroné

Caros amigos e confrades

Nas últimas semanas iniciamos a epopéia de reuniões com os realizadores e parceiros do Cariri Cangaço na direção de sua edição 2010. Em princípio as reuniões foram com as prefeituras realizadoras: Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha e Missão Velha; também agregando alguns Institutos Culturais, como foi o caso do Centro Pró-Memória e o ICVC e ainda o Memorial Padre Cícero; nos próximos dias teremos a oportunidade de nos reunir com representantes do ICC e também da URCA, convidamos aos amigos para visitar o blog oficial do evento:
cariricangaco.blogspot.com e ficar sabendo de como andam os preparativos.

Temos ainda matérias dos amigos: Plínio Bortolotti, Rostand Medeiros, Barros Alves, Honório de Medeiros, e uma maravilhosa retrospectiva de nosso roteiro pela bela Piranhas e o inigmático Angico além de outras atualizadas todos os dias.

Visite, comente, entre: A casa é sua. Cariri Cangaço 2010.

Abraço Fraterno.
Manoel Severo - Curador do Cariri Cangaço.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Neco de Pautília

As bodas do "rival" de Lampião

Por Wanessa Campos

Manoel Cavalcanti de Souza, sertanejo de Floresta, completa 97 anos em 21 de dezembro. No dia 14 deste mês, ele comemorou uma data que para muitos parece inatingível: fez 75 anos de casado, bodas de brilhante, com Maria Ribeiro dos Anjos. Ao lado dos 14 filhos (tiveram 15), 52 netos, 44 bisnetos e um tataraneto, festejou com tudo a que tem direito: bolo, guaraná e muita alegria. A história de vida de Manoel poderia ser igual a tantas outras de nordestinos de sua geração, se não fosse um diferencial: Neco de Pautília é ex-combatente de Lampião e permanece lúcido para contar histórias desse tempo que ele não quer esquecer.

Neco costuma dizer de maneira paradoxal que, se o tempo retroagisse, ele não teria ingressado nas volantes, a polícia da época. “Afinal, Lampião nunca me fez mal. Era um homem bom. Ruim era a polícia que açoitava os coiteiros.” Antes de ingressar nas volantes, foi almocreve (espécie de vendedor ambulante) no Sertão, para esquecer um amor que as famílias não queriam.

Veio então a Revolução de 30 (movimento armado que facilitou a chegada de Getúlio Vargas ao poder) e os nazarenos (moradores do distrito de Nazaré, Floresta) não participaram. Neco resolveu juntar-se ao grupo de conterrâneos para formar uma das frentes de combate a Virgolino Ferreira, estimuladas pelo governo.

O grupo seguiu em direção ao Raso da Catarina (Bahia). Cada um levava no bornal farinha, sal e rapadura. Nas mãos, um rifle como se fosse o “sentimento do mundo.” Entretanto, o objetivo maior era ganhar dinheiro. O então jovem Neco, aos 19 anos, partiu para o desconhecido fascinante e ao mesmo tempo perigoso. Foram três dias de caminhada comendo mal, sem dormir e o pior era a expectativa de a qualquer momento deparar-se com o bando de cangaceiros. E foi o que aconteceu. Veio então o temido tiroteio, que resultou em vários feridos de ambos os lados. Não dava para recuar.

A partir daí, Neco enfrentou mais quatro combates, viu companheiros e cangaceiros morrerem de sucesso (morrer em combate), entre Pernambuco e Bahia. Conheceu Virgolino e não teve medo.
Mas aquela vida de incertezas, enfrentando chuva, sol, sede, calor e frio nas caatingas, não era a que Neco pediu. Resolveu abandonar as volantes e sem receber o dinheiro prometido, 2 contos. Levou apenas 500 mil réis mais a passagem de volta.

Deixando a vida militar e de volta ao aconchego, Neco foi barbeiro, alfaiate, sapateiro, até tornar-se funcionário público da Suvale, hoje Codevasf.

Aposentado, hoje leva a vida remoendo o passado ao lado de sua grande paixão: Mariquinha, que conheceu aos 13 anos de idade numa escola da zona rural de Floresta. Antes do primeiro encontro, Neco leu o nome dela escrito no quadro de uma sala de aula – Maria Ribeiro dos Anjos. Achou bonito aquele nome e escreveu por cima o seu com uma bala de rifle. Pronto! Os destinos estavam selados. Casou com Mariquinha um ano depois. Hoje o casal é só alegria diante da prole invejável de 110 descendentes. Como nos contos de fadas, Neco e Mariquinha são felizes há 75 anos.
 Publicado no Jornal do Comercio, Recife, em 28.11.2009

Pesquei no: Geléia General

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Revolta de Princesa

Oitenta anos da maior manifestação de insurgência do mandonismo local

(*) Por José Romero Araújo Cardoso

Eita Pau Pereira que em Princesa já roncou,  
Eita Paraíba mulher macho sim senhor,  
Eita Pau Pereira meu bodoque não quebrou!”  
(Paraíba – Humberto Teixeira/Luiz Gonzaga)


A indicação de Epitácio Pessoa para que o sobrinho do poderoso oligarca de nome João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque (Foto à direita) presidisse o Estado da Paraíba teve raízes na faina corrupta que grassou a unidade federativa quando o renomado político assumiu a gestão executiva brasileira entre os anos de 1919 a 1921.

O boom econômico originado com a demanda externa por matérias-primas após a primeira guerra mundial motivou a elaboração de políticas públicas que tinham nas obras de açudagem o principal carro-chefe.
Para evitar fuga de divisas para os Estados vizinhos, Epitácio Pessoa pensou em dotar a capital paraibana de um porto com infraestrutura impecável que pudesse sanar velho problema que prejudicava inexoravelmente as finanças do Estado no qual expressava a figura maior do mandonismo local. Não conseguiu, pois o dinheiro para a construção do porto foi parar nos bolsos dos seus aliados.

Nessa época, a porção setentrional paraibana mantinha laços econômicos muito fortes com Mossoró, enquanto a meridional era ligada ao Recife, onde se destacava a família Pessoa de Queiroz como principal agente econômico do processo de exportação da produção gerada no semiárido.
A barreira orográfica representada pelo planalto da Borborema auxiliava bastante nas decisões dos produtores sertanejos de buscar outros pólos econômicos a fim de realizar negócios lucrativos, tendo em vista a deficiência de meios de transportes eficazes, pois geralmente os deslocamentos eram feitos com tropas de burros.

Quando assumiu a presidência paraibana, João Pessoa declarou guerra tributária que atingiu frontalmente a elite sertaneja agropastoril. A taxação sobre a produção, sobretudo a cotonicultura, fez com que a margem de lucros dos produtores caísse consideravelmente.

Porteiras foram colocadas em pontos estratégicos para que a taxação sobre os produtos fosse realizada. Dessa forma logo os cofres do Estado foram abarrotados de dinheiro oriundo de majorações exorbitantes.
Em contrapartida, a situação social e econômica sertaneja foi se tornando periclitante, com a alta generalizada dos preços aliada à seca que teve início em 1926 com pequeno intervalo em 1929. Nesse ano a situação tornou-se ainda mais alarmante, pois foi deflagrada a grande crise na bolsa de valores Novayorquina, onde eram comercializadas as matérias-primas indispensáveis à reconstrução européia depois da primeira guerra mundial.

Na guerra sem trégua ao mandonismo local, João Pessoa passou a agir de forma impensada sobre as bases do Epitacismo. Destituía ou transferia sem a menor cerimônia pessoas importantes do esquema oligárquico, como chefes de mesas-de-renda.

O Estado da Paraíba ficou conhecido como a “Suíça Brasileira”, graças à mão-de-ferro do Presidente que restabeleceu as finanças públicas, extremamente combalidas com a fase aguda de corrupção que marcou as gestões de Sólon de Lucena (1920-1924) e de João Urbano de Vasconcelos Suassuna (1924-1928).
João Pessoa foi convidado pelos governos gaúcho e mineiro para compor a chapa da Aliança Liberal, em vista que havia sido desmanchada a política do café com leite quando da indicação de Júlio Prestes para suceder Washington Luís. Dessa formas, como candidato a vice-presidente, o chefe do executivo paraibano chegou a Princesa, reduto do “Coronel” José Pereira Lima, (Foto abaixo) principal município prejudicado pelas ousadas políticas públicas adotadas pelo sobrinho do poderoso Epitácio Pessoa.


João Pessoa e comitiva foram bem recebidos. Princesa, localizada no cordão de serras que divisa o Estado da Paraíba do Estado de Pernambuco, estava toda enfeitada com bandeiras vermelhas, símbolo da Aliança Liberal, pois era o representante do Epitacismo que se encontrava no território que devia vassalagem à expressão maior da política de compromissos que caracterizava a República Velha.
Quando João Pessoa mostrou a chapa da Aliança Liberal, a qual excluía o nome de João Suassuna, estava sendo selado o rompimento do “Coronel” José Pereira com as bases da orientação política que até então seguia.

A confirmação veio quando o presidente chegou à capital e recebeu telegrama do chefe político Princesense em tom desafiador, no qual informava seguir rumo próprio em companhia de correligionários espalhados pelo Estado. Trocas de telegramas cada vez mais acintosos não deixaram margem a nenhuma dúvida, pois João Pessoa escudando-se na defesa da ordem em razão do pleito eleitoral a ser realizado em 28 de fevereiro de 1930 decidiu de forma intransigente enviar tropas para o sertão, sendo declarada neste dia a guerra de Princesa.

Conforme o brioso oficial paraibano Ademar Naziazene, em livro sobre a história da polícia militar paraibana, o número total do contingente a disposição do presidente João Pessoa era 890 combatentes. A primeira investida foi sobre a vila do Teixeira, reduto da família Dantas, invadida pela tropa comandada pelo Tenente

Ascendino Feitosa que aprisionou vários membros deste clã sertanejo.
À disposição do “Coronel” José Pereira foi formado verdadeiro exército composto de mais de 2.800 homens, armados e municiados principalmente com rifles winchester calibre 44. Depoimentos prestados pelo Coronel Manuel Arruda de Assis ao NDIHR/UFPB registraram que as armas estavam ainda encaixotadas com o selo da importadora Matarazzo.

A Polícia Militar paraibana lutava com armas obsoletas, com munição vencida, impossível de ser usada de forma adequada. Para tentar contornar a situação dramática, o governo gaúcho montou esquema de contrabando em barris de sebo, tendo em vista que a alfândega, enquanto órgão federal, era controlada pelo perrepistas.

Zé Pereira enviou cerca de 500 homens, comandados por Lindu e Luiz do Triângulo, para soltar os Dantas que se encontravam aprisionados e ameaçados de ser sangrados. O movimento armorial, liderado por Ariano Suassuna, reconheceu o gesto heróico, concedendo título de nobreza ao último comandante supracitado, em obra por título “O Romance da Pedra do Reino”.

Foram quase cinco meses de combates inenarráveis, quando se destacaram nomes como Marcolino Pereira Diniz, Manuel Lopes Diniz, Cícero Bezerra, Sinhô Salviano, João Paulino, Caixa de Fósforo, entre outros, do lado do “Coronel” José Pereira, enquanto combatentes fiéis a João Pessoa se destacaram Coronel Elísio Sobreira, Raimundo Nonato, Clementino Quelé (Foto abaixo), Jacob Franz, gaúcho que saiu do Rio Grande do Sul para servir à causa da Aliança Liberal, entre muitos outros, comandados pelo Secretário de Interior e Justiça José Américo de Almeida.


Com total apoio do Palácio do Catete, Zé Pereira conseguiu que Princesa se tornasse território livre e independente, com constituição própria, hino e bandeira próprios, exército próprio, enfim, legalmente separada do Estado da Paraíba. A família Pessoa de Queiroz, com quem o chefe princesense mantinha laços econômicos e pessoais estreitos e marcantes, manteve-se impávida ao lado das oligarquias insurgentes durante toda a luta, não obstante a proximidade familiar com o Presidente João Pessoa.

Sobre Princesa, Ruy Facó destacou em Cangaceiros e Fanáticos que o território transformou-se em fortaleza inexpugnável s que sobre seus muros vacilavam as tropas regulares. Com certeza, pois a cidadela insurgente e seus arredores foram fortificados e defendidos com unhas e dentes na maior demonstração de rebeldia do mandonismo local na República Velha.

Em 26 de julho de 1930, após constatar a ausência de ética ensejada pelas batalhas, quando diário e cartas íntimas foram publicadas na imprensa oficial paraibana, o advogado João Duarte Dantas foi à caça do Presidente João Pessoa pelas ruas do Recife, encontrando-o na companhia de amigos na confeitaria Glória. Os tiros que mataram João Pessoa puseram fim à luta e a uma era, pois em outubro de 1930 foi deflagrada a revolução que iria gradativamente cercear o poder dos “Coronéis” e instituir nova ordem abalizada na ênfase ao nacional-populismo que caracterizou o período Varguista.

(*) José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Professor adjunto do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.

O dia em que...

...Virgulino "Defendeu" o povoado de Nazaré 
(*) Por Angelo Osmiro Barreto 

Nazaré do Pico é um pequeno povoado encravado no sertão de Pernambuco. Do pequeno lugarejo localizado nas proximidades de Serra Talhada, mas pertencente ao município de Floresta, saíram os mais ferrenhos perseguidores de Lampião, dentre eles: Odilon Flor, Euclides Flor, Gomes Jurubeba, João Gomes Jurubeba, Davi Jurubeba, Enoque Menezes, João Gomes de Lira; e talvez o mais famoso deles, Manoel Neto que chegaria ao posto de coronel da policia pernambucana.

A intriga entre os Ferreiras e os Nazarenos, surgiu no começo da vida errante de Virgulino Ferreira, o futuro Lampião, só tendo final com sua morte, apesar de não ser nem um Nazareno o autor da proeza.

Mas Virgulino Ferreira, defendeu Nazaré, isto ocorreu nos idos de l9l9, era dia de feira no pequeno arruado, o lugarejo estava movimentado com a venda de carne de bode, frutas, artefatos de couro e outras coisas típicas das feiras nordestinas.

Sem ninguém esperar o povoado foi invadido por cangaceiros, comandados por "Cindário das Piranhas", todos armados, com seus longos punhais ameaçando os feirantes e a população do lugar. Os lideres do povoado tomaram para si, como não poderia deixar de ser a incumbência de defender o lugar, reuniram-se numa casa ainda em construção para tomar as deliberações para a defesa.

Os cangaceiros notando o movimento estranho naquela casa se dirigiram pra lá, encontrando os Nazarenos, Euclides e Manuel Flor, Cícero Freire e Enoque Menezes, os ânimos se exaltaram, cangaceiros e defensores do lugar, apontam as armas uns aos outros, a tensão é grande, Gomes Jurubeba quebra o silêncio, e pergunta quem é o chefe do grupo, Cindário responde de ponto, Gomes pede que se retirem de Nazaré, argumenta que o povoado era novo, não era lugar para cangaceiro.

Cindário diz pra Jurubeba se calar, se não morreria naquele instante, Gomes Jurubeba responde que poderia até morrer, mas um levaria com ele.

Virgolino estava na feira e percebendo a cena de longe, chegando sorrateiramente para ter certeza do que estava acontecendo, grita: “êta é cangaceiro”, e corre para o local, quando chega é impedido de entrar na casa, ficando bufando de ódio, mas gritando para os Nazarenos não terem medo que ele estava lá fora para o que der e vier.

Cindário, cangaceiro experiente e astuto, vendo que a resistência estava se formando, e que o povo daquele lugar, não era de brincadeira, tratou de reunir seu pessoal e bateu em retirada, mas jurando voltar a Nazaré para ajustar as contas.

Virgolino Ferreira, naquele dia ficou ao lado dos Nazarenos, valentes guerreiros que em pouco tempo iriam lhe impor uma perseguição que duraria anos, até sua morte na fazenda Angico.

Terra dos Nazarenos- Maiores perseguidores de Lampião.
Destacando-se a Igreja de Nossa Senhora da Saúde, e a principal avenida que corta o povoado.

*Pesquisador/Cangaço e Presidente da SBEC

sábado, 23 de janeiro de 2010

Atenção cantores e compositores

I FESTIVAL DE MÚSICAS DO CANGAÇO 

REALIZAÇÃO


Art. 1° A Fundação Cultural Cabras de Lampião / Ponto de Cultura Artes do Cangaço promoverá o I Festival de Músicas do Cangaço, no dia 1º de maio de 2010, em parceria com instituições públicas e privadas, para efetivação do evento, no calendário cultural brasileiro.


OBJETIVO

Art. 2° O Festival de Músicas do Cangaço, de Serra Talhada – Pernambuco trata-se de um evento competitivo, que tem como objetivos:


a) Incentivar a “boa música”, aprimorar e desenvolver a cultura musical, revelar talentos, valorizar artistas, compositores e intérpretes;
b) O evento será de âmbito nacional, realizado em Serra Talhada - Pernambuco, onde o cenário é propiciado pela diversificação cultural, voltado para Música Popular Brasileira, de composições inéditas, TEMÁTICA CANGAÇO, visando envolver todos os gêneros e estilos, objetivando fomentar o segmento musical em vários formatos, além de formar platéia e criar massa crítica;


INSCRIÇÕES, LOCAL E DATA  

Art. 3° As inscrições das músicas deverão ser efetuadas via Correios, no período de 1º a 25 de março/10 a, endereçadas a:


FUNDAÇÃO CULTURAL CABRAS DE LAMPIÃO
PONTO DE CULTURA ARTES DO CANGAÇO
FESTIVAL DE MÚSICAS DO CANGAÇO
Rua Virgolino Ferreira da Silva, 06/COHAB
56.909-110 – Serra Talhada – PE.
Telefones para tirar dúvidas: (87) 3831 3860 / (87) 9938 6035 / (87) 9918 5533 / (87) 9616 2017


Parágrafo Único - As inscrições pelos correios, enviadas diretamente para o endereço acima, serão aceitas desde que a data de postagem não ultrapasse o prazo previsto para o encerramento, em 25 de março de 2010.


MÚSICAS E MATERIAL DE INSCRIÇÃO


Art. 4° Cada compositor poderá inscrever até três músicas, enviando através de envelope lacrado, 05 cópias da letra em papel ofício, de preferência cifrada, com identificação do(s) autor(s) e intérprete (s), juntamente com um CD, contendo a(s) música (s) gravada(s) na íntegra.


Parágrafo Único – O material de inscrição estará disponível no site: www.cabrasdelampiao.com.br ou poderá ser adquirido pelo e-mail festivaldemusicasdocangaco@gmail.com.

Art. 5° Cada intérprete poderá participar em até 02 (duas) músicas classificadas, do mesmo autor ou não.

Parágrafo Único - O intérprete poderá ser substituído por outro até a 48 horas antes da realização do evento, sujeito aos mesmos procedimentos do regulamento.

Art. 6° A comissão organizadora não se responsabilizará por quaisquer defeitos no material enviado ou na legibilidade das informações prestadas, o que poderá acarretar na desclassificação da composição.
Parágrafo Único - O material enviado não será devolvido sob qualquer hipótese.

Art. 7° Será cobrada a taxa de inscrição R$ 15,00 (quinze reais), por música inscrita, até o dia 25 de março de 2010, dia do encerramento das inscrições, pagas em espécie, no MUSEU DO CANGAÇO, em Serra Talhada ou depositadas em conta corrente.

Art. 8° Todos os trabalhos enviados pelos Correios deverão estar acompanhados por cheque nominal à FUNDAÇÃO CULTURAL CABRAS DE LAMPIÃO, ou cópia de recibo de depósito efetuado no:
BANCO DO BRASIL
Agência 246-1
Conta Corrente: 5498-4
Em nome da FUNDAÇÃO CULTURAL CABRAS DE LAMPIÃO.

Art. 9° As informações das composições enviadas deverão constar em todos os campos da ficha de inscrição, sendo imprescindível a assinatura do autor ou responsável constituído.

TERMO DE AUTORIZAÇÃO

Art. 10° O simples ato do envio da inscrição do concorrente pelos Correios importa, para todos os fins e efeitos legais, em TERMO DE AUTORIZAÇÃO para registro em CD e DVD, publicação e execução da obra musical, bem como repassa, automaticamente, todos os direitos de uso de som e imagem do evento aos organizadores do I Festival de Músicas do Cangaço, em Serra Talhada – Pernambuco.

Parágrafo único – Será gravada DVD e CD ao vivo.

ORIGINALIDADE E INEDITISMO

Art. 11° Todas as músicas inscritas no I Festival de Músicas do Cangaço, de Serra Talhada –, deverão ser inéditas, não perdendo tal condição músicas que tenham concorrido em outros festivais, gravadas em CD independente com tiragem de até 1.000 cópias, desde que estejam liberadas para reedição.

Art. 12° Deverá ser mantida a originalidade, entendendo-se como tal à inexistência de plágio de composição já existente considerada tanto a parte musical quanto literária.

Art. 13° O não ineditismo e a ausência de originalidade poderão ser apurados através da Comissão Organizadora ou por denúncia de quaisquer dos concorrentes sob a forma escrita, através de termo próprio e no prazo de 48 horas após a divulgação da lista dos classificados.

Art. 14° Não serão aceitas reclamações enviadas fora do prazo estabelecido, e a comprovação da(s) irregularidade(s) acarretará na imediata desclassificação da(s) música(s).

Art. 15° Será de total responsabilidade do candidato a música inscrita cuja referida letra esteja em desacordo com a Lei de Direitos Autorais, face qualquer processo movido contra a Comissão Organizadora do I Festival de Músicas do Cangaço.

SELEÇÃO DAS MÚSICAS

Art. 16° - Serão selecionadas 20 (vinte) músicas para realização do I Festival de Músicas do Cangaço.

Parágrafo 1º – O I Festival de Músicas do Cangaço será realizado em uma só etapa.

Parágrafo 2º - A seleção das músicas será feita pela escuta dos CDs pela Comissão de Triagem.

Parágrafo 3º - A vigésima primeira e vigésima segunda música ficarão na suplência para atender as possíveis eliminações das músicas que estejam em desacordo e não atendam ao presente regulamento.

Art. 17° O I Festival de Músicas do Cangaço, que será em uma única etapa, será realizada no CLUBE CAMPESTRE O BARTUKÃO, com palco, sonorização e luz de empresa de alto nível profissional, com uma super estrutura para os participantes.

COMISSÃO DE TRIAGEM

Art. 18° A Coordenação do I Festival de Músicas do Cangaço indicará a Comissão de Triagem para selecionar os trabalhos inscritos, constituída por 05 (cinco) membros, dentre eles músicos, jornalistas, literatos e produtores culturais.

Parágrafo Único - A Comissão de Triagem formada para selecionar os 20 (vinte) trabalhos inscritos terá suas decisões irrecorríveis.

CRITÉRIO DA TRIAGEM

Art. 19° Todos os trabalhos inscritos no I Festival de Músicas do Cangaço, após recebimento, serão identificados, catalogados, e receberão numeração ordinal, para poder ser encaminhado a Comissão de Triagem.

Parágrafo Único – A Comissão de Triagem receberá todas as músicas inscritas para seleção, apenas, com uma numeração, sem qualquer identificação do autor, intérprete ou Estado de origem, a fim de exercer total imparcialidade sobre o processo seletivo.


SELEÇÃO E DIVULGAÇÃO DAS MÚSICAS CLASSIFICADAS

Art. 20° - A relação das músicas classificadas para concorrerem ao festival, estará disponível no site: Cabrasdelampiao.com.br

Art. 21º - A comissão Organizadora manterá contato com todos os classificados através de e-mail ou por telefone.


RESULTADOS

Art. 22° OS resultados serão divulgados logo após a apresentação da atração regional.


PREMIAÇÃO

Art. 23° Dentre as 20 (vinte) músicas escolhidas para a etapa única do I Festival de Músicas do Cangaço, que será realizada no Clube Campestre o Batukão, em Serra Talhada – Pernambuco, no dia 1º de maio de 2010, será entregue troféu e distribuídos, ainda, os seguintes prêmios:


a) 1º Lugar: R$ 3.000,00 (três mil reais);
b) 2º Lugar: R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais);
c) 3º Lugar: R$ 2.000,00 (dois mil reais);
e) Melhor intérprete: R$ 2.000,00 (dois mil reais).

Parágrafo único - Toda premiação será entregue no ato, simbólica e efetivamente, no dia 1º de maio de 2010, em nome dos ganhadores.

AJUDA DE CUSTO:

Art. 24° Além da premiação acima será oferecido a título de ajuda de custo, para cada um dos 20 (vinte) trabalhos classificados, tomando como base as distâncias do local do evento e os Estados da Federação, os seguintes valores:


a) R$ 100,00 (cem reais), para candidatos que residam até 200 km, distante do local do evento;
b) R$ 200,00 (duzentos reais), para candidatos que não estejam enquadrados no item anterior.
c) Os concorrentes residentes em Serra Talhada não receberão a ajuda de custos mencionados acima.
d) Será assegurada hospedagem e alimentação para os concorrentes em pousada próximo ao local do evento.

Art. 25° - É competência do Corpo de Jurados, a escolha das composições vencedoras da etapa única do I Festival de Músicas do Cangaço e a atribuição dos prêmios, dentre as concorrentes, ficando as suas decisões definidas como inapeláveis e irrecorríveis.

Art. 26° - Os valores de pontuação, que serão utilizados pela Comissão Julgadora, serão: Nota mínima 2,5 (dois vírgula cinco) pontos e a nota máxima 5 (cinco) pontos, valendo frações.

Art. 27 - Cada jurado encaminhará sua planilha, devidamente assinada, ao digitador que, após inserir as pontuações, efetuará os cálculos e realizar a impressão, retorna para os jurados para conferência, e estes entregarão a planilha geral contendo os resultados diretamente a Comissão Organizadora, para divulgação das músicas vencedoras ao público.


ORQUESTRA DO FESTIVAL

Art. 28° - A organização do festival colocará à disposição dos concorrentes uma orquestra para execução de todas as músicas classificadas, não sendo permitida utilização de banda própria para acompanhar quaisquer concorrentes, sendo permitida, somente, a adição de até 02 músicos à Orquestra do Festival, ou sós, para o acompanhamento da interpretação.

Parágrafo 1° - A Orquestra do I Festival de Músicas do Cangaço é formada por excelentes músicos de Pernambuco, e ensaiarão diariamente as músicas concorrentes.

Parágrafo 2° – A obrigatoriedade da utilização da Orquestra do Festival para todos os candidatos classificados é uma forma justa, como forma de tornar a disputa equânime para todos.

SOM DO FESTIVAL

Art. 29° - A Empresa de sonorização e luz para realização do I Festival de Músicas do Cangaço será umas das mais conceituada no segmento em todo Nordeste, a qual utilizará equipamentos digitais.
Parágrafo Único: Todos os candidatos classificados usarão mesa de som digital e equalização individual.


FORMA DE APRESENTAÇÃO MUSICAL

Art. 30° As músicas classificadas deverão ser apresentadas conforme foram enviadas para o processo seletivo, não perdendo a sua originalidade

Parágrafo primeiro - O CD inscrito servirá de base para a triagem de seleção do Festival.

Parágrafo segundo – O CD inscrito servirá para os ensaios da Orquestra do Festival.


ORDEM DE ENSAIOS E APRESENTAÇÕES

Art. 31° - Todos os 20 (vinte) selecionados deverão estar em Serra Talhada nos dois dias que antecedem o Festival – dias 29 e 30 de abril – para ensaiarem com a Orquestra do Festival.

Parágrafo primeiro – A ordem de ensaio de cada música será feita por sorteio e os horários serão rigorosamente obedecidos sob pena da imediata desclassificação da música concorrente.
Parágrafo segundo – Cada concorrente terá até 40 (quarenta minutos) para ensaiar sua música.


DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 32° Todos os casos omissos, não previstos nesse regulamento serão resolvidos pela Comissão Organizadora.

Art. 33° Fica garantido o direito da livre expressão de quaisquer dos concorrentes, exceto no destrato público, ao evento ou a qualquer um dos participantes, bem como à Comissão Organizadora, à instituição e entidades ou patrocinadores e demais pessoas envolvidas na organização do festival, caso em que ocorrerá a imediata exclusão do concorrente e dos trabalhos de sua autoria.

Art. 34° Não será permitida a participação dos intérpretes ou músicos, dos trabalhos desclassificados.

Art. 35°– Todos os participantes classificados deverão está à disposição da logística do Festival para deslocamentos em horários pré-determinados, ensaios, gravações, reportagens e filmagens.


DISPOSIÇÃO FINAL


Art. 36° – A inscrição efetuada para concorrer ao I Festival de Músicas do Cangaço, desde já, pressupõe a aceitação e concordância com todos os termos deste regulamento, valendo como contrato de adesão para todos os envolvidos como: autores, intérpretes, instrumentistas, backing vocal, enfim, todos os participantes do evento.

Art. 37° - Fica eleito o Fórum da Comarca de Serra Talhada, Pernambuco, para dirimir quaisquer conflitos deste regulamento, independentemente do domicílio das partes interessadas, renunciando os inscritos desde já a qualquer outro, por mais privilegiado que seja.



Anildomá Willans de Souza
 Presidente
Link para o açude de informações e download da ficha de inscrição:
CLIQUE AQUI

Amigos e viagens

Narciso no trem da história
 
No último dia 20 fui pela segunda vez fazer a trilha que leva até a Grota de Angico. Desta vez como anfitrião do amigo Narciso (à esquerda na foto) sargento da policia militar de João Pessoa - PB. Um apaixonado pela história que apesar de frequentar Sergipe regularmente nunca tinha ido a referido local. Pois bem, nos desafiamos à percorrer ambos os acessos até o palco da tragédia de 28 de julho de 1938.

Optamos pelo “Caminho alternativo” partindo de Poço Redondo auxiliados por um caboclo da região.

Deixamos o veículo no canteiro de obras para a criação do centro de estudos e preservação do bioma da Caatinga, (Foto abaixo), Um serviço de extrema necessidade que vai abranger toda àquela região inclusive as margens do Velho Chico.

Evidente que a trilha apartir deste ponto não é tão utilizada quanto à oficial. A vantagem é por ser mais próxima para quem vem da capital ou região Sul do Estado, mas para por aí, visse?


POR QUE?

O guia? gente finíssima, conhece toda a região, mas não lhe transmite maiores informações, entonce para quem não sabe como realmente as coisas aconteceram... nem pergunte, vá ciente, imagine o momento, Algum fã de conspiração pensou de imediato: E QUEM REALMENTE SABE?

Um problema que requer urgente providencia é a necessidade de orientação para preservação da beleza natural e praticamente original sabem o que está acontecendo? Alguns “curiosos” que fazem este percurso estão poluindo a mata. Pelo caminho encontramos vários vestígios da falta de consiencia, eram dezenas de latas de cerveja, garrafas pet, bolsas plásticas, copos... enfim, "lixo" do começo até poucos metros da grota.

Vide a imagem da latinha, uma só, mas são tantas que ia parecer comercial de campanha de reciclagem.


O mesmo não acontece no sentido Rio – Grota, pois certamente há orientação responsável ou mesmo uma coleta posterior as visitações. Parabéns aos profissionais.


Enfim pra ser franco, este trecho não é uma boa ideia, é coisa de aventureiro ou para quem tem disposição de sobra, pois é muita ladeira confrades. A oficial até que tiramos de letra, pelo menos retornamos ao ponto da grota menos ofegantes e suados.

Confesso que a tal falta de fôlego me lembrou da facilidade que tive na primeira visita (à dez anos atrás). Hoje dois ou três dezenas de quilos mais gordo e após uma noite de insônia me vi ruim para retornar ao veículo não só eu com o companheiro Narciso (entrego mesmo).

Sentimos na pele e no coração a resistência dos bandoleiros que enfrentavam os terrenos acidentados correndo, andando e carregando 30 kg pendurados no corpo com aquele friozinho de verão no sertão do São Francisco das 10h ao meio dia. Aliás classifiquei somente o bandoleiro e o sertanejo? agricultor? vaqueiro? etc enfrentam todos os dias tantos percussos semelhantes no seu cotidiano. Euclides da Cunha está sempre certo "eitcha povo forte"! 

Pra recuperar o ânimo uma boa conversa com o amigo escritor Alcino Costa em sua residência. E uma passagem rápida por Alagadiço - Frei Paulo - SE.


Abraçando os colegas Narciso, Narciso Jr., Nilton, e Eronildes.

Att. Kiko Monteiro

Ói a Chamada!

Dia 26/01 - Reunião da SBEC em Fortaleza


Caros amigos,

Na próxima TERÇA-FEIRA dia 26 de Janeiro (19:30Hs), teremos reunião da SBEC (Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço).

O encontro será realizado no Restaurante Shop Grill, localizado na esquina da rua Nunes Valente com rua Julio Siqueira no bairro Dionisio Torres, na cidade de Fortaleza, estado do Ceará.

Contamos com sua presença.

Um abraço.

Angelo Osmiro Barreto
Presidente

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Perfume na Caatinga

A presença das mulheres no Cangaço

Desvantagens

1º) Não tinham as mulheres, a mesma resistência física dos cangaceiros, logo dificultavam a mobilidade dos grupos;

2º) Não participavam dos tiroteios (exceção de Dadá), e quando esses aconteciam, eram uma preocupação a mais para os cangaceiros, para protegê-las;

3º) Quando estavam grávidas, ou iam parir, seus companheiros, inclusive, nestas circunstâncias, evitavam os tiroteios; e algumas vezes, tinham que deixá-las, sob os cuidados de alguns coiteiros;

4º) A criança recém nascida, chorava e alertava as volantes;

5º) Com a presença da mulher, passou a existir o ciúme, o adultério e a morte de cangaceiros envolvidos (caso de Lídia de Zé Baiano; Lili de Moita Brava, Cristina de Português e outras);

6º) A presença a mulher, tornou os grupos de cangaceiros, mais vulneráveis, uma vez que para fugirem da polícia, não podiam subir em grandes elevações (montanhas; pedras ), além de terem que diminuir a marcha; Etc......
  

Vantagens

1º) As mulheres tornaram o cangaço menos violento, mais humanizado;

2º) Elas agiram em muitos momentos, sendo responsáveis por evitarem mortes desnecessárias (Exemplo: Maria Bonita e Dadá, assim agiram em diversas ocasiões);

3º) Cuidavam dos feridos, fazendo chás; cozinhando raízes/casca/folha de plantas etc

4º) Algumas costuravam, e se preocupavam com as roupas dos seus companheiros;

5º) Melhorou a higiene pessoal dos cangaceiros (banhos, uso de perfumes, roupas.etc

6º) Com a procriação, os cangaceiros deixaram seus descendentes;

7º) Diminuição das doenças venérias em componentes do bando, haja vista, que cada cangaceiro passou a ter uma parceira fixa, o que não acontecia antes de 1930;

8º) Contribuíram em muito, para a formação da estética do cangaço ( embornal; lenços; roupas; etc..). A cangaceira Dadá  foi considerada a estilista do cangaço.

9º) Mulher nova, Bonita e carinhosa, faz o homem gemer sem sentir dor..... ETC....

  

CONCLUSÃO:

A presença da mulher no cangaço foi importante, pelos seguintes motivos, dentre outros:
Em nenhum combate dos cangaceiros com a polícia, teve interferência das mulheres, para influir no mesmo, ou seja, elas participaram como elemento neutro;

Se não fosse a participação das mulheres no cangaço, teriam morrido muito mais vítimas. Elas interferiram, em muitas ocasiões, salvando-as. Exemplo: caso do Promotor de Justiça de Água Branca/AL, O Dr. Manoel Cândido;

Com a participação das mulheres no cangaço, houve um recrudescimento, ou seja, uma diminuição, sobretudo nas ocorrências dos crimes sexuais, cometidos pelos cangaceiros. Em determinadas ocasiões, Lampião, sob a influência das mulheres, chegou a castigar determinados cangaceiros pela prática de tal ato;
Elas influenciaram, decisivamente, na estética do cangaço (confecção de roupas, chapéus, perneiras, embornal. etc..). Exemplo: a atuação da Dadá.

A presença da mulher humanizou mais o cangaço e seus integrantes;
Finalmente... o Prazer Etc. etc. etc. etc...




Ivanildo Alves Silveira
Colecionador do Cangaço
Membro da SBEC

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O Bernard Herrmann do Gênero

Catulo de Paula e as trilhas do Cangaço

Nem no Ceará, sua terra natal, o genial Catulo de Paula é lembrado. Autor de grandes sucessos da música nordestina (Cowboy do Ceará, Como tem Zé na Paraíba, O pau de arara, Bebop do Ceará etc) ele foi o nome mais requisitado nas décadas de 1960/70 para compor a trilha sonora dos filmes de cangaço.

Catulo de Paula (Ermenegildo Evangelista de Souza )
• Data de Nascimento - 13/08/1923
• Data de Falecimento - 10/12/1984
• Local de Nascimento - São Benedito, Ceará, Brasil

Filmes de Cangaço com trilha Sonora de Catulo de Paula

- Lampião, o rei do Cangaço
- Meu nome é Lampião
- Entre o amor e o cangaço
- Os três cabras de Lampião
- Nordeste sangrento
- O filho do cangaceiro

Filmes que participou, fora do Ciclo do Cangaço
1. Meu Pé de Laranja Lima (1970)
2. Na Onda do Iê Iê Iê (Na Onda do Iê, Iê, Iê) (1966)

Breve histórico: Cantor e compositor

Seu pai era cego desde os seis meses de idade e sustentava a família, composta de mulher e oito filhos, tocando violino, saxofone e clarineta em festas de sua cidade no interior cearense. Com oito anos, começou a tocar violão, ganhando os primeiros trocados para ajudar no sustento da família. Por volta dos 10 anos de idade, passou a fazer parte do grupo Vocalistas Tropicais, com os quais foi fazer uma excursão a Fortaleza, capital do Ceará. Acabou saindo do grupo por causa de um dos integrantes e teve que se virar por conta própria para sobreviver, passando a fazer biscates de diversos tipos. Passou a viajar pelo interior do Nordeste.

Em 1944, foi convidado para fazer parte do grupo "Os Boêmios da Noite". Na mesma época, mudou-se para o Recife, em Pernambuco, onde adotou o nome artístico de Catulo de Paula. Em 1948, resolveu mudar-se para o Rio de Janeiro, a fim de dar continuidade ao seu trabalho artístico. Em 1949, tornou-se acompanhante do cantor Vicente Celestino, com quem trabalhou durante longo tempo tocando violão. No início dos anos de 1950, ao apresentar-se no clube "Brasil danças", foi assistido por Fernado Lobo que apadrinhou sua primeira gravação. Em 1953, lançou pela Continental, disco onde interpretava dois baiões, "Vai comendo Raimundo", de sua autoria e Amado Régis, e "O pau comeu", de Marçal Araújo.

No mesmo ano, Aldair Sopares gravou na Columbia de sua autoria e Jorge de Castro a toada baião "Saudade de Maceió". Destacou-se pelas composições satíricas, sendo uma das mais conhecidas, o baião "Bep-bop do Ceará", gravada pela Continental, em 1955. No mesmo ano, gravou de sua autoria o coco "Zabumbô, zabumbá". Em 1956, gravou o baião "Rosamélia", de Humberto Teixeira. Além de baiões, gravou sambas e canções, sem nunca ter se fixado num determinado ritmo. Em 1957, gravou de Zé Dantas o baião "Nós num "have". Em 1961, gravou de Luiz Gonzaga o baião "Na cabana do rei", parceria com Jaime Florence.

Em 1962, gravou aquele que foi seu maior sucesso, o baião "Como tem Zé na Paraíba", parceria com Manezinho Araújo, gravado também naquele ano e com grande sucesso, por Jackson do Pandeiro. O tom nordestino de sua música lhe valeu convites de diversos diretores de cinema que nos anos de 1950, exploraram a temática do "Cangaceiro". Participou das trilhas sonoras dos filmes "Lampião, o rei do Cangaço", "Entre o amor e o cangaço", "Os três cabras de Lampião", "Nordeste sangrento" e "O filho do cangaceiro". Participou, ainda, de alguns trabalhos para o teatro, tendo participado da trilha sonora das peças "A invasão dos beatos", de Dias Gomes e "A torre em concurso", de Joaquim Manuel de Macedo.

Ainda em 1962, participou como cantor da trilha sonora do filme "Sol sobre lama", de Alex Viany, quando interpretou canções da parceria Vinícius de Moraes -Pixinguinha, inclusive as letras que Vinícius criou para os choros "Mundo melhor" e "Lamentos", dos quais, portanto, ele seria o primeiro intérprete. Em 1963 lançou pela Odeon o LP "A simplicidade de Catulo de Paula", no qual interpretou, entre outras, "Lua-lua", "Zé Piedade", "Minha fulô" e "Vida ruim", todas de sua autoria. Em 1964, participou da peça "Pobre Menina Rica", de Vinícius de Moraes e Carlos Lyra. Em 1970 lançou LP que leva seu nome, interpretando "Canção da tristeza", "Forró do Barnabé", "De Maria só o nome" e "Razão pra não chorar", todas de sua autoria.

"Catulo fez a trilha sonora da primeira versão de Roque Santeiro, censurada pela ditadura militar"


Nos anos de 1970, foi convidado para interpretar um cego cantador de feira na novela "Roque Santeiro", na TV Globo, tendo ele preparado um ABC, no qual narrava a novela em versos começando cada estrofe com uma letra do albabeto. A novela entretanto acabou não indo ao ar pois foi vetada pela censura na época da ditadura militar. Anos depois a novela foi ao ar, desta vez com Arnoud Rodrigues no papel do cego. Em 1976 a Tapecar lançou o LP "Geremias do Roque Santeiro", que trazia entre outras, "Roque Santeiro", "ABC do Roque Santeiro" e "Alegria dolorida", de sua autoria, além de "Prefiro ficar com Maria", de Paulo Gesta e Luiz de França.

Em 1995, sua composição "Caubói do Ceará" foi gravada pelo cantor brega Falcão no disco "A besteira é a base da sabedoria".

Discografia

• Vai comendo Raimundo/O pau comeu (1953) Continental 78
• Bib-bop do Ceará/Tua carta (1955) Continental 78
• Zabumbô, zabumbá/Ô luá...ô luá.. (1955) Copacabana 78
• Rosamélia/Foi saudade (1956) Copacabana 78
• Nós num "have"/Mambo do Ceará (1957) Odeon 78
• Cawboy do Ceará/Como tem Zé na Paraíba (1962) Orion 78
• A simplicidade de Catulo de Paula (1963) Odeon LP
• Catulo canta no Michel – Odeon LP
• Catulo de Paula (1970) Odeon LP
• Geremias do Roque Santeiro (1976) Tapecar LP

Catulo de Paula - Composições


(Ermenegildo Evangelista de Souza)
ABC do Roque Santeiro
Alegria dolorida
Aquela flor (Catulo de Paula / Antônio Carlos de Souza e Silva)
Balada da noite sem fim (Catulo de Paula / Silva e A C. Souza)
Bip-bop do Ceará (Catulo de Paula / Carlos Galindo)
Brincando de saudade (Catulo de Paula / Antônio Carlos de Souza e Silva)
Canção da tristeza
Casa de pau, pó e pá
Choveu no Ceará
Como tem Zé na Paraíba (Catulo de Paula / Manezinho Araújo)
Cowboy do Ceará
De Maria só o nome
É a vida... É a vida
Este é meu Rio
Eu sou menor (Catulo de Paula / Francisco Araújo)
Foi saudade
Forró do Barnabé
Forró do Zé João (Catulo de Paula / N. Barros)
Hás de lembrar (Catulo de Paula / Washington Fernandes)
Já vou
Lua-lua
Mambo do Ceará (Catulo de Paula / Roberto Silveira)
Maria Bonita
Meu tempo é nunca mais
Minha fulô
Na cabana do rei (Catulo de Paula / Jaime Florence)
O glosador
Ô Luá... ô luá...
Olhos tristes
Os olhos da cabocla
Por onde eu vou (Catulo de Paula / Antônio Carlos de Souza e Silva)
Que o diabo mandou (Catulo de Paula / Fernando Lopes)
Razão pra não chorar
Roque Santeiro
Saudade de Maceió (Catulo de Paula / Jorge de Castro)
Seu dureza (Catulo de Paula / Manezinho Araújo)
Sodade traiçoeira
Tempo de esperar (Catulo de Paula / A de Azevedo e J. Paiva)
Tenho pena da noite (Catulo de Paula / Marino Pinto)
Toada do bumbo (Catulo de Paula / Hermenegildo Francisco)
Tua carta (Catulo de Paula / Fernando Lopes)
Um pequeno nada (Catulo de Paula / Antônio Carlos de Souza e Silva)
Vai comendo Raimundo (Catulo de Paula / Amado Régis)
Vamos cantar (Catulo de Paula / Gabriel Pessanha)
Varinha de condão (Catulo de Paula / Fernando Lopes)
Vida ruim
Zabumbô, zabumbá
Zé da Paraíba (Catulo de Paula / M. Araújo)
Zé Piedade
FONTE: Dicionário Cravo Albim de Música Brasileira.

Mais uma curiosidade sobre Catulo de Paula

'Mourão', de César Guerra-Peixe.
O motivo melódico da peça 'Mourão' foi pela criado por Guerra-Peixe no Recife, em 1951, para servir como música de fundo num programa radiofônico que contava as estórias de Lampião e seus cangaceiros. Alguns anos mais tarde, residindo em São Paulo, Guerra-Peixe regravou o tema em um disco LP da Copacabana, intitulado Festa de ritmos, adaptando ao tema alguns versos e chamou a música 'De viola e Rabeca', interpretada por Catulo de Paula, um cantor do Ceará que vivia em São Paulo. Com a criação do Movimento Musical Armorial, o teatrólogo Ariano Suassuna, conhecendo a peça 'De viola e Rabeca', solicitou a Guerra-Peixe autorização para que Clóvis Pereira transformasse a música gravada por Catulo de Paula em uma peça para a orquestra Armorial de Câmara de Pernambuco.

Pesquei no ETC, Coisa &Tal o açude do meu amigo Barros Alves

*Obrigado ao Arievaldo Viana pela correção e indicação de link da imagem, pois haviamos postado a foto de outro célebre Catulo, o da Paixão Cearense. 

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Opinião

O Ciclo do Cangaço não é só Violência 

Por: Aderbal Nogueira 

Companheiros estamos de volta! 
E pra abrir em definitivo mais um ano de informações, divulgações, divagações, aglutinações, provocações etc transcrevemos mais um de inúmeros excelentes artigos lá do blog do Cariri Cangaço. Onde o confrade Aderbal Nogueira compartilha conosco as impressões de seu diário de viagens que lhe proporcionaram encontros históricos.
 
Em viagem recente com o amigo Severo ao Rio Grande do Norte, comentei com o colega Honório sobre um modesto trabalho que estou escrevendo, falando de depoimentos que me foram prestados por algumas pessoas ligadas ao cangaço e que para mim tem um enorme significado, pois faz parte do mais puro sentimento que as pessoas carregam consigo mesmas, mesmo sem perceberem. Tratam de coisas simples, sem importância para a longa e dura história do cangaço, mas que com certeza deixou marcas em quem as viveu, pois apesar de tudo não as esqueceram, mesmo tanto tempo depois. Vou narrar algumas para que os amigos que têm uma sensibilidade maior possam entender porque isso me marcou tanto.

Em uma viagem com Sila, na época em que estava fazendo o vídeo sobre a sua vida, em uma determinada estrada no sertão pernambucano, numa época de seca terrível, isso no lusco-fusco do fim de tarde, naquele horário em que o sol está se pondo e cai uma tristeza terrível com a noite que vai chegando no sertão, vinha eu dirigindo e ao olhar para o lado, Sila estava chorando. Perguntei o que ela tinha e ela não respondeu. Tornei a perguntar, aí ela disse: "- Aderbal, essa hora da tarde é a hora mais triste de minha vida, pois quando eu tava no mato acompanhada de Zé Sereno eu só pensava quando é que eu ia ver minha família de novo, se ainda ia tornar a vê-los, pensava quando era que eu ia comer feijão, arroz e tudo o mais que eu tinha antes, e pensava também se eu ia estar viva no dia seguinte." Vejam o que se passava na cabeça daquela menina de 13 anos. Coisas simplórias, comer arroz, comer feijão; somente quem viveu aquilo pode saber o significado daqueles desejos.

De outra feita vi o valor que um simples chapéu tinha para o homem nordestino. Ao gravar com o Tenente Pompeu Aristides de Moura, aquele que foi um dos responsáveis pela morte de Virgínio, cunhado de Lampião, ele me narrou o fato que em um tiroteio ele levou um açoite de bala que atirou longe o seu chapéu. Ele olhou para mim com uma cara de espanto e disse:
"- Nessa hora do tiroteio fugiu todos os companheiros, mas como era que eu ia fugir e ainda deixar o meu chapéu? O que é que os cangaceiros iam dizer de mim? Fugiu e ainda deixou o chapéu? Não, eu não podia deixar meu chapéu, pois eu pulei e o agarrei." Ou seja, fugiu, mas fugiu com honra levando o seu chapéu.
Em outra oportunidade eu e o amigo Paulo Gastão estávamos a entrevistar o Senhor Francisco Rodrigues, um dos defensores de Piranhas no famigerado ataque de Gato àquela cidade para resgatar Inacinha. Quando Seu Chiquinho Rodrigues, ao narrar-nos o grande tiroteio, de repente para e diz: "- Olhe, foi a primeira vez que eu vi um homem sem chapéu, um rico senhor da cidade passou por mim sem chapéu, correndo para a margem do Rio São Francisco." Mais uma prova da importância do chapéu para o homem sertanejo daquela época, pois Seu Chiquinho ter parado o relato de um forte tiroteio para falar de um fato tão inusitado é porque aquilo o marcou muito.

Pois é, esse trabalho vai contar, entre outras coisas, de relatos como esses e muitos outros mais. Vai ser um trabalho sem a mínima pretensão, a começar que não vai ter fontes bibliográficas, pois todo ele será feito em cima de depoimentos gravados por mim ao longo de algum tempo. Espero também, quem sabe, colocar um dia todos eles em DVD's para que todos possam ver e ouvir os fatos narrados pelos próprios. Talvez não interesse a muita gente esse tipo de relato, mas se ao menos um companheiro gostar, já estarei satisfeito.

Abraços a todos que fazem parte do Cariri Cangaço. O cangaço não é só violência.

Aderbal Nogueira
Documentarista, Fortaleza,CE


Beba no açude do Coroné Severo e não deixe de comentar: Cariri Cangaço

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Neo Cangaço?

Quadrilhas agem como cangaceiros para roubar cidades 
Bandidos escolhem cidades com cerca de 20 mil habitantes e segurança frágil.

Em Pedra Branca, sertão do Ceará, nesta semana, bandidos armados com fuzis tomaram as ruas, fizeram reféns e assaltaram dois bancos ao mesmo tempo.

“Eu nunca tinha visto nem arma, o tanto que eu vi”, comenta um morador.

As cenas têm se repetido em pequenas cidades do interior e lembram os tempos de Lampião, o rei do cangaço. O Fantástico investiga: quem são esses novos cangaceiros?

Só esta semana, além do assalto em Pedra Branca, os novos cangaceiros atacaram em Canarana (MT) e Santa Bárbara (BA). São várias quadrilhas que atuam da mesma forma. Escolhem cidades com cerca de 20 mil habitantes e segurança frágil. Chegam com artilharia pesada, capaz de derrubar até um avião. A polícia não tem como reagir.
“Geralmente, o armamento é terceirizado de outras quadrilhas, e eles atuam de uma forma muito bem coordenada”, aponta o sociólogo da UNB Antônio Flávio Testa.
O sociólogo compara a tática de cercar e saquear cidades do interior com a ação dos antigos cangaceiros, liderados por Virgulino Ferreira da Silva, o famoso Lampião. Nas décadas de 20 e 30, Lampião e seu bando eram rebeldes com motivações políticas, mas que também roubavam, matavam e violentavam mulheres.
“Eles levavam de fato o terrorismo”, confirma Testa.
Os cangaceiros do século 21 também espalham o medo. Nova Mutum (MT) viveu um dia de pânico em fevereiro do ano passado, como mostrou a reportagem do Fantástico. Cerca de 60 pessoas que estavam no banco foram usadas como escudo humano. É mais uma característica desse tipo de assalto.

“As ações desse grupo causam um grande trauma às localidades em que atuam”, diz o procurador de Justiça de Minas Gerais André Ubaldino.

Fomos a Pedra Branca, município a 260 quilômetros de Fortaleza. Os assaltantes praticamente fecharam a cidade durante uma hora. Ninguém entrava e ninguém saía. O comércio teve que baixar as portas.

Terça-feira passada era dia de pagamento. Os bancos estavam lotados. Imagens de um cinegrafista amador mostram um dos 15 assaltantes, de capuz e fuzil, cercado de reféns. Enquanto a agência era roubada e as pessoas mantidas reféns, parte da quadrilha agia na mesma rua, a poucos metros dali. Os ladrões roubaram os dois bancos da cidade ao mesmo tempo.

Ao todo, 19 pessoas ficaram sob a mira dos bandidos, como reféns. A professora Eliane de Abreu foi uma delas:  
“Eles já entraram anunciando o assalto, que todo mundo deitasse no chão. Eu lembrava primeiro de Deus e depois da minha filha”, conta Eliane.
Foram mais de 50 tiros, dizem os moradores.

Pedra Branca só tem nove policiais, somando civis e militares. Ninguém quis dar entrevista.
“A polícia não tem arma para lutar com uns bandidos daqueles”, destaca o aposentado Chico Miguel.
As quadrilhas têm usado nos assaltos metralhadoras e fuzis .50, que entrariam pela Bolívia e pelo Paraguai. Foi uma arma do mesmo calibre que derrubou o helicóptero da Polícia Militar no Rio de Janeiro, há três meses.

Cláudio Alves da Costa, preso mês passado, é um dos novos cangaceiros suspeitos de trazer esse tipo de armamento. Com tamanho poder de fogo, eles também estão se especializando em outro tipo de ataque.
“Em nossas investigações, em conjunto com a Polícia Civil e o Ministério Público de Minas Gerais, ficou evidenciado que quadrilheiros atuam no roubo aos carros-fortes”, avisa o delegado Wanderson da Silva.
Minas Gerais já prendeu 52 cangaceiros nos últimos cinco anos. Entre eles, João Ferreira Lima. Com frieza, o bandido revela como atirava em carros-fortes:  
“Primeiro dá um tiro no motor, na frente do motor, e fura o motor para ele parar. Depois você mira e dá no canto do vidro. Não mira no meio do vidro, porque quando você mira no meio do vidro pega no peito do motorista. Então, você dá em cima para ele saber que perfurou, para ele ter a ciência que perfurou. Enquanto para, aí o pessoal desce, vai lá e manda abrir”.
A polícia prendeu João Ferreira Lima em fevereiro passado, em Tocantins. No carro, uma metralhadora antiaérea e munição. Ele planejava roubar uma tonelada de ouro na Venezuela. Foi condenado a 113 anos de prisão por roubo, sequestro e assassinato.

Em 2009, os novos cangaceiros agiram em 11 estados, principalmente no Maranhão, e roubaram pelo menos R$ 5 milhões.
“Eles crescem porque o mercado é potencialmente muito rico”, afirma o sociólogo Antônio Flávio Testa.
Em Pedra Branca, os criminosos levaram cerca de R$ 500 mil, de acordo com a polícia. Duas pessoas ficaram feridas e dois suspeitos foram presos. Os aposentados estão desde terça-feira sem receber o dinheiro do mês. As agências só reabrem nesta segunda-feira.
“Eu moro a 49 quilômetros e agora eu fico parado aqui, até segunda-feira. Sei nem se tem segunda-feira, né?”, reclama o aposentado Evaristo Pereira.
A paz da cidade de 42 mil habitantes deu lugar ao medo.
“Estou assustada com tudo, tomando remédio. Tão cedo não vou ao banco. Não sei se eu tenho coragem”, diz a professora de educação física Eliane de Abreu.

Matéria do programa Fantástico no ultimo domingo (Foto: reprodução TV Jangadeiro)
Assista ao vídeo no site do Programa Clicando Aqui